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Mostrando postagens de abril, 2012

A melhor leitura da chamada “grande mídia”

Não me agrada fazer propaganda de nada relacionado à chamada “grande mídia”, mas devo abrir uma exceção para o caderno de fim de semana, do “Valor Econômico”, publicado sempre às sextas-feiras. Em formato tabloide, o caderno propõe reportagens, resenhas e entrevistas sobre temas variados, a partir de textos muito bem editados, claramente sem a correria típica e a limitação de espaço impostos pelo jornalismo diário. Apesar de ser uma publicação pertencente aos grupos Folha e Globo, o “Valor Econômico” e seu caderno de fim de semana conseguem fugir do conservadorismo por muitas vezes bobo dos carros-chefe das duas empresas. E, principalmente, suas páginas muito raramente se prestam ao papel de porta-voz da oposição no Brasil, evitando o exercício manjado de transformar qualquer pauta polêmica em oportunidade de atacar o governo federal. Voltando apenas ao conteúdo do caderno dos finais de semana, me recordo, nas últimas edições, de boas entrevistas com Contardo Calligaris e Gustavo Fra

Copa de 2014: sem exageros ou vexame

Atrasou o ônibus? Pode ter certeza: alguém no ponto vai comentar algo como "e ainda queremos organizar a Copa?". Metrô parou? Faça uma contagem regressiva: em menos de dez segundos haverá um cidadão para dizer que "desse jeito vamos passar vergonha na Copa". Estou longe de apoiar efusivamente a organização do Mundial por aqui, ainda mais com a série de exigências da Fifa, mas esse papo de utilizar o evento como pretexto para reclamar de tudo o que há de errado no Brasil tem me deixado puto. Para minha satisfação, leio na coluna de Tostão, hoje, na "Folha", um ponto de vista que  considero ideal, com comparações realistas, expectativas possíveis e críticas na medida correta (como no caso do incentivo público à construção de estádios privados). Segue abaixo o texto: A Copa da Fifa As perguntas que mais escuto são se o Brasil vai ganhar e se vai organizar uma ótima Copa do Mundo. Imagino que os estádios estarão prontos, que serão confortáveis, bonito

A lucidez do ateísmo consciente

Em tempos nos quais o posicionamento de alguns ateus beira o fanatismo religioso , ler o artigo de Drausio Varella, publicado neste sábado, na Folha de S.Paulo, serve de alento e como reafirmação de uma postura que ainda é muito mal vista na sociedade. Faço das palavras do médico as minhas, sem retirar uma vírgula sequer. Leia abaixo o texto: Intolerância religiosa Sou ateu e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos. A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem extraterrestres. Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce

Alegoria cantada

O ano de 1905 na Rússia não foi dos mais pacatos. Para muitos historiadores, a data marca o início do processo que culminaria na Revolução de 1917. De qualquer forma, é indiscutível afirmar que o país vivia uma grande crise política, com protestos por toda a parte e grande descontentamento em relação ao czar Nicolau II. É também em 1905 que transcorre a história fictícia de “O violonista no telhado”, bonita história já registrada em filme de sucesso e também em um histórico musical da Broadway, baseada em contos de Shalom Aleichem e atualmente em cartaz em São Paulo. A trama se passa na fictícia Anatevka, onde convivem as comunidades judaica e cristã ortodoxa, de acordo com as tradições estabelecidas há séculos na região. No musical em cartaz, cabe a José Mayer, o maior comedor da teledramaturgia nacional, o papel do leiteiro judeu chamado Tevye, protagonista de toda a história. O ator canta (sem grandes estripulias e com certa dignidade) e se sai muito bem nos momentos cômicos e dramá

