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Ser grande é para poucos

Sábado foi noite de ver Guinga e o Quinteto Villa-Lobos, no Auditório Ibirapuera. Na primeira metade do espetáculo, só os cinco músicos de sopro no palco. Coisa fina, arranjos de grandes obras do maestro que dá nome ao grupo, canções que dão ainda mais vontade de aprender e estudar música.

Depois de uns 40 minutos, entra Guinga, debaixo de elogios efusivos do Quinteto – entre eles o incrível clarinetista Paulo Sérgio Santos, que já acompanha o violão de Guinga há um bocado de tempo. A partir de então, só músicas de seu repertório. Aí entra a grandeza de um cara que tem noção de seu talento "simples e absurdo": Guinga solou pra valer mesmo em poucas canções. Humilde e consciente da sua condição de convidado e homenageado da noite, deu o palco e direcionou a atenção da platéia ao Quinteto, que honrou em cada nota as complicadas melodias.

Fã de futebol (ele joga com o Chico às vezes!!), Guinga fez como Cruyff, que dizia jogar 85 minutos de uma partida para o time e cinco minutos para si e à platéia. Para quem já conhecia seu talento, serviu para matar a saudade. Para alguns que foram apresentados a seu talento naquela noite, foi uma ótima amostra, encerrada no bis com "Senhorinha", a música ideal para embalar qualquer Dia dos Namorados, mesmo pra quem está solteiro.

Comentários

Pena Schmidt disse…
O Auditório Ibirapuera agradece sua presença a espera ve-los por lá.
Confiram a programação: www.auditorioibirapuera.com.br

abraços

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