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Mostrando postagens de 2009

Roberto Carlos do Brasil

A piada é batida, mas sempre cai bem. Dizem que há três coisas certas em nossas vidas: a morte, o pagamento de impostos e o especial de final de ano do Roberto Carlos na Globo. Pois bem. Cantarolei baixinho 11 das 15 músicas interpretadas pelo Rei nesta sexta-feira. Ao escrever essa última frase não sei se sinto orgulho ou vergonha, tal qual acontece quase sempre que penso no quanto gosto da obra do Robertão. Roberto é musicalmente limitado, mas canta pra cacete. A maioria de suas letras (mesmo na fase áurea) é extremamente simples, mas nem por isso deixam de ser bacanas – sendo que algumas, por mais paradoxal que possa parecer, chegam a beirar a genialidade. Sua religiosidade e manias me irritam, mas o que eu tenho a ver com isso? Como é possível ouvir "Detalhes" pela 5432ª vez e mesmo assim parar pra prestar um pouco mais de atenção em determinado verso? Como é possível ter na memória cada acordezinho de "Emoções", se ela não está nem entre as mnhas 30 favoritas d

Racismo, imprensa, história

Duas recente conversas – uma sobre racismo, outra sobre desigualdade – me remeteram a um arquivo muito bacana que circulou pela internet há alguns anos. Faço questão de colá-lo aqui pela excelente sacada, embora não saiba exatamente quem é seu autor. Em tempos nos quais jornalistas metidos a intelectuais tentam enfiam goela abaixo a ideia de que "não somos racistas", nunca é demais lembrar um pouquino da recente história do Brasil pra entender um pouco do que acontece ao nosso redor.

Lula x Collor: 20 anos

Dá até um nó na garganta lembrar que hoje se completam exatos 20 anos da eleição mais importante da recente história do Brasil. Talvez as vitórias de Fernando Henrique e Lula, em 1994 e 2002, respectivamente, serão lembradas no futuro como fatos mais significativos, mas a esta altura do campeonato - e por tudo que cerca a disputa de 1989 - eu ainda fico com a vitória de Collor como a mais importante. Um texto escrito por aqui há exatamento um ano mostra que a data, em minha memória afetiva, não traz boas recordações. E, por mais contraditório que possa parecer, creio que a vitória de Collor foi algo benéfico para o Brasil, diante das circunstâncias daquele segundo turno. A vitória de Lula teria sido uma catástrofe - e quem escreve isso é um defensor do atual governo e da maior parte das decisões tomadas pelo presidente ao longo de seu mandato. Eleito em 1989, Lula faria com que toda e qualquer futura candidatura de esquerda se tornasse fadada ao fracasso até o século 22 no Brasil, ta

Sobre djavanês e regravações infelizes

Ontem ao ver um trecho do sempre bacana "Sr Brasil", com Rolando Boldrin, lembrei do velho texto "O homem que sabia djavanês", cujo autor nunca descobri. Pra quem não conhece, aí vai. Depois eu concluo o post. O homem que sabia djavanês Eu tinha chegado fazia pouco ao Rio de Janeiro e estava literalmente na miséria. Vivia fugindo de casa de pensão em casa de pensão, sem saber onde e como ganhar dinheiro. Até que um dia, lendo "O Globo", deparei com este anúncio: "Precisa-se de um professor de djavanês". A audição das músicas de DJ Avan sempre provocou em mim puro mal- estar físico. Mas, enfim, precisava de grana e decidi fazer o possível para vencê-lo. Naquela semana, fui a todos os barezinhos com música ao vivo da idade. Perdi a conta de quantas vezes escutei "e o meu jardim da vida ressecou, morreu" ou "amar é um deserto e seus temores". Foram sete dias de tortura; contudo, saí deles com o djavanês na ponta da língua. Em vez

Um bom exemplo de onde menos se espera

Leio no blog do Cosme Rímoli os bastidores da contratação do novo técnico do Vasco, Vagner Mancini. Segundo o repórter, um dos nomes cogitados a assumir o cargo era o ex-zagueiro e ex-diretor do Corinthians Antônio Carlos, que teria sido vetado por uma das torcidas organizadas do clube. Em geral fico puto com esse tipo de ingerência e poder atribuído a um bando de vândalos. Mas eis que agora os caras mandaram muito bem. O movivo alegado? O Vasco não pode ter um racista em seu comando. Sim, se valeram da história gloriosa do Vasco, o primeiro grande clube brasileiro a aceitar, ainda na década de 20, que negros vestissem sua camisa. E não se esqueceram do lamentável episódio em que Antônio Carlos, em final de carreira, jogando pelo Juventude, foi flagrado fazendo um gesto racista contra o volante Jeovânio, à época no Grêmio. Segundo a reportagem, Antônio Carlos já estava se preparando para mudar com sua familia ao Rio de Janeiro. Contra racistas é preciso pegar pesado mesmo. Que outros c

