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Mostrando postagens de agosto, 2011

O melhor rum do mundo

O camarada Laldert havia cantado a bola, antes de minha viagem para a Nicarágua: o país tem a fama de produzir o melhor rum do mundo – superior até mesmo aos famosos cubanos. Chegando a Manágua, logo de cara tratei de ir atrás de mais informações. Já no aeroporto, as conversas com alguns vendedores deixaram claro que minha busca seria pelo famoso “Flor de caña". Uma rápida navegada me mostrou que o tal rum é reconhecido como o melhor de sua espécie em todo o mundo. Na primeira oportunidade, no próprio bar do hotel, pedi um trago do rótulo de sete anos. Delícia! No dia seguinte, arrisquei o de 12 anos: surpresa das grandes, pois descia sem qualquer arranhão na garganta, um cheiro sensacional e um gosto que não deixava a dever a qualquer uísque da mesma idade. A companhia “Flor de caña” produz seu néctar desde 1937, mas somente depois de duas décadas passou a ser exportado. Leio pelos www da vida que desde 2000 seu carro-chefe (18 anos) já ganhou mais de cem eleições, contra concorr

SBT chega aos 30 anos: memórias afetivas

Fui um indivíduo sem a TV Globo em casa durante grande parte da infância. Por pelo menos oito ou nove anos, as imagens da emissora só apareciam com uma qualidade terrível no velho televisor Sharp de 17 polegadas da minha sala, condição que levava o povo de casa a ver esportes na Bandeirantes, jornalísticos em qualquer canal e programas de entretenimento no SBT. Praticamente não vi “Caverna do Dragão”, “He-Man”, “Xou da Xuxa” e “Família Dinossauro”, programas que quem tem entre 25 e 35 anos costuma se lembrar com saudade. Não me lembro de quase nada do ”Fantástico”; dos “Trapalhões” eu me recordo somente pelos domingos passados nas casas de amigos ou parentes. O “boa noite” do Cid Moreira não me traz qualquer nostalgia, assim como certas vinhetas que até hoje são utilizadas pela Globo. Em virtude disso, minha formação televisa foi composta por extremos durante a infância e a pré-adolescência. Por um lado, “Programa livre”, “Rá-tim-bum”, “Bambalalão”, “Anos incríveis”, “Mundo de Be

Caetano, Gil e as lágrimas de Luiz Gonzaga

O Rei do Baião teve seu auge de popularidade ao longo das décadas de 40 e 50. Gonzagão entrou nos 1960’s com um tipo de fama mais concentrada no Nordeste e em alguns bairros nordestinos de São Paulo e Rio de Janeiro. A imprensa, que antes o reverenciava, simplesmente deixou de citá-lo e de entrevistá-lo – por conseguinte, a classe média também se esqueceu do cantador. Juscelino saiu, surgiu a bossa nova, veio Jânio e Jango, vieram os militares, o Cinema Novo e uma turma da pesada no cenário musical. No meio desses novos artistas, dois deles resolveram dar crédito a uma de suas principais influências. “Seu nome se inscreve na galeria dos grandes inventores da música popular brasileira, como aquele que, graças a uma imaginativa e inteligente utilização de células rítmicas extraídas do pipocas dos fogos, de moléculas melódicas tiradas da cantoria lúdica ou religiosa do povo caatingueiro, e sobretudo da alquímica associação com o talento poético e musical de alguns nativos nordestino

O pior dos aniversários

Foi em 1998. Havia toda uma expectativa pela chegada dos 18 anos: maioridade, carteira de habilitação, entrada em motéis. Mas havia também o alistamento militar. E, para minha total infelicidade, a data para apresentação no quartel de Quitaúna, em Osasco, coincidiu com meu 18º aniversário. Era uma segunda-feira. Como várias segundas-feiras de agosto, um dia horrível para sair da cama – especialmente pela necessidade de dar as caras no quartel às 6h e acordar às 4h30. Garoava às 5h50. O frio não era tão intenso, mas incomodava. Os possíveis novos recrutas chegavam acabrunhados. Alguns, cheios de si, aos poucos eram reconduzidos à insignificância que lhes cabia naquele recinto, após rajadas daquilo que hoje chamam de bullying. Outros apareciam com visuais que não condiziam ao ambiente da caserna: punks, nerds, gays e cabeludos recebiam tratamento especial dos soldados que, um ano antes, provavelmente aparentavam o mesmo desconforto que eu sentia. Até que passei pelo ritual de re

Happy birthday, mr. Obama!

