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EUA de novo

E eis que apos exatos seis meses em terras canadenses, paro por uns tempos em Los Angeles. Uma semana antes, um giro de cinco dias pelas Montanhas Rochosas, lugar impressionante na divisa entre os estados de Alberta e Columbia Britanica.


Pois bem. Ingles melhor, trocentas boas historias na bagagem, um troco no bolso e saudade de casa... 39 dias agora pela Costa Oeste estadunidense, tendo como porto seguro a casa do boa e velha amiga Purga, em LA.


Ainda no Canada, a primeira impressao curiosa sobre visitar os EUA de novo: apos o check-in e uma passagem pelo free shop, eia que surge no aeroporto de Vancouver o cartaz de "Welcome to USA", com funcionarios norte-americanos e tudo mais. Na chegada em LA, nada de fiscalizacao ou enchecao de saco na imigracao.


A segunda impressao: todo mundo minimamente informado sabe da importancia e da presenca macica dos latino-americanos na California. Apos duas noites em LA, contudo, ainda nao acredito o quao grande e poderoso eh essa participacao dos "chicanos" por aqui. Todo o comercio nas grandes lojas tem informacoes em ingles e espanhol. Nas ruas, dezenas de outdoors apenas em espanhol, assim como varios canais de TV.


A terceira impressao so reforca a imagem mais forte da viagem em 2007 pela Costa Leste, em especial Manhattan. Seja em ingles ou espanhol, em crise ou epoca de bonanca, a incentivo ao consumo beira o ridiculo por aqui. Rapidas caminhadas por centros comerciais ou uma mera ida ao Wal Mart explicam mais sobre a crise mundial do que a leitura de artigos da nossa "imprensa especializada".


E por falar em imprensa, uma boa frase publicada na Folha deste domingo. Em entrevista, o publicitario Nizan Guanaes disse algo bacana, que bate com o paragrafo anterior: "O papel da propaganda é dizer 'compre', mas ficou provado nesta crise que levar para o consumo irresponsável é péssimo para todo mundo. A propaganda é um símbolo do consumo, não precisa ser do consumismo. Exemplo: as empresas de automóvel que primeiro viram para onde estava indo a sociedade são aquelas que estão sadias neste momento. As que ficaram produzindo carros beberrões estão em maus lençóis. É preciso pensar para onde vai o mundo."

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