Sobre educar e deseducar

I Volto novamente a "Infância", pequena obra prima de Graciliano Ramos: "A professora tinha mãe e filha. A filha [...] nos ensinava as lições, mas nos ensinava de tal forma que percebemos nela tanta ignorância como em nós". II Insisto com o mesmo livro, me valendo, agora, de um trecho mais longo: "Ora, uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim. [...] Espantado, entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei à sala de jantar. Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci engulhando, com a vaga esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite extraordinária. Meu pai determinou que eu iniciasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando linhas e repisando linhas, alcancei o o fim da página, sem ouvir gritos. Parei surpreendido

Sobre aids, banho, culturas diferentes e ufanismo

Dia desses, num papo bem tonto com fundamento sério, falava com um amigo sobre a probabilidade de conhecer alguma moçoila portadora do HIV e ter um caso com dita cuja. A conversa surgiu logo depois da publicação de duas pesquisas: uma falando sobre a quantidade de pessoas com aids no mundo; a outra sobre o mesmo assunto, mas apenas no Brasil. A parte tonta do papo veio da "conclusão" de que é preciso ser miseravelmente azarado para sair com alguma HIV positivo e contrair o vírus - segundo a pesquisa, há cerca de 34 milhões de pessoas infectadas no mundo, cerca de 500 mil no Brasil. Levando-se em conta que há umas 6 bilhões de pessoas nos cinco continentes e 200 milhões por aqui, os matemáticos podem finalizar a conta, algo que a cerveja não permitiu que concluíssemos. Enfim, toda essa enrolação tonta é pra chegar nuns números realmente alarmantes, vistos numa matéria da CartaCapital desta semana, sobre o descontrole da aids na África do Sul, sede da próxima Copa do Mundo. Va

Irresponsável, hipócrita, vendilhão

A cada semana ganho um novo argumento contrário a relgiosos e suas religiões, quaisquer sejam elas. A bola da vez é o imortal padre Marcelo Rossi, aquele que, quando todos imaginam estar recluso a seus deveres sacerdotais, reaparece erguendo as mãos ou, o que é pior, falando asneiras. São Paulo, Palmeiras, Santos e Corinthians se uniram em torno de uma marca, o G4, com a finalidade de aproveitar, de maneira mais eficaz, o potencial de marketing dessas quatro marcas. A Kaiser é a primeira das empresas a dispor de alguma bufunfa, em troca de certa visibilidade já no Campeonato Paulista deste ano. Junto dessa turma toda, eis que aparece Marcelo Rossi, fazendo sei-lá-o-quê! Até aí, a besteira era só visual. Os quatro clubes, preocupados em agradar o patrocinador, defenderam a volta da venda de cerveja nos estádios de futebol. Em seguida, algum bendito repórter decidiu perguntar a opinião do padre sobre o tema. Aí veio a pérola: "As bebidas fermentadas são toleradas pela igreja. O prob

Bom dia... aqui é o apartamento do presidente?

Leio no blog do Lauro Jardim que Lula andava puto da vida com a qualidade de transmissão de sua TV por assinatura, tanto em São Bernardo quanto no Palácio do Planalto. Nos dois casos, a empresa responsável pelo sinal é a Sky. Como já era de se esperar, a Sky tratou de resolver o problema da melhor e mais rápida forma possível, tal a importância de seu cliente. Por um segundo, no entanto, fiquei pensando aqui como se daria o processo de envio de um técnico para atender ao presidente. Pense no gerente que escolhe os técnicos que vão à casa de Lula em S. Bernardo. E se alguma coisa dá errado? Talvez fosse melhor ir pessoalmente? Optaria pelo "funcionário do mês" pra não dar margem alguma eventual cagada?

O futebol e a relação pai-e-filho

O sábio Renato Torelli costuma ser enfático: "O filho que não torce para o mesmo time que o pai provavelmente teve algum tipo de lacuna em sua criação". Descontados os pais que torcem para a Portuguesa, a frase do velho Torellão costuma ser verdadeira. Admito até ter um pouco de receio de deixar de gostar de futebol depois que Damasceno-Pai se for, já que há algum tempo o esporte por si só não apresenta grandes atrativos - pelo contrário até. Fiquei pensando nisso ao ler a respeito de um novo livro que estará nas melhores livrarias esta semana: "Os dez mais do São Paulo", do jornalista Arnaldo Ribeiro. A ideia é relativamente simples: ele fez uma enquete com um bocado de são-paulinos ilustres, de diferentes faixas etárias, e a partir daí fez seu top 10. Eis os escolhidos, pela ordem de votação: 1. Raí 2. Rogério Ceni 3. Canhoteiro 4. Pedro Rocha 5. Careca 6. Roberto Dias 7. Leônidas da Silva 8. Darío Pereyra 9. Serginho Chulapa 10. Bauer Dos dez, infelizmen

Outro país dentro do Brasil

Ontem, num papo como sempre bacana com o velho amigo Hudsão, em determinado momento, falando sobre viver numa espécie de ilha chamada São Paulo, ele citou uma reportagem sobre a construção da primeira escada rolante da cidade de Porto Velho. Isso mesmo. Pode reler o parágrafo acima e ver se não há nada muito bisonho. Em tempo: Porto Velho é uma das 26 capitais de estado brasileiras. No caso, de Rondônia. A primeira escada veio com a inauguração do primeiro shopping center da cidade, no final de 2008. A obra é fruto do desenvolvimento que vem chegando à região no embalo da construção da usina do Rio Madeira. Até três anos atrás, Porto Velho tinha apenas cinco prédios com mais de cinco andares. Segundo reportagem da IstoÉ Dinheiro , a capital de Rondônia tem pouco menos de 400 mil habitantes. A prefeitura espera que, devido às obras da usina, mais 20 mil pessoas migrem para a cidade nos próximos meses. E, com elas, novas escadas rolantes...

