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Mostrando postagens de dezembro, 2008

Muito prazer, piropo

Antes de qualquer coisa, uma rápida consulta ao Houaiss: Piropo : expressão amável ou lisonjeira dirigida a outro; galanteio. Há também um segundo significado na língua portuguesa para a palavra, referente a um tipo de minério, que por ora não interessa em nada. Voltemos ao piropo em sua forma romântica, galanteadora... e também ao motivo desse post. O sétimo DVD da série que tem Chico Buarque como protagonista é chamado de "Romance". Para quem não viu nenhum episódio, em cada um deles trata-se de algum tema que se relaciona com sua obra. Neste, Chico fala de canções de amor. Em dado momento, após lembrar das várias formas de se cantar o amor ao longo da história, Chico fala da dificuldade, até dado ponto de sua carreira, em criar canções ao estilo "piropo". E começa a falar empolgado sobre essa vertente. Chico lamenta que o termo é pouco usado no Brasil, apesar de constar no dicionário. Ele diz que na Espanha é muito comum e dá uma série de exemplos de piropos clás

Ah, Buenos Aires...

Mensagem no MSN de minha amiga Tatoca, direto da capital argentina: "Recado rapidinho, moço, pq estou no computador do hostel: estou apaixonada por essa cidade, posso passar o resto da vida comendo bifes de chorizo, sorvete de doce de leite, empanada e vinho, comprei três mil coisas da mafalda e achei sua camiseta." Saudades de lá... e ela nem falou das argentinas (ou dos argentinos, no caso dela). A camiseta em questão tem uma estampa do grande Homer Simpson com a 10 da Argentina fazendo o gol da "mano de Díos", contra a Inglaterra, na seminal da Copa de 1986. Que ela volte logo e traga alfajores...

Direto ao ponto

“Ninguém mais se lembra de Deus no Natal.” Assim Gabriel García Márquez iniciava, no Natal de 1980, um célebre artigo publicado no jornal espanhol El Pais . Segundo o escritor colombiano — que dois anos depois receberia o Prêmio Nobel de Literatura —, há tanto barulho e tantas angústias de dinheiro que “a gente se pergunta se sobra tempo para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há 2 mil anos em uma manjedoura miserável”. Vale ler a íntegra: Estas sinistras festas de Natal Ninguém mais se lembra de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas e de fogos de artifício, tantas grinaldas de fogos coloridos, tantos inocentes perus degolados e tantas angústias de dinheiro para se ficar bem acima dos recursos reais de que dispomos que a gente se pergunta se sobra algum tempo para alguém se dar conta de que uma bagunça dessas é para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há 2 mil anos em uma manjedoura miserável, a pouca distância de onde havia nascido, uns mil anos antes, o r

Praianas

Oxalá Após duas rápidas passagens por Ilha Bela em novembro e dezembro, está confirmado: a mulherada anda abusando no tomara-que-caia. ??? Andando pela praia do Curral, uma cena assusta: parte da areia foi tomada pelas instalações do DPNY Beach Hotel. Além das esteiras, guarda-sóis e do atendimento VIP de uns 15 garçons, foi montado um tipo de tenda de luxo, ao estilo 1001 Noites, com uma puta cama king size, baldes de gelo e champagne, frigobar e decoração de luxo. Sim... com vista para o mar. E à vista de todos. Para quê? Curioso, fui ao Google... ... e achei o site do tal hotel. Melhor do que qualquer comentário, é copiar aqui a tabela de preços para o ano novo. CASAL CAMA EXTRA SUÍTE 5 ESTRELAS BEACH R$ 7.964,00 R$ 3.982,00 SUÍTE MASTER BEACH R$ 13.340,00 R$ 6.670,00 SUÍTE BANGALÔ BEACH R$ 16.008,00 R$ 8.004,00 BANGALÔ PISCINA BEACH R$ 24.012,00

Os instintos da perfeição

Além do tradicional chavão de “que seja eterno enquanto dure”, muito se fala a respeito da necessidade que Vinicius de Moraes tinha de estar sempre apaixonado, como se esse sentimento fosse um tipo de combustível a alimentar seu corpo e sua alma. Sempre achei essa característica do poeta um tanto quanto invejável — exceto pela parte dos nove casamentos ostentados em seu currículo. Escrevo isso porque há tempos não assistia, escutava ou lia algum tipo de manifestação com essa temática que realmente me fizesse matutar um pouco sobre esse assunto. Pois li (ou melhor, reli, mas foi como se tivesse lido pela primeira vez) há poucos minutos. E compartilho abaixo: “Contemplando a gravura cor-de-rosa, senti de sopetão que tinha mais alguém na saleta, virei. Maria estava na porta, olhando para mim, se rindo, toda vestida de preto. Olhem: eu sei que a gente exagera em amor, não insisto. Mas se eu já tive a sensação da vontade de Deus, foi ver Maria assim, toda de preto vestida, fantasticamente m

A notícia do dia

Celebridades não poderão mais dizer em propagandas que utilizam determinado medicamento e sugeri-lo ao leitor ou telespectador. A norma está em resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que passa a valer daqui a 180 dias no país. O texto contém uma série de novas restrições, que abarcam também a distribuição de brindes e o pagamento de passagens a médicos por laboratórios, a oferta de amostras grátis e a linguagem da publicidade. Se não violarem as restrições impostas pelo texto da Anvisa, artistas e jogadores de futebol poderão aparecer na propaganda, mas terão que ler também advertências a respeito dos medicamentos que anunciam. Hoje, está previsto o uso de apenas uma frase: "ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado". Com as novas regras, haverá uma série de variações, com alertas específicos para os produtos.O tamanho das advertências também foi alvo do novo texto. Ele terá que corresponder a pelo menos 20% da maior fonte utilizada n

