Cresci vendo filmes e lendo sobre como deveria ser bacana viver num país como os Estados Unidos, com suas casas à la Alphaville, sem pobreza, graves problemas sociais, ampla democracia etc etc etc...
Cerca de 40 dias rodando pela costa oeste do país, no ano passado, comprovaram o óbvio: como todo país, os Estados Unidos (e, em especial, cidades como Los Angeles e San Diego) tem seus probleminhas e problemões.
Reportagem da Folha de hoje dá só um pitaco a mais sobre como andam as coisas pelas terras do Tio Sam:
Crise aumenta fila por alimento nos EUA
O movimento incessante e as filas no centro de distribuição emergencial de alimentos da igreja luterana de St. Paul, em Nashville (Tennessee), seriam totalmente atípicos pouco antes da crise econômica.
Mas, quando a recessão levou a quantidade de pessoas atendidas emergencialmente pela maior rede filantrópica contra a fome dos Estados Unidos, a Feeding America, a dar um salto de 46% desde 2006 (última contagem), a entrega de comida a mais de 8.000 famílias por ano virou a regra na pequena congregação.
"Nunca vi uma situação tão ruim", disse à Folha John Swyers, pastor da St. Paul, que recebeu a reportagem na igreja, ligada à Feeding America, no último dia 5. "O volume de gente que nos procura desde o início da recessão [em dezembro de 2007] aumentou dramaticamente e ainda não começou a diminuir", afirmou.
Dificuldade ou falta de acesso aos alimentos necessários a uma vida saudável - nos Estados Unidos, insegurança alimentar - são mostras de até que ponto a crise econômica afetou o país.
O Departamento de Agricultura americano afirma que de 2007 a 2008 o número de cidadãos nessa situação passou de 36,2 milhões para 49 milhões, um recorde desde 1995, quando essa pesquisa anual foi inaugurada. A insegurança alimentar afeta hoje aproximadamente 1 em cada 8 americanos.
Os dados são corroborados pela experiência da Feeding America. Divulgado em janeiro, o relatório Fome na América 2010, em que a rede privada compara a situação da ajuda contra a fome de 2006 a 2009, diz que mais de 37 milhões de pessoas recebem hoje caixas emergenciais de alimentos nos EUA. É um aumento de 12 milhões de pessoas em relação ao relatório anterior (de 2006).
Desemprego
Com taxa de pobreza em 15% da população e de desemprego de quase 11% (acima da taxa nacional, de 9,7%), o Estado do Tennessee vem sendo castigado pela situação. Na igreja de St.Paul, por exemplo, o crescimento no número de pessoas atendidas chegou a 80% de 2006 a 2009.
A alta da demanda reduziu os estoques e levou o centro a fechar as portas várias vezes no último ano, por não ter mais o que entregar. E o perfil dos que procuram ajuda também mudou: "Há muito mais gente que antes pertencia a outros níveis de renda", afirmou o pastor John Swyers.
Reginald Majors, 35, é um dos afetados pela crise que passaram a recorrer ao centro. Ele perdeu o emprego como motorista de caminhão em março de 2009 e desde então conta somente com a ajuda das caixas emergenciais.
Na manhã do dia 5, Majors enfrentou a chuva fina e o frio de 0C para buscar as porções de carne, sopa, vegetais, frutas, macarrão, arroz, feijão e cereais para os quatro filhos. "A recessão nos atingiu duramente", disse. "Mas vou parar de buscar comida aqui assim que conseguir outro emprego", completou o ex-motorista.
A cada semana, as agências associadas à rede Feeding America alimentam 1 milhão de pessoas a mais neste ano do que em 2006, chegando a 5,7 milhões de atendimentos emergenciais.
Na esteira da crise, o desemprego é um dos fatores que mais influenciam os números. Em 2009, dos lares atendidos pela Feeding America, apenas 36% tinham ao menos um adulto empregado, e, dos desempregados, 22% foram demitidos no último ano.
Além disso, mais de um terço dos que recebem caixas emergenciais é forçado a escolher entre comprar comida ou pagar por outras necessidades básicas, como aluguel, contas e assistência médica.