"Vesti azul.... minha sorte então mudou"

A primeira vez que ouvi falar em Wilson Simonal foi no colégio - se não me engano, numa aula da Tia Idair, na quarta série. Por algum motivo, ela havia citado "Meu limão, meu limoeiro" e ninguém da classe sabia do que se tratava. Estupefata, ela cantarolou "... uma vez skindô lelê, outra vez skindô lalá" e tentou fazer algo no estilo que o "rei da pilantragem" costumamava aprontar com suas plateias . E deu certo. Dia desses fui ver "Simonal - Ninguém sabe o duro que eu dei", documentário muito bem feito sobre a carreira do sensacional cantor, com ênfase, claro, na eterna dúvida que o cercou desde os anos 70 até sua morte, em 2000: Simonal foi um dedo-duro dos militares durante a ditadura ou não? Pra quem não sabe do que se trata, um resumo curto e grosso: Simonal competia com Robertão na virada dos 60 para os 70 como o cantor mais popular do Brasil. Um belo dia, seu nome aparece nos jornais como delator de companheiros de profissão, alguém a serv

Terteão

"A preguiça é a chave da pobreza – Quem não ouve conselhos raras vezes acerta – Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém". Esse Terteão para mim era um homem, e não pude saber que fazia ele na página final da carta. As outras folhas se desprendiam, restavam-me as linhas em negrita, resumo da ciência anunciada por meu pai. – Mocinha, que é o Terteão? Mocinha estranhou a pergunta. Não havia pensado que Terteão fosse homem. Talvez fosse. "Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém". – Mocinha, que quer dizer isso? Mocinha confessou honestamente que não conhecia Terteão. E eu fiquei triste, remoendo a promessa de meu pai, aguardando novas decepções. "Infância" - Graciliano Ramos

Os compatriotas de Woody Allen

Estava em algum site por aí hoje: O diretor americano Woody Allen considera que a maioria de seus compatriotas são gordos e sexualmente complexados. "Tudo ali é expressão do medo e da repressão sexual: a loucura religiosa, o fanatismo pelas armas, a extrema-direita louca. Eles têm uma visão da sexualidade marcada por duvidosas leis morais", afirma Allen, em entrevista antecipada hoje pelo jornal "Die Zeit". O diretor de "Vicky Cristina Barcelona" considera que o sexo é utilizado nos Estados Unidos "como uma arma dramática, assim como a violência" e que as muitas cenas de sexo nos filmes produzidos em seu país são "simplesmente entediantes".

Amar é...

Mulher feliz lava a louça. Ou cozinha com gosto. Certeza absoluta! Por mais de um mês, na casa em que eu morava, em Pender Island, viviam somente seres do sexo masculino: dois caras muçulmanos no andar de baixo; eu e mais dois no andar de cima, felizmente num espaço com três quartos. Cada parte da casa tinha sua cozinha. No primeiro andar, um brinco; no outro, uma tragédia. Lá pros idos de maio, cada um dos moradores da parte de cima da casa tinha uma namorada ou alguém em situação equivalente. O primeiro a convidar a parceira para pernoitar foi, digamos, o cidadão número 1. Pela manhã, ao sair pra trabalhar, um dos moradores da casa viu a namorada1 procurando algo na cozinha - mas não foi isso o que chamou sua atenção. Sim, senhoras e senhores, tudo estava limpo, faltava apenas guardar uns talheres. Passaram-se alguns dias e foi a vez do cidadão número 2 ter uma convidada. Batata! Quando voltei do trabalho a louça estava novamente perfeita, enquanto a moça terminava de ler uma revista

Meio intelectual, meio de esquerda

O texto abaixo é uma pérola que já roda há internet há um bocado de tempo. Surgiu num papo dia desses e deu vontade de publicá-lo por aqui. Bar ruim é lindo, bicho! Por Antonio Prata Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem). No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história. Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura. – Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa

Esgoto nas páginas da Folha

O texto abaixo é a melhor síntese que li nos últimos tempos sobre o papel vergonhoso que a Folha de S.Paulo vem se propondo a fazer nos últimos meses (ou anos, dependendo do enfoque). Copio-o do blog de seu autor, o jornalista Rodrigo Vianna - e, obviamente, recomendo também a leitura dos outros textos de sua página, muito bem batizada com o nome de "Escrevinhador". Rodrigo se vale do recente "escândalo" produzido nas páginas do jornal, no qual Lula virou estuprador. Depois de chamar a ditadura de "ditabranda", de publicar uma ficha policial comprovadamente falsa de Dilma Rousseff e de seguir escondendo o apoio (inclusive logístico) dado aos militares, a Folha apelou de vez, bateu abaixo da cintura, perdeu completamente os limites ao publicar um artigo com tamanha desfaçatez. O texto é longo, mas merece ser lido e relido. É só clicar aqui.

