Pular para o conteúdo principal

Sinal amarelo

Já escrevi aqui a respeito do blog do Cosme Rímoli, citando-o como a melhor leitura possível atualmente pra quem gosta dos bastidores do futebol. Pois bem. Um texto publicado hoje serve para deixar Dunga e todos os torcedores da seleção brasileira um tanto quanto preocupados...

Dunga está sabendo.

E está muito preocupado.

O médico Runco também.

“Justo ele?”, desabafou o auxiliar Jorginho a um amigo no litoral norte paulista.

A Comissão Técnica Brasileira já tem o seu primeiro motivo para tensão em 2010.

A pubalgia de Kaká.

O jogador está sentindo fortes dores na região pubiana, logo abaixo do umbigo.

E ela tem prejudicado demais o seu rendimento no Real Madrid.

Ele não consegue se movimentar, chutar com precisão.

Dói com qualquer esforço.

Muito provavelmente esse seja o motivo do seu desempenho mediano no Real e seus minguados quatro gols.

“A pubalgia é uma das lesões mais traiçoeiras para o atleta de futebol”, costuma dizer Runco.

Quando Jorginho desabafou, perguntando ‘justo ele?’, o auxiliar de Dunga sabia do que estava dizendo.

O jogador é capaz de suportar calado as fortes dores da contusão.

A lesão de Kaká tem várias implicações.

Ele e Cristiano Ronaldo foram contratados para serem as grandes estrelas do time galáctico do Real Madrid.

A pubalgia costuma atacar atletas submetidos a excesso de esforço, de exercícios.

As dores são absolutamente subjetivas.

Não existem aparelhos no mundo capazes de medir a intensidade dessas dores.

Ou seja: um médico pode achar que o jogador tem condições de entrar em campo, e ele estar se contorcendo de dor.

Ou pior, o atleta fingir estar bem e enganar o médico.

Tudo é muito mais problemático diante da personalidade de Kaká.

Se fosse qualquer outro atleta, ele pensaria primeiro nele e abandonaria treino e jogos ao menor sintoma de dor.

A Comissão Técnica brasileira teme que, por senso de responsabilidade, o meia esteja indo além do recomendável, jogando no sacrifício.

Afinal, o clube espanhol gastou 65 milhões de euros, cerca de R$ 164 milhões com ele.

Kaká tem de justificar o investimento.

A situação é complicadíssima.

Seu futebol não tem empolgado ninguém.

Todos comentam em voz baixa sobre a pubalgia.

Mas uma operação de púbis agora colocaria o Campeonato da Espanha e a Liga dos Campeões da Europa em risco.

A recuperação leva em média de dois a três meses para o atleta voltar aos gramados.

Se precisar operar mais tarde, digamos em abril, como ficará a Copa do Mundo para Kaká?

Kaká terá 28 anos durante o Mundial.

Estará no seu auge como jogador.

Dunga precisa dele como seu grande líder em campo.

Na Copa de 2002, ele atuou apenas 19 minutos contra a Costa Rica.

Na de 2006, o jogador foi uma sombra do que se esperava dele, fracassou com o restante do time.

A ‘Copa de Kaká’ seria esta, a de 2010 na África.

A Comissão Técnica da Seleção Brasileira não pode interferir no Real Madrid.

Se pudesse, o caso já teria uma solução.

Ou o tratamento intensivo, com afastamento dos gramados.

Ou a temida operação.

De uma maneira ou outra, tudo o que Real Madrid e Kaká não podem fazer é arrastar a situação.

Levá-la para o Mundial.

A pubalgia é uma das contusões mais comuns e complicadas do futebol moderno.

E não perdoa ninguém.

Nem Kaká.

É bom ele saber…

Em tempo: para ler o blog, agora no Portal R7, clique aqui

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os compatriotas de Woody Allen

Estava em algum site por aí hoje: O diretor americano Woody Allen considera que a maioria de seus compatriotas são gordos e sexualmente complexados. "Tudo ali é expressão do medo e da repressão sexual: a loucura religiosa, o fanatismo pelas armas, a extrema-direita louca. Eles têm uma visão da sexualidade marcada por duvidosas leis morais", afirma Allen, em entrevista antecipada hoje pelo jornal "Die Zeit". O diretor de "Vicky Cristina Barcelona" considera que o sexo é utilizado nos Estados Unidos "como uma arma dramática, assim como a violência" e que as muitas cenas de sexo nos filmes produzidos em seu país são "simplesmente entediantes".

"Vesti azul.... minha sorte então mudou"

A primeira vez que ouvi falar em Wilson Simonal foi no colégio - se não me engano, numa aula da Tia Idair, na quarta série. Por algum motivo, ela havia citado "Meu limão, meu limoeiro" e ninguém da classe sabia do que se tratava. Estupefata, ela cantarolou "... uma vez skindô lelê, outra vez skindô lalá" e tentou fazer algo no estilo que o "rei da pilantragem" costumamava aprontar com suas plateias . E deu certo. Dia desses fui ver "Simonal - Ninguém sabe o duro que eu dei", documentário muito bem feito sobre a carreira do sensacional cantor, com ênfase, claro, na eterna dúvida que o cercou desde os anos 70 até sua morte, em 2000: Simonal foi um dedo-duro dos militares durante a ditadura ou não? Pra quem não sabe do que se trata, um resumo curto e grosso: Simonal competia com Robertão na virada dos 60 para os 70 como o cantor mais popular do Brasil. Um belo dia, seu nome aparece nos jornais como delator de companheiros de profissão, alguém a serv

A grandeza de Nelson Ned

Um belo dia, em um programa de televisão (“Conexão Internacional”, da extinta Rede Manchete), Chico Buarque enviou uma pergunta para Gabriel García Márquez: “As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?”. Com elegância e sem vergonha de suas preferências, o escritor colombiano respondeu: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”. Pela terceira vez (haverá ainda um quarto texto), recorro a “Eu não sou cachorro, não”, livro de Paulo César Araújo para relatar causos de nossa cultura popular. Pouco antes da resposta de Gabo a Chico, fico sabendo ainda que o Nobel de Literatura escreveu “Crônica de uma morte anunciada” ao som de canções como “Tudo passará”, do grande pequeno cantor brasileiro, cuja obra em geral é relegada aos rótulos de “cafona” e “brega” de nossa discografia. Nelson Ned é figura