Lula, Collor e uma medalha

Leio na internet que hoje faz 19 anos do segundo turno da eleição entre Fernando Collor e Lula. Tenho duas lembranças daquele domingo: a primeira era a do "L" feito com a mão direita por aqueles que votaram no "sapo barbudo", felizmente meu pai entre eles; a segunda também tem a ver com meu pai e um desencontro bem triste. Eu jogava futebol no Pequeninos do Jockey em 1989. Meu time foi campeão naquele ano e a entrega das medalhas a todos os vencedores ficou marcada para aquele domingo. Caberia aos pais ou a algum parente próximo colocá-las nos pescoços da molecada. A festa prometia ser bem bacana. Meu pai precisou trabalhar naquele domingo até o início da tarde e, se minha memória não me trai, foi direto para a premiação, que estava marcada para umas 15h. O local onde ele iria votar era perto e haveria tempo suficiente para os dois compromissos. Mas eis que chega o horário marcado e nada de as medalhas chegarem, apesar de todos os moleques e seus pais já estarem lá

Leituras, cochilos e espiadas

Ah, os ônibus. Sacolejantes, apertados, desconfortáveis, mas —já reparou? — também fonte inesgotável de comportamentos do cotidiano. E o que é bem legal já destaco de cara: as pessoas têm lido mais do que há alguns anos. Sim, é verdade! Ontem resolvi dar uma espiada nisso com mais cuidado. O ônibus estava mais vazio do que o normal no caminho do trabalho para casa. Em pé e com os olhos meio cansados, me pus a observar as pessoas. Acreditem: apenas entre os que estavam sentados na parte traseira do veículo (depois da catraca), havia seis indivíduos lendo algo. Supondo que caibam umas 30 pessoas sentadas nessa parte do ônibus... são respeitáveis 20% do total! Resolvi esticar o pescoço e ver o que liam. Um senhor lia a "Veja". Uma moça com cara de vestibulanda lia "A Cidade e as Serras". A senhora mais velha entre as leitoras tinha algo de literatura espírita em mãos (supus pelo sobrenome Gasparetto na capa) e a seu lado viajava um bigodudo com um livro em inglês, chei

Emos

Já tive que tentar explicar pra umas cinco pessoas (a maior parte delas acima dos 40 anos) o que significa o termo "emo", cada vez mais comum de ser visto e ouvido por aí. Apesar de ter uma boa noção do que se trata, eu sempre ficava com a impressão de não ter dado uma boa explicação aos curiosos, talvez, de certa forma, por uma falta de curiosidade (ou interesse) de minha parte. Pois bem. Eis que o G1 publicou uma matéria a respeito disso hoje, com uma lista de 15 discos fundamentais para entender o "movimento". A leitura me fez ter menos interesse ainda, mas pelo menos fica o registro de algo que não tem como ser simplesmente ignorado atualmente. Aí vai o início da matéria: Popularizado por bandas como NxZero e Fall Out Boy, o emo é um dos gêneros musicais mais influentes e controversos do rock atual. Rótulos e preconceitos à parte, o G1 preparou uma lista de bandas e discos que ajudam a entender as raízes históricas e musicais do estilo, para além das franjas e m

Charme por todos os poros

O assunto é "Vicky Cristina Barcelona". Woody Allen mandou bem mais uma vez... OK! Barcelona parece ser um lugar realmente encantador... OK! Penelope Cruz e Javier Bardem são dois baita atores... OK! O filme tem uns ares "almodovarianos"... OK! Mas a palavra para a nova empreitada européia do mr. Allen é CHARME. Charme e mais charme. O humor do filme é charmoso. Os diálogos são charmosos. Os atores são charmosos, cada um a sua maneira (a Penelope é imbatível!). As cenas picantes transitam da pieguice à sensualidade repletas de charme a cada tomada. A música principal ("No he encontrado la razón porque me duele el corazón porque es tan fuerte que solo podré vivirte en la distancia y escribirte una canción. Te quiero Barcelona") é cantada de um jeito charmoso pra caramba. Até a narração, que inicialmente parece um tanto quanto fora de lugar, acaba por se tornar um bocado charmosa... Que Woody Allen nunca mais volte a filmar em Nova York! E que, pelamordedeus

Gênio deprimido

Sexta-feira, Livraria Cultura da avenida Paulista. Show curtinho do Guinga, para umas 50 pessoas. Em dado momento, uma senhorinha (sem trocadilhos musicais) pede pra ele cantar "Você, você", parceria com Chico Buarque gravada por Monica Salmaso. Guinga responde que não costuma cantar essa música, e que naquela tarde seria ainda mais difícil pelo fato de sua voz ter sido afetada por um recente problema de depressão. Após o show, pouco antes da tradicional rodinha de autógrafos e sessão de fotos, havia um burburinho sobre o problema do artista. Um dos espectadores sussurrou que era resquício do fim do casamento. Sigo na dúvida, mas seu abatimento era visível. Enquanto fiquei por lá, a única menção à doença partiu do próprio Guinga, após ser abraçado por uma jovem fã. "Muito obrigado. É esse tipo de coisa que preciso ouvir ultimamente", disse, após a moça agradecê-lo por existir e por compor tão belas canções. Apesar do problema na voz (de fato em alguns momentos sua h