Ah, então essa é a "Patches"!

Sempre gostei de "Marvin", dos Titãs. Um dia, ainda pirralho, vi que nos discos da banda, ao lado do título dessa canção, sempre havia um parênteses com o nome de "Patches". Sem internet na época, demorou pra eu saber que se tratava de uma versão. E demorou mais ainda pra ouvir a original. Pois bem: são duas as gravações conhecidas de "Patches". As duas gravações são dos anos 70. A primeira foi feita por um grupo chamado Chairmen of the Board ; a segunda por Clarence Carter, um negão cego com uma puta voz. Como até mesmo poucos de meus amigos que manjam de música já puderam ouvir alguma delas, segue abaixo minha preferida: E a letra também: I was born and raised down in Alabama On a farm way back up in the woods I was so ragged that folks used to call me Patches Papa used to tease me about it 'Cause deep down inside he was hurt 'Cause he'd done all he could My papa was a great old man I can see him with a shovel in his hands, see Education he

"Don't sto..."

Quando li o post anterior, sobre "Top Model", algo bem estúpido veio à cabeça: por que raios escrevi um texto desse tamanho se a ideia inicial era só fazer uma referência à novela? A resposta foi um clarão, um deserto, um vazio medonho. Não é a primeira vez que isso acontece, mas xapralá. No ônibus, voltando de uma entrevista, lembrei o que motivara o texto anterior. Como explicar sem parecer uma viagem daquelas bem nada a ver? Bem... revi semana passada o último episódio de "Sopranos" (no Brasil, "Família Soprano") e achei engraçado lembrar qual foi minha reação, há uns quatro meses, quando finalmente cheguei ao final da série. Queixo caído, estupefação, hipnose, um pouco de desespero, olhos arregalados, enfim... qualquer sinônimo que o valha. E o que isso tem a ver com "Top Model"? A relação instantânea aconteceu porque desde a tal novela eu não me lembrava de qualquer final de série, programa televisivo, final de campeonato ou atração midiátic

"Tudo vai passar, você vai veeeeeer"

Corria o final do ano de 1989 e toda a primeira metade de 1990. Collor havia sido eleito, o muro já havia caído, a Copa do Mundo na Itália estava chegando... mas, durante o início das noites entre segunda-feira até sábado, era impossível achar nas ruas da Vila Sônia algum amiguinho ou amiguinha pra brincar. Provavelmente era um fenômeno nacional, já que entre setembro de 89 e maio de 90 a Globo levava ao ar seis vezes por semana "Top Model", novela-símbolo da molecadinha da minha geração, ao lado de "Carrossel". Rolava uma espécie de código de ética durante aqueles meses: todos sabiam que até mesmo os fortões da rua ou do colégio assistiam à novela, mas pobre daquele que admitisse isso. "Top Model" era coisa de mulherzinha, assunto que só as meninas poderiam conversar no dia seguinte. Com "Carrossel", poucos anos depois, aconteceria algo parecido, mas com a diferença de que as travessuras de Jaime Palilo e as malvadezas de Maria Joaquina eram coi

"O provocador"

E eis que o velho Fabio Bertolozzi, colega dos tempos de faculdade, manda um e-mail chamando a atenção para o novo blog do R7: "O provocador" , alimentado desde o último domingo pelo velho conhecido Marco Antônio Araújo, professor de Jornalismo Opinativo no segundo ano da Cásper Líbero e protagonista da maior celeuma estudantil já vista no prédio de número 900 da Avenida Paulista - a celeuma em si pode ser tema de outro texto. Goste-se ou não do homem, o título do blog vem bem a calhar. Suas opiniões e seu comportamento como professor ou coordenador do curso de Jornalismo sempre tinham um caráter à la Fla-Flu entre os alunos. E, por seu estilo nunca ter-me despertado qualquer tipo de fascínio ou curiosidade, seus textos sempre passaram despercebidos. Pois bem: li os oito posts publicados até o momento no novo blog e gostei bastante de todos, mesmo quando discordo completamente de seu ponto de vista. Não sei se é pelo ateísmo, pelas preferências políticas canhotas ou simplesme

Faça humor, não faça guerra

Diz a filosofia popular que o futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes da vida. Sem querer parar mais de dez segundos pra pensar nisso, concordo e pronto. Mas pensando nessa bela máxima e no jornalismo brasileiro (ou paulista, pra ser mais específico), há tempos eu me sentia incomodado com a pompa exagerada ou a tosquice desprovida de qualquer bom senso dos programas esportivos disponíveis nas emissoras de TV abertas e por assinatura. Se em canais como a Gazeta, a RedeTV e a Bandeirantes imperam o assassinato da língua portuguesa, o bairrismo, preconceitos da década de 40 e o merchan completamente fora de lugar, nas principais opções da TV paga (ESPN e SporTV) o que se vê todas as semanas são uma pompa e um pedantismo lamentáveis. "Estarão discutindo as raízes do preconceito racial no Brasil ou possíveis soluções para a cura do câncer?", perguntaria o zapeador desacostumado aos debates extramente sérios sobre a porrada do Obina ou a suspensão do Dagoberto.

