O que eu gostaria de falar sobre o caso do Boris Casoy e os garis foi mais bem escrito por caras que têm muito mais conhecimento de causa e talento do que eu. Vão abaixo os comentários de Ricardo Kotscho e Altamiro Borges:
I
Nem gostaria de tocar neste assunto porque não sou de ficar tripudiando quando um colega pisa no tomate. Na verdade, o que o Boris Casoy fez no Jornal da Band na última noite do ano foi pisar no tomateiro inteiro e depois sentar em cima.
A esta altura, vocês já devem saber do que estou falando porque muitos leitores me escreveram pedindo para comentar o assunto e a internet está inundada de comentários sobre o veterano jornalista que ficou conhecido pelo bordão “isto é uma vergonha!”.
Ao final do telejornal, enquanto passava um vídeo com trabalhadores desejando um feliz ano novo, sem saber que o áudio estava aberto, Casoy mandou ver: “Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras… Dois lixeiros,o mais baixo na escala de trabalho”.
No dia seguinte, admitindo que disse “uma frase infeliz”, o âncora pediu desculpas aos garis e aos telespectadores. “Frase infeliz?”. Ora, quem o conhece sabe que Boris disse exatamente o que pensa. Em vez de pedir desculpas, deveria ter pedido o boné e saído de fininho.
Um dos precursores da direita festiva que vem ampliando seu nicho de mercado na imprensa, Boris Casoy sempre foi dos primeiros a criticar as incontinências verbais do presidente Lula e a gritar “Fogo na floresta! Censura! Querem controlar a imprensa!” toda vez que se coloca em debate qualquer forma de se estabelecer normas legais civilizadas para regulamentar o trabalho dos jornalistas e dos meios de comunicação.
O mais triste de tudo isso é que muitos colegas seus devem ter achado graça no comentário dele sobre os lixeiros. Para quem acha que tudo pode, donos da verdade e senhores da liberdade absoluta, isso faz parte do jogo, foi apenas um deslize do operador de áudio.
II
A história de Boris Casoy é das mais sombrias. Ele sempre esteve vinculado a grupos de direita e manteve relações com políticos reacionários. Segundo artigo bombástico da revista Cruzeiro, em 1968, o então estudante do Mackenzie teria sido membro do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), o grupo fascista que promoveu inúmeros atos terroristas durante a ditadura militar. Casoy nega a sua militância, mas vários historiadores e personagens do período confirmam a denúncia.
Âncora da oposição de direita
Ainda de 1968, o direitista foi nomeado secretário de imprensa de Herbert Levy, então secretário de Agricultura do governo biônico de Abreu Sodré – em plena ditadura. Também foi assessor do ministro da Agricultura do general Garrastazu Médici na fase mais dura das torturas e mortes do regime militar. Em 1974, Casoy ingressou na Folha de S.Paulo e, numa ascensão meteórica, foi promovido a editor-chefe do jornal de Octávio Frias, outro partidário do setor “linha dura” dos generais golpistas. Como âncora de televisão, a sua carreira teve início no SBT, em 1988.
Na seqüência, Casoy foi apresentador do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido em dezembro de 2005. Ressentido, ele declarou à revista IstoÉ que “o governo pressionou a Record [para me demitir]... Foram várias pressões e a final foi do Zé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve como sustentar seu discurso raivoso, que transformou o telejornal em palanque da oposição de direita, bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo do mensalão”.
Nos bastidores da TV Bandeirantes
Em 2008, Casoy foi contratado pela TV Bandeirantes e manteve suas posições direitistas. Ele é um inimigo declarado dos movimentos grevistas e detesta o MST. Não esconde sua visão elitista contra as políticas sociais do governo Lula e alinha-se sempre com as posições imperialistas dos EUA nas questões da política externa. O vazamento do vídeo em que ofende os garis confirma seu arraigado preconceito contra os trabalhadores e tumultuou os bastidores da TV Bandeirantes.
Entidades sindicais e populares já analisam a possibilidade de ingressar com representação junto à Procuradoria Geral da República. Como ironiza Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, seria saudável o “Boris prestar serviços comunitários por um tempo, varrendo ruas, para ter a oportunidade de fazer algo de útil aos seus semelhantes”. Também é possível acionar o Ministério Público Federal, que tem a função de defender os direitos constitucionais do cidadão junto “aos concessionários e permissionários de serviço público” – como é o caso das TVs.
