Sim, isso já aconteceu. O ano: 1972. A ocasião: o programa de maior destaque na TV brasileira naqueles idos: o de Flávio Cavalcanti.
O relato desse momento inusitado está em um livro estranho: “Um instante, maestro!”, de Léa Penteado. “Estranho” porque não se trata de uma biografia pura e simplesmente ruim, mas sim de um texto elaborado por alguém que vê no antigo apresentador uma espécie de pai sem qualquer defeito; uma autora que, por ter sido tão próxima de seu personagem, se mostra incapaz de manter o distanciamento mínimo para escrever sobre um nome fundamental da história da TV no Brasil.
Segundo a autora, que foi por mais de uma década secretária particular do apresentador, Pelé, Roberto Carlos e Chico Anysio eram as personalidades mais importantes do Brasil em 1972. Em maio daquele ano, numa espécie de sofá da Hebe, os três foram convidados a passar por uma situação inusitada, cujo registro em vídeo infelizmente se perdeu.
Segundo a autora, no “encontro criativo” Pelé cantou, Roberto Carlos contou piadas e Chico Anysio fez algumas embaixadinhas. A cena se tornou capa de algumas revistas e chegou a cravar 72 pontos de audiência no Ibope.
Memória traíra e surpreendente
Flávio Cavalcanti alcançou grande popularidade nos anos 60, mas sua figura me remete a uma de minhas primeiras memórias televisivas, ainda em preto-e-branco, no começo dos anos 80. Ao ler o livro, percebi, mais uma vez, que recordações infantis estão longe de ser confiáveis. Eu tinha certeza absoluta de que o apresentador havia morrido durante um de seus programas ao vivo. Na verdade ele passou mal diante das câmeras, precisou ser substituído por um de seus jurados (Wagner Montes!) e veio a morrer alguns dias depois, em decorrência de problemas cardíacos.
Mais curioso ainda é ver como certas leituras batem fundo em nossa memória. O último capítulo do livro destaca uma atitude bacana de Silvio Santos (último patrão de Flávio Cavalcanti), que simplesmente tirou do ar toda a programação do canal por 24 horas (27/05/86), em respeito ao funcionário que acabara de falecer. Aquele foi um dia em que, por algum razão, não pude sair de casa. Devo ter recorrido à TV para me entreter e foi aí que a imagem da tela do SBT, toda escura e apenas com uma faixa transversal, se fixou de maneira muito nítida em minha retina, provavelmente pelo seu ineditismo. Era como se Fausto Silva batesse as botas repentinamente, com uma diferença básica: ao invés de ligar a televisão, talvez um guri de seis anos, hoje em dia, se refugiasse no laptop do pai, em busca de um antídoto à monotonia de um dia triste.
O relato desse momento inusitado está em um livro estranho: “Um instante, maestro!”, de Léa Penteado. “Estranho” porque não se trata de uma biografia pura e simplesmente ruim, mas sim de um texto elaborado por alguém que vê no antigo apresentador uma espécie de pai sem qualquer defeito; uma autora que, por ter sido tão próxima de seu personagem, se mostra incapaz de manter o distanciamento mínimo para escrever sobre um nome fundamental da história da TV no Brasil.
Segundo a autora, que foi por mais de uma década secretária particular do apresentador, Pelé, Roberto Carlos e Chico Anysio eram as personalidades mais importantes do Brasil em 1972. Em maio daquele ano, numa espécie de sofá da Hebe, os três foram convidados a passar por uma situação inusitada, cujo registro em vídeo infelizmente se perdeu.
Segundo a autora, no “encontro criativo” Pelé cantou, Roberto Carlos contou piadas e Chico Anysio fez algumas embaixadinhas. A cena se tornou capa de algumas revistas e chegou a cravar 72 pontos de audiência no Ibope.
Memória traíra e surpreendente
Flávio Cavalcanti alcançou grande popularidade nos anos 60, mas sua figura me remete a uma de minhas primeiras memórias televisivas, ainda em preto-e-branco, no começo dos anos 80. Ao ler o livro, percebi, mais uma vez, que recordações infantis estão longe de ser confiáveis. Eu tinha certeza absoluta de que o apresentador havia morrido durante um de seus programas ao vivo. Na verdade ele passou mal diante das câmeras, precisou ser substituído por um de seus jurados (Wagner Montes!) e veio a morrer alguns dias depois, em decorrência de problemas cardíacos.
Mais curioso ainda é ver como certas leituras batem fundo em nossa memória. O último capítulo do livro destaca uma atitude bacana de Silvio Santos (último patrão de Flávio Cavalcanti), que simplesmente tirou do ar toda a programação do canal por 24 horas (27/05/86), em respeito ao funcionário que acabara de falecer. Aquele foi um dia em que, por algum razão, não pude sair de casa. Devo ter recorrido à TV para me entreter e foi aí que a imagem da tela do SBT, toda escura e apenas com uma faixa transversal, se fixou de maneira muito nítida em minha retina, provavelmente pelo seu ineditismo. Era como se Fausto Silva batesse as botas repentinamente, com uma diferença básica: ao invés de ligar a televisão, talvez um guri de seis anos, hoje em dia, se refugiasse no laptop do pai, em busca de um antídoto à monotonia de um dia triste.
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