A culpa é do twitter!

Sim, José Saramago estava certo: cento e quarenta caracteres é a prova de que o ser humano caminha para o grunhido. E de grunhidos quero distância - basta minha quase-língua presa e meus diálogos indecifráveis comigo mesmo durante o sono. Pensei que me contentaria apenas twittando, mas eis que, tal qual um Jason (ah!, como o hepta está perto...), um Rocky Balboa, um Forrest Griffin (ando vendo mais lutas de UFC do que deveria...) ou o amor de Florentino Ariza por Fermina Daza, este blog continua firme e teimando em manter seus quatro ou cinco leitores. Na última pausa, Já reparou? permaneceu desatualizado por quase um ano. Agora o intervalo foi de um pouco mais de dois meses. Desta vez a empapuçada foi mais curta.

EUA de novo

E eis que apos exatos seis meses em terras canadenses, paro por uns tempos em Los Angeles. Uma semana antes, um giro de cinco dias pelas Montanhas Rochosas, lugar impressionante na divisa entre os estados de Alberta e Columbia Britanica. Pois bem. Ingles melhor, trocentas boas historias na bagagem, um troco no bolso e saudade de casa... 39 dias agora pela Costa Oeste estadunidense, tendo como porto seguro a casa do boa e velha amiga Purga, em LA. Ainda no Canada, a primeira impressao curiosa sobre visitar os EUA de novo: apos o check-in e uma passagem pelo free shop, eia que surge no aeroporto de Vancouver o cartaz de "Welcome to USA", com funcionarios norte-americanos e tudo mais. Na chegada em LA, nada de fiscalizacao ou enchecao de saco na imigracao. A segunda impressao: todo mundo minimamente informado sabe da importancia e da presenca macica dos latino-americanos na California. Apos duas noites em LA, contudo, ainda nao acredito o quao grande e poderoso eh essa particip

Sabias aspas

Jose Saramago, sobre o Twitter: "140 caracteres refletem a tendencia para o monossilabo. Estamos caminhando para o grunhido". Santo Agostinho, sobre viajar: "O mundo é um livro e aquele que nao viaja so le a primeira pagina".

Juca Kfouri, futebol, Deus

Pausa nos textos sobre o Canada para reproduzir a coluna de hoje do Juca Kfouri na Folha. Deixem Jesus em paz MEU PAI, na primeira vez em que me ouviu dizer que eu era ateu, me disse para mudar o discurso e dizer que eu era agnóstico: "Você não tem cultura para se dizer ateu", sentenciou. Confesso que fiquei meio sem entender. Até que, nem faz muito tempo, pude ler "Em que Creem os que Não Creem", uma troca de cartas entre Umberto Eco e o cardeal Martini, de Milão, livro editado no Brasil pela editora Record. De fato, o velho tinha razão, motivo pelo qual, ele mesmo, incomparavelmente mais culto, se dissesse agnóstico, embora fosse ateu. Pois o embate entre Eco e Martini, principalmente pelos argumentos do brilhante cardeal milanês, não é coisa para qualquer um, tamanha a profundidade filosófica e teológica do religioso. Dele entendi, se tanto, uns 10%. E olhe lá. Eco, não menos brilhante, é mais fácil de entender em seu ateísmo. Até então, me bastava com o pensador

Brazilian music? Portuguese? Yeah!

Passam-se as semanas em terras canadenses e vira-e-mexe aparece um papo interessante sobre musica. E quase sempre descamba pras coisas boas que o Brasil tem a oferecer. Incrivel como nomes tao diferentes como Tom Jobim, Mutantes, Skank, Gal Costa e Olodum sirvam de estopim pra deliciosas conversas. Inicialmente, minha impressao sobre o sucesso da musica brasileira em varios cantos do mundo se limitava 'a sonoridade de nossas cancoes - sejam refinadas melodias bossanovistas, sambas de Carmem Miranda ou batuques da Bahia. Depois de um tempo por aqui, comeco a desconfiar de outros motivos. Explico com um breve parentese. No hotel aqui em Pender trabalham alguns brasileiros. Todos homens, todos falam mais palavroes em portugues do que deveriam. Devido a essa convivencia, um monte de gringos vem repetindo expressoes como "do caralho!", "bicha louca", "de foder", "buceta!!" e por ai vai. Um desses caras, o Jordan (um canadenses de Ontario), tem se

Reading

"Newsweek" de duas semanas atras. Alguns motivos pra ficar preocupado: "Crummy job" "He's a menace!" "Read at your peril!" "A lot of bragging lately" "... is finally shifiting away" "Finally to start to grapple with".