Dez curiosidades sobre o Pica-Pau

1. A inspiração para a criação do personagem Pica-Pau veio de uma situação bem inusitada vivida por Walter Lantz. Ele estava em lua-de-mel quando teve a idéia de criar o personagem, por conta de um exemplar do pássaro que o atormentou e o divertiu na noite de núpcias. 2. O Pica-Pau foi o primeiro desenho animado a ser exibido na TV brasileira, na extinta TV Tupi, um dia após a sua inauguração, no dia 19 de setembro de 1950. Nessa época, o desenhos eram exibidos com a dublagem original, pois a dublagem em português só surgiria em 1957. 3. Criado em 1940 por Walt Lantz, o Pica-Pau apareceu como um pássaro louco, com uma aparência considerada grotesca. Porém, ao longo dos anos, o personagem sofreu diversas mudanças no seu visual, ganhando traços mais simpáticos, uma aparência mais refinada e um temperamento mais tranquilo. 4. O Pica-pau foi inicialmente dublado nos Estados Unidos por Mel Blanc, que também fez as vozes de quase todos os personagens do sexo masculino das séries Looney Tunes

O ano em que passei a entender a grandeza santista

Quando moleque, lá pela transição entre os anos 80 e 90, não entendia por que motivos o Santos Futebol Clube era tão aclamado. É óbvio que desde sempre havia as imagens de Pelé, os vídeos com as conquistas da Libertadores e do Mundial nos anos 60, mas aquilo parecia um tanto quanto virtual, sem conexão com a realidade. Em meu círculo de amigos, havia somente um ou dois santistas, sempre discretos. Fanáticos mesmo apenas alguns senhores, como o Constantino, dono de um bar na rua e avô do Chulé, grande companhia daqueles tempos. Ao mesmo tempo, para muitos torcedores, o Peixe já tinha se tornado uma espécie de Portuguesa ou Juventus, times que sempre geravam simpatia entre os que gostavam de futebol. De certa forma, não era apenas a grandeza do Santos que me parecia incompreensível. Algo parecido acontecia com a seleção brasileira. Novamente vinham Pelé e outros craques, muitas vezes em imagens em preto-e-branco, em uma velocidade que atraía e ao mesmo tempo gerava um monte de interrogaç

O desserviço do ateísmo xiita

Em 2007, “Veja”, como sempre com intenções nada nobres, encomendou ao Instituto Sensus uma pesquisa que mostrou dados interessantes sobre a sociedade brasileira. Segundo o levantamento, 32% dos eleitores votariam em um homossexual para presidente; 57% não criariam empecilhos para votar em uma mulher; 84% optariam sem problemas por um negro; e apenas 13% votariam em um candidato que se declarasse ateu. Essa discussão já esteve em voga em pelo menos em três eleições no Brasil. Em 1985, num debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso gaguejou ao vivo quando perguntado se era ateu. Jânio Quadros soube se aproveitar da situação e virou uma disputa praticamente perdida. Em 1989, não foram poucos os boatos que associavam Lula a um ateu comunista comedor de criancinhas. Em 2010, Dilma, que mal deve saber o Pai-Nosso, teve que fugir do assunto e se passar por carola. O que leva uma pessoa religiosa a ter esse tipo de sentimento por alguém que afirma não crer em

Edir Macedo progressista?

Foi com alguma surpresa que terminei a leitura de “O Bispo – A história revelada de Edir Macedo”, livro chapa-branca de autoria dos jornalistas Douglas Tavolaro e Christina Lemos, funcionários da Rede Record. Surpresa e satisfação, por notar que uma das autoridades religiosas mais importantes do país é capaz de ter pontos de vista progressistas, ao contrário da imagem comumente associada a suas pregações. Como o próprio título diz, a obra é uma biografia (autorizada) de Edir Macedo. De conteúdo raso e calcado em centenas de horas de entrevistas concedidas pelo bispo, os autores conseguem contar, em linguagem simples e apressada, a história do funcionário público que construiu um império fabuloso, a conhecida Igreja Universal do Reino de Deus. Em tempo: neste texto não haverá qualquer tipo de juízo de valor a respeito da fé do bispo e de seus seguidores. Irei me ater a alguns depoimentos retirados do livro acima citado, pela sensação inusitada que tais trechos me causaram. Em determinad