Ontem vi uma cena que tem se repetido em São Paulo: a falta de solidariedade (em alguns casos, falta de educação mesmo) de motoristas de ônibus e cobradores perante questões feitas por estrangeiros que vivem na cidade ou meros turistas.
Quando o gringo não fala nada de português é claro que dificilmente qualquer diálogo vai pra frente, mas, nos dois casos que vi recentemente, o turista e a recém-chegada à cidade se expressavam corretamente em português, mas com forte acento e grandes dificuldades para entender as frases de seus interlocutores.
No caso de ontem, a jovem senhora (que depois disse ter vindo da Bélgica há dois meses, com breve parada em Portugal para melhorar seus conhecimentos na língua de Camões) estava na Paulista e precisava chegar na R. dos Pinheiros. Ela deu sinal para o ônibus certo e pediu orientação ao motorista. Como a conversa não foi pra frente, ela tentou com o cobrador. Sem saber o que fazer, ela passou a olhar para os lados até receber socorro de passageiros mais pacientes.
Nesse aspecto, no entanto, os profissionais do transporte paulistano não ficam muito atrás de outros da América do Norte e da Argentina. Em Buenos Aires, Vancouver e especialmente em Los Angeles tive dificuldade pra caramba com os motoristas (não havia cobrador em nenhuma das cidades), e um caso, em especial, merece ser contado, apesar das piadinhas sem graça que vão surgir.
Estava na casa da amiga Purga, em Los Angeles. Um dia, depois de fazer umas compras, ela me deu uma carona até determinada parte da cidade. Lá eu teria que pegar um ônibus, descer em algum lugar que eu não sabia direito e tomar outro, para então chegar na praia de Santa Monica.
A primeira parte foi tudo bem, mas precisei de umas orientações pra não errar e ter que esperar pelos horários completamente sem noção dos ônibus de Los Angeles. Eu tinha uma vaga ideia do que tinha de fazer e perguntei ao motorista se o trajeto que eu tinha pensado era o mais correto. Nervoso, ele falou que eu estava errado e que seria melhor se informar antes de sair de casa.
Nessas situações é normal olhar ao redor, em busca de um olhar amigo, que possa ajudar. Pois bem: o socorro veio de um passageiro que estava sentado, com bolsa a tiracolo, salto alto, maquiagem carregada e, para minha surpresa, voz à la Elza Soares. “Você está certo, sim. Quando chegar o ponto correto, eu lhe avisarei”.
Digamos que a viagem foi a mais longa de todas que fiz em território norte-americano. Talvez pensando em me tranqüilizar (talvez não), o(a) senhor(a) olhava para trás a todo momento, se certificando de que eu não descera do ônibus em alguma parada incorreta. Depois de alguns minutos, alguns passageiros já sorriam com aquela situação, enquanto eu me afundava na cadeira.
“The next one”, it said depois de longos e longos minutos. E eu passei o resto do dia numa praia bem simpática.
Quando o gringo não fala nada de português é claro que dificilmente qualquer diálogo vai pra frente, mas, nos dois casos que vi recentemente, o turista e a recém-chegada à cidade se expressavam corretamente em português, mas com forte acento e grandes dificuldades para entender as frases de seus interlocutores.
No caso de ontem, a jovem senhora (que depois disse ter vindo da Bélgica há dois meses, com breve parada em Portugal para melhorar seus conhecimentos na língua de Camões) estava na Paulista e precisava chegar na R. dos Pinheiros. Ela deu sinal para o ônibus certo e pediu orientação ao motorista. Como a conversa não foi pra frente, ela tentou com o cobrador. Sem saber o que fazer, ela passou a olhar para os lados até receber socorro de passageiros mais pacientes.
Nesse aspecto, no entanto, os profissionais do transporte paulistano não ficam muito atrás de outros da América do Norte e da Argentina. Em Buenos Aires, Vancouver e especialmente em Los Angeles tive dificuldade pra caramba com os motoristas (não havia cobrador em nenhuma das cidades), e um caso, em especial, merece ser contado, apesar das piadinhas sem graça que vão surgir.
Estava na casa da amiga Purga, em Los Angeles. Um dia, depois de fazer umas compras, ela me deu uma carona até determinada parte da cidade. Lá eu teria que pegar um ônibus, descer em algum lugar que eu não sabia direito e tomar outro, para então chegar na praia de Santa Monica.
A primeira parte foi tudo bem, mas precisei de umas orientações pra não errar e ter que esperar pelos horários completamente sem noção dos ônibus de Los Angeles. Eu tinha uma vaga ideia do que tinha de fazer e perguntei ao motorista se o trajeto que eu tinha pensado era o mais correto. Nervoso, ele falou que eu estava errado e que seria melhor se informar antes de sair de casa.
Nessas situações é normal olhar ao redor, em busca de um olhar amigo, que possa ajudar. Pois bem: o socorro veio de um passageiro que estava sentado, com bolsa a tiracolo, salto alto, maquiagem carregada e, para minha surpresa, voz à la Elza Soares. “Você está certo, sim. Quando chegar o ponto correto, eu lhe avisarei”.
Digamos que a viagem foi a mais longa de todas que fiz em território norte-americano. Talvez pensando em me tranqüilizar (talvez não), o(a) senhor(a) olhava para trás a todo momento, se certificando de que eu não descera do ônibus em alguma parada incorreta. Depois de alguns minutos, alguns passageiros já sorriam com aquela situação, enquanto eu me afundava na cadeira.
“The next one”, it said depois de longos e longos minutos. E eu passei o resto do dia numa praia bem simpática.
Comentários
Abraço
Melchior