Speaking

Refeitorio do resort. Ricardo e eu falando em portugues. Meagan (canadense) esta por perto. Uma das mocas da recepcao avisa pelo radio que o hospede do quarto 308 precisa de 8 travesseiros. Ricardo: "Meagan, quantos travesseiros voce precisa para dormir?" Meagan: "Na realidade, nenhum. So preciso de um baseado pra dormir tranquila". Silencio... Ingenuo, pergunto: "Qual a relacao entre travesseiros e maconha"? Meagan: "Ahhhhhh! Ele disse 'pillows'. Eu entendi 'pills'".

Viados e veados

Pender Island tem camaradas como o da foto ao lado por todos os cantos. Apesar de inofensivos, vira-e-mexe eles nos dao uns sustos, por aparecerem do nada, sem fazer barulho, em lugares as vezes inusitados, como na janela do banheiro. Na primeira semana na ilha, ouvi um papo de que, alem de refugio para aposentados, Pender tambem ja foi conhecida como porto seguro para gays, com direito a campanha na internet e coisa e tal. Pender eh cortada por um tipo de estrada que liga as ilhas do Norte e do Sul. Nesta semana um deer (como os tais bichanos sao chamados em ingles) foi atropelado. Desde entao, os motoristas do hotel tem dirigido na ponta dos dedos com medo de novas vitimas. Sempre alguem lembra de como "Bambi" eh traumatizante... Nessa mesma estrada rolam as famosas caronas em Pender, ja citadas neste blog. Ja perdi a conta de quantas vezes apelei pra gentileza dos "locals" pra ir ao mercado, jogar futebol ou visitar algum colega. Raras as ocasioes em que alguma

Quase...

Hoje tive certeza por algumas horas de que se faz boa cerveja no Canada. Ledo engano. Ha uns dois meses, ainda em Vancouver, num papo sobre bebidas ao redor do mundo, o professor de gramatica disse que a melhor cerveja feita em territorio canadense se chamava Innis & Gunn. Salvei o nome em algum canto do meu cerebro, procurei numas tres lojas de bebida, mas nada... ja tinha ate esquecido da dita-cuja, ate me deparar com a bendita justamente aqui em Pender. Paguei salgados 3,48 dolares pela long neck e deixei a garrafa gelando para o jantar. Logo no primeiro gole veio um sabor bom pra caramba, alem de um cheiro que lembrava um pouco whisky. "Vou contar pra todo mundo que no Canada tem, sim, boa cerveja!", pensei, ingenuo, lembrando de marcas como Alexander, Molson e outras que parecem ter mel ao inves de cevada. Eis que, curioso, entro no site da tal Innis & Gunn pra descobrir em que parte do Canada esta sua fabrica. Geografia nao eh meu forte, mas Edimburgo fica na Es

Vende-se salada

Essa eu vi ha dois dias em Pender, durante umas pedaladas ao redor da ilha. Na beira da estrada, o cartaz ao lado, falando sobre a venda de "fantasticas saladas". Tanto na ida quanto na volta nao vi ninguem vendendo as tais verduras. Curioso, parei a bike e fiquei procurando o possivel vendedor. E nada... Com receio de ser vitima de alguma pegadinha, resolvi abrir a caixa termica da foto. 'A direita, tres saquinhos com alface e outras "saladas fantasticas" que nao soube identificar. Acima, grudada na parte interna da tampa, uma folha com as instrucoes: 5 dolares o saquinho, basta deixar o dinheiro na caixinha de madeira. 'A esquerda a tal caixinha, com ao menos uns 40 dolares dentro. Em tempo: estava sem minha carteira e nao comprei a salada fantastica. Hoje, pela janela da van do hotel, vi que a caixa continuava la.

Tres meses sem celular

Ha exatos tres meses Damasceno-Pai me deixava no aeroporto e, pouco antes do longo abraco que dei nele, deixei no carro meu telefone celular. Quando cheguei em Vancouver fiquei tentado a comprar algum aparelho baratinho para falar com os novos amigos no Canada, mas o tempo foi passando, passando... e nao comprei. Foi uma das melhores escolhas que fiz em terras canadenses. Ao voltar para o Brasil pensarei 40 vezes antes de reabilitar minha linha. Conheco poucas pessoas que abrem mao de um aparelho, mesmo que velhinho - e sempre achei uma postura meio boba nao se valer de uma tecnologia tao bacana. Mas agora dou o braco a torcer a caras como meu ex-chefe. Eh realmente muito bom nao ser achado em horas inoportunas ou mesmo ter que ficar preocupado com o toque ou o vibracall no cinema, na sala de aula ou durante uma soneca.