I
Nem gostaria de tocar neste assunto porque não sou de ficar tripudiando quando um colega pisa no tomate. Na verdade, o que o Boris Casoy fez no Jornal da Band na última noite do ano foi pisar no tomateiro inteiro e depois sentar em cima.
A esta altura, vocês já devem saber do que estou falando porque muitos leitores me escreveram pedindo para comentar o assunto e a internet está inundada de comentários sobre o veterano jornalista que ficou conhecido pelo bordão “isto é uma vergonha!”.
Ao final do telejornal, enquanto passava um vídeo com trabalhadores desejando um feliz ano novo, sem saber que o áudio estava aberto, Casoy mandou ver: “Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras… Dois lixeiros,o mais baixo na escala de trabalho”.
No dia seguinte, admitindo que disse “uma frase infeliz”, o âncora pediu desculpas aos garis e aos telespectadores. “Frase infeliz?”. Ora, quem o conhece sabe que Boris disse exatamente o que pensa. Em vez de pedir desculpas, deveria ter pedido o boné e saído de fininho.
Um dos precursores da direita festiva que vem ampliando seu nicho de mercado na imprensa, Boris Casoy sempre foi dos primeiros a criticar as incontinências verbais do presidente Lula e a gritar “Fogo na floresta! Censura! Querem controlar a imprensa!” toda vez que se coloca em debate qualquer forma de se estabelecer normas legais civilizadas para regulamentar o trabalho dos jornalistas e dos meios de comunicação.
O mais triste de tudo isso é que muitos colegas seus devem ter achado graça no comentário dele sobre os lixeiros. Para quem acha que tudo pode, donos da verdade e senhores da liberdade absoluta, isso faz parte do jogo, foi apenas um deslize do operador de áudio.
II
A história de Boris Casoy é das mais sombrias. Ele sempre esteve vinculado a grupos de direita e manteve relações com políticos reacionários. Segundo artigo bombástico da revista Cruzeiro, em 1968, o então estudante do Mackenzie teria sido membro do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), o grupo fascista que promoveu inúmeros atos terroristas durante a ditadura militar. Casoy nega a sua militância, mas vários historiadores e personagens do período confirmam a denúncia.
Âncora da oposição de direita
Ainda de 1968, o direitista foi nomeado secretário de imprensa de Herbert Levy, então secretário de Agricultura do governo biônico de Abreu Sodré – em plena ditadura. Também foi assessor do ministro da Agricultura do general Garrastazu Médici na fase mais dura das torturas e mortes do regime militar. Em 1974, Casoy ingressou na Folha de S.Paulo e, numa ascensão meteórica, foi promovido a editor-chefe do jornal de Octávio Frias, outro partidário do setor “linha dura” dos generais golpistas. Como âncora de televisão, a sua carreira teve início no SBT, em 1988.
Na seqüência, Casoy foi apresentador do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido em dezembro de 2005. Ressentido, ele declarou à revista IstoÉ que “o governo pressionou a Record [para me demitir]... Foram várias pressões e a final foi do Zé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve como sustentar seu discurso raivoso, que transformou o telejornal em palanque da oposição de direita, bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo do mensalão”.
Nos bastidores da TV Bandeirantes
Em 2008, Casoy foi contratado pela TV Bandeirantes e manteve suas posições direitistas. Ele é um inimigo declarado dos movimentos grevistas e detesta o MST. Não esconde sua visão elitista contra as políticas sociais do governo Lula e alinha-se sempre com as posições imperialistas dos EUA nas questões da política externa. O vazamento do vídeo em que ofende os garis confirma seu arraigado preconceito contra os trabalhadores e tumultuou os bastidores da TV Bandeirantes.
Entidades sindicais e populares já analisam a possibilidade de ingressar com representação junto à Procuradoria Geral da República. Como ironiza Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, seria saudável o “Boris prestar serviços comunitários por um tempo, varrendo ruas, para ter a oportunidade de fazer algo de útil aos seus semelhantes”. Também é possível acionar o Ministério Público Federal, que tem a função de defender os direitos constitucionais do cidadão junto “aos concessionários e permissionários de serviço público” – como é o caso das TVs.
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