Com quatro dias de atraso, reproduzo aqui a declaração de Bill Maher, comentarista político norte-americano, por conta do aniversário de 50 anos de Barack Obama. “Desejaria que o senhor parasse de querer agradar aos conservadores. Não vai funcionar jamais. Para eles, o senhor tem a idade errada, está no partido errado, tem a cor de pele errada. Ainda que os salvasse, pessoalmente, de morrerem afogados, 40% dos norte-americanos não votariam no senhor. Não se preocupe em passar uma imagem de negro radical, que afastaria eleitores moderados. Meu caro, pior do que está, impossível. Não seria uma vergonha se quatro anos de seu governo terminem em janeiro sem que o senhor tenha experimentado sequer uma política econômica elaborada pelos democratas? O senhor agora é um cinqüentão, faça isso pelo senhor e por nós. E um feliz aniversario!” Retirei esse trecho de uma matéria desta semana da “CartaCapital”, na qual outro dado me chamou a atenção: atualmente, 25 milhões de norte-americanos p

EUA: O dia em que o homem comum foi assassinado

Publico abaixo um texto bacana do Michael Moore. Em geral, gosto dos filmes dele, mesmo sabendo de algumas artimanhas realizadas para fazer valer seu ponto de vista. Entendo que seu tipo de engajamento é válido e serve de reflexão para aqueles que ainda vislumbram os Estados Unidos como a sociedade que víamos em "I Love Lucy" e nos filmes de Frank Capra. A tradução foi feita por um coletivo que assina como Vila Vudu. O texto original está no blog do cineasta. EUA: O dia em que o homem comum foi assassinado Volta e meia, alguém, com menos de 30 anos, me pergunta: ”Quando começou tudo isso, os EUA despencando ladeira abaixo?” Dizem que ouviram falar de um tempo em que os trabalhadores norte-americanos podiam sustentar a família e mandar os filhos à escola, só com o salário do pai (nos estados da Califórnia e de New York, por exemplo, o ensino era quase gratuito). Que quem quisesse salário decente, encontrava. Que as pessoas só trabalhavam cinco dias por semana, oi

A geração "joão bobo" do futebol

Nas últimas semanas, diversos jogadores do futebol brasileiro deram a contribuição que faltava para ratificar a falta de personalidade da atual geração de boleiros. Já reparou quantos deles comemoraram gols ao estilo "joão bobo", a pedido da Globo? Que coisa patética! A Globo até rebatizou o simpático boneco, chamando-o agora de "João Sorrisão". Cada um faz o que quer da vida, mas que falta fazem caras de mais personalidade no futebol. E isso obviamente não se limita apenas às comemorações. Poucas coisas são mais chatas do que acompanhar as entrevistas de 90% dos boleiros. Orientada por seus assessores, a atual geração é incapaz de fugir das respostas óbvias, mesmo quando as perguntas não são tão toscas. Ronaldinho Gaúcho é o sujeito que personifica a retidão diante do microfone. Ao se aposentar, deveria até virar media training, tamanha sua capacidade de dar respostas protocolares, mesmo quando o mundo está caindo ao seu redor. Lucas, do São Paulo, e até mesmo o &q

Caetano foi ao Jô

Minha irmã deu um toque (ela acompanhou a gravação) e só na manhã seguinte fui conferir: Caetano Veloso foi ao Programa do Jô nesta terça-feira (2). Pelo que vi em outro vídeo, já foram mais de oito entrevistas ao talk show, entre participações no SBT e na Globo. Desta vez, Caetano foi ora simpático e ora convencido, cantou, tocou violão, fez todos rirem, rebateu umas provocações bobas do Jô... enfim, mandou bem! Caetano está certíssimo ao participar de inúmeros programas, seja para lançar seus discos novos ou simplesmente para exercitar seu lado polemista. Sua mera presença remete aos mais de 40 anos de carreira que ele tem a apresentar aos mais moleques, cada vez menos interessados pelos “clássicos”. Chico Buarque deveria levar isso mais em conta. É bobeira cair na velha discussão sobre quem é melhor, mas nesse ponto Caetano se mostra muito mais desenvolto, mesmo quando toca “Alegria, alegria” e “Sampa” meio a contragosto, a pedido de Jô. Seria tão trágico cantarolar “Carolina”, “Olé