Corners

Durante o primeiro mes em Pender uma palavra me aterrorizou constantemente: corner. Tanto no trabalho como no meu principal momento de lazer na ilha, foram inumeras as decepcoes causadas por esse maldito substantivo. Explico: No trabalho, a lamuria era sentida toda vez em que sobrava pra mim a divertida tarefa de arrumar camas. Quase todos os quartos do hotel tem umas senhoras King Size, que precisam de uma tecnica toda cheia de frescuras pra ficarem prontas. Lencol daqui, travesseiros dali, cobertores embaixo de tal lencol etc etc etc. E, por fim, pra ficar bonito, os dois corners (ou cantos) da cama precisam de um jeitinho especial para os queridos hospedes. Por um mes, era simplesmente impossivel fazer bem esses tais corners. Eu sempre acabava pedindo uma ajuda pra alguma das mocas. Ate que o japa Tatsuhiro mostrou a mais moderna e eficiente tecnica samurai para finalizar as camas. Hoje da ate vergonha ver como era impossivel fazer algo tao elementar. O outro corner eh muito mais po

Caronas

Pender Island nao tem transporte publico. Quem quer ir ao banco ou comprar umas cervejas tem algumas opcoes: caminhar, ligar para a van do hotel ou pedir carona. A principio, a ideia de pegar caronas nao me agradava muito. Mas, depois de algumas semanas aqui, da pra perceber que tal pratica realmente eh algo corriqueiro na ilha. Algo bacana eh que algumas regras tem que ser seguidas na ilha, tanto pra quem tenta a carona quanto para os que aceitam caroneiros. A placa ai do lado existe em varios pontos da ilha. E, de fato, a galera respeira pra caramba...

Abba e o touro

Em Vancouver acontecia sempre de os gringos perguntarem meu nome mais de uma vez, pois "Fernando" nao era algo comum a seus ouvidos. Ha quase duas semanas em Pender Island, convivendo direto com os canadenses que moram por aqui, ja perdi a conta de quantas vezes recebi sorrisos carregados de nostalgia ao me apresentar a diversos deles. Na verdade nao perdi a conta. Ate hoje foram seis comentarios engracados a respeito do meu nome. Quatro lembrando de "Fernando", do Abba; dois se referindo ao desenho classicao da Disney do touro Ferdinando. Todos eles vindo de pessoas mais velhas, ja grisalhas, exceto de um rapaz chamado Anthony que gosta de musicas antigas e diz se lembrar de seus pais ouvindo o grupo sueco. Uma das senhoras outro dia passou o dia inteiro trabalhando perto de mim. Bastava me ver pra ela comecar com "Can you hear the drums Fernando?". Ja esse cara que gosta de musicas antigas nao me cumprimenta mais com os tradicionais "How are you?&qu

Vanilla ice cream

Esta decidido: sempre que eu ficar em qualquer hotel, pousada ou algo equivalente, a partir de hoje, farei questao de deixar algum tipo de "presente" para os funcionarios responsaveis pela limpeza e organizacao do estabelecimento. Explico: comecei a trabalhar na semana passada num hotel BEM suntuoso em Pender Island, ilhota localizada a duas horas de Vancouver. Uma das funcoes dos "room attendants" eh dar uma geral nos quartos, chales e "villas". Pois bem. No ultimo sabado, enquanto eu terminava de arrumar uma das camas, ouco a simpatica Claire me chamar: "Fernando, it's ice cream break. Camon!". Nao entendi o que ela queria dizer e continuei fazendo meu trabalho. Depois de alguns minutos, dou uma passada pela cozinha e vejo os outros room attendants devorando um potao de sorvete de creme, deixado no congelador pelo ultimo hospede. Dividir esse sorvete com o pessoal que trabalha no hotel foi seguramente o momento mais feliz da primeira semana

O sorriso da equatoriana e a corrida de biga

Duas coisas curiosas. E rapidas: - Domingo passado esqueci completamente do jogo do Brasil contra o Equador. Esquecimento proposital, pela falta de interesse em acompanhar os jogos da selecao nos ultimos tempos. Mas eis que na segunda-feira tudo mudou. Na escola, a primeira pessoa que veio me cumprimentar foi a Susana, do Equador. Apesar de a gente se falar pouco no dia a dia, ela chegou com um sorriso sarcastico, perguntando onde estavam os pentacampeoes do mundo, como se fosse uma corintiana chata depois de um classico. Nunca fui de me importar muito com tiracoes de sarro futebolisticas, mas o sorrisinho dela me deixou puto da vida. A ponto de na quarta-feira ter feito questao de acompanhar o jogo contra o Peru. E mais: torcendo e vibrando sozinho a cada gol, como se fosse uma partida do Tricolor. - A primeira lembranca que tenho de ver Damasceno-Pai emocionado me remete a "Ben Hur". Eu era bem moleque e estava assistindo com ele ao filme estrelado pelo falecido Charlton He

Um mês em Raincouver, Chanadá

- Você percebe que esta longe de casa quando passa em frente a uma agencia de turismo e vê passagens para Tóquio por 600 dólares e para o Rio de Janeiro por 950. - A bela geografia da cidade tem evitado dias mal humorados. Mas em algumas ocasiões é inevitável se deixar levar pelas reclamações engraçadas dos canadenses e dos forasteiros. Quem é de fora reclama da chuva (Raincouver); quem eh daqui reclama da gigantesca e cada vez maior colônia chinesa (Chanadá). Chineses e chuva são dois fatores constantes na cidade, mas em alguns dias eles passam completamente despercebidos. - Após quatro semanas lavando as mãos em torneiras com água quente e gelada, ainda me vejo apanhando com freqüência dos jatos que ora quase me congelam, ora me causam pequenas queimaduras (já foram três, sempre na mão direita). - A necessidade por feijão já atingiu limites lamentáveis. De amanha não passa: me renderei ao Samba, o restaurante brasileiro da cidade. - Após quatro semanas, quem diria, já não é nenhum

Vermelho, 7 anos

O Vermelho completou 7 anos de existencia ontem, dia 25 de marco. Orgulhoso por ter feito parte da equipe do Portal por dois anos e meio, chupinho aqui o video publicado no site em comemoracao a essa bela data.

Ingles com o Charlie Brown

Tenho visto bastante TV em Vancouver. A grade de canais nao é nada diferente do que se ve em geral no Brasil: seriados, noticiarios, desenhos, filmes, videoclipes etc. Tem sido um bom treino, mas, na maior parte do tempo, a tarefa é um tanto quanto chata. Assim sendo, comecei a buscar umas alternativas divertidas na internet. A que mais me entreteu esta neste link . Enjoy it!

Let's go Giants!!!

Cinco na linha e um no gol. Troca constante entre titulares e reservas, jogadores de defesa e de ataque. Pancadaria, cotoveladas, empurroes. Uma torcida apaixonada que nao para de gritar. É o hockey no Canada, amigo. Vancouver tem dois times: os Canucks e os Giants. Numa comparacao meio grossira, é como se o primeiro fosse um time da NBA, enquanto o outro seria uma equipe da liga universitaria, cheia de jovens. Os ingressos para os jogos dos Canucks custam por volta de 80 dolares, caro até para os padroes locais. Sem muitas opcoes, fui com a galera da escola ver os Giants. Ja virou um baita chavao, repetido por todo mundo que ve algum evento esportivo em paises de primeiro mundo, mas é inevitavel repetir: como os clubes brasileiros (de futebol ou outras modalidades) nao aprendem a fazer verdadeiros espetaculos e, consequentemente, ganhar montanhas de dinheiro com isso? Desde o momento de comprar o ingresso, passando pela chegada ao ginasio, pelas opcoes de compra, de lazer e de comida,

Futebol!!!

Quatro graus, um campo ruim, num lugar longe de casa. Dane-se tudo. Bater uma bola em Vancouver foi engracado demais. Primeiro, pela falta de comunicacao. So havia mais um brasileiro em campo. Sei que tambem havia um frances, um mexicano e um monte, mas um monte mesmo de arabes. O jeito era apelar pra frases curtas e simples, como "Come back", "Mee!!" e outras coisas quase monossilabicas. E, pra quem acha que brasileiro onde chega eh o craque, lamento. Fiz meu arroz-com-feijao basico, como a maioria. O "man of the match" foi um dos arabes, que, por sua habilidade muito superior a dos outros, pagou o preco de ter levado uns oito carrinhos e ter saido de campo completamente enlameado.

Brincadeira literaria

Parentese rapido nos assuntos canadenses para participar de uma brincadeira bacana, proposta pelo amigo Ygor Moretti. No post mais recente de seu blog , estava escrito assim: "MEME Literário Convidado pelo Sérgio Deda do Blog dos Cinéfilos a participar de um interessante MEME Literário, deixo aqui a minha contribuição: As regras são as seguintes: 1) Agarrar o livro mais próximo 2) Abrir na página 161 3) Procurar a quinta frase completa 4) Colocar a frase no blog 5) Repassar para cinco pessoas" Pois bem. Alem de achar a brincadeira bacana, vi que Ja Reparou? estava entre os cinco escolhidos a fazer o mesmo. Portanto ai vai: "- Essa ciencia se chama astrologia - disse D. Quixote." O trecho faz parte do capitulo 12 do primeiro volume de "O engenhoso fidalgo D. Quixote de La Mancha", livro que vergonhosamente nunca li e resolvi trazer para o Canada. Mas faco aqui uma pequena mudanca na brincadeira. Ao inves de convocar cinco amigos a fazer o mesmo, proponho

Vancouver, primeira semana

Apos exatos sete dias apos chegar em Vancouver, ja passava da hora de escrever algo pro blog sobre as primeiras impressoes sobre o Canada e a cidade. A falta de acentos eh uma droga, mas sinto muito. Os comentarios dessa semana vao em pequenas doses, conforme eu for lembrando das coisas interessantes que vi por aqui ate agora. Em breve, umas fotos. Antes de Vancouver, Dallas Escala, quatro horas no gigantesco aeroporto texano. Os homens dos balcoes de informacao se vestem como xerifes, usando aqueles chapeloes tipicos e com o sotaque engracado dos westerns. Tiro um cochilo perto do portao de embarque. De repente, ouco um puta grito: "You're the men!!!", seguido por uma salva de palmas de pelo menos uns cinco minutos. Alguns senhores choram. O homem que gritou eh o mais empolgado e tem uma foto em maos. Sem entender o que esta acontecendo e ainda meio sonolento, soh vou entender quando me levanto e olho pra cima. Eram centenas (uns 200pelo menos) de soldados americanos vol