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PS - Este é o post de número 200 de Já reparou?.
Cerca de 40 dias rodando pela costa oeste do país, no ano passado, comprovaram o óbvio: como todo país, os Estados Unidos (e, em especial, cidades como Los Angeles e San Diego) tem seus probleminhas e problemões.
Reportagem da Folha de hoje dá só um pitaco a mais sobre como andam as coisas pelas terras do Tio Sam:
Crise aumenta fila por alimento nos EUA
O movimento incessante e as filas no centro de distribuição emergencial de alimentos da igreja luterana de St. Paul, em Nashville (Tennessee), seriam totalmente atípicos pouco antes da crise econômica.
Mas, quando a recessão levou a quantidade de pessoas atendidas emergencialmente pela maior rede filantrópica contra a fome dos Estados Unidos, a Feeding America, a dar um salto de 46% desde 2006 (última contagem), a entrega de comida a mais de 8.000 famílias por ano virou a regra na pequena congregação.
"Nunca vi uma situação tão ruim", disse à Folha John Swyers, pastor da St. Paul, que recebeu a reportagem na igreja, ligada à Feeding America, no último dia 5. "O volume de gente que nos procura desde o início da recessão [em dezembro de 2007] aumentou dramaticamente e ainda não começou a diminuir", afirmou.
Dificuldade ou falta de acesso aos alimentos necessários a uma vida saudável - nos Estados Unidos, insegurança alimentar - são mostras de até que ponto a crise econômica afetou o país.
O Departamento de Agricultura americano afirma que de 2007 a 2008 o número de cidadãos nessa situação passou de 36,2 milhões para 49 milhões, um recorde desde 1995, quando essa pesquisa anual foi inaugurada. A insegurança alimentar afeta hoje aproximadamente 1 em cada 8 americanos.
Os dados são corroborados pela experiência da Feeding America. Divulgado em janeiro, o relatório Fome na América 2010, em que a rede privada compara a situação da ajuda contra a fome de 2006 a 2009, diz que mais de 37 milhões de pessoas recebem hoje caixas emergenciais de alimentos nos EUA. É um aumento de 12 milhões de pessoas em relação ao relatório anterior (de 2006).
Desemprego
Com taxa de pobreza em 15% da população e de desemprego de quase 11% (acima da taxa nacional, de 9,7%), o Estado do Tennessee vem sendo castigado pela situação. Na igreja de St.Paul, por exemplo, o crescimento no número de pessoas atendidas chegou a 80% de 2006 a 2009.
A alta da demanda reduziu os estoques e levou o centro a fechar as portas várias vezes no último ano, por não ter mais o que entregar. E o perfil dos que procuram ajuda também mudou: "Há muito mais gente que antes pertencia a outros níveis de renda", afirmou o pastor John Swyers.
Reginald Majors, 35, é um dos afetados pela crise que passaram a recorrer ao centro. Ele perdeu o emprego como motorista de caminhão em março de 2009 e desde então conta somente com a ajuda das caixas emergenciais.
Na manhã do dia 5, Majors enfrentou a chuva fina e o frio de 0C para buscar as porções de carne, sopa, vegetais, frutas, macarrão, arroz, feijão e cereais para os quatro filhos. "A recessão nos atingiu duramente", disse. "Mas vou parar de buscar comida aqui assim que conseguir outro emprego", completou o ex-motorista.
A cada semana, as agências associadas à rede Feeding America alimentam 1 milhão de pessoas a mais neste ano do que em 2006, chegando a 5,7 milhões de atendimentos emergenciais.
Na esteira da crise, o desemprego é um dos fatores que mais influenciam os números. Em 2009, dos lares atendidos pela Feeding America, apenas 36% tinham ao menos um adulto empregado, e, dos desempregados, 22% foram demitidos no último ano.
Além disso, mais de um terço dos que recebem caixas emergenciais é forçado a escolher entre comprar comida ou pagar por outras necessidades básicas, como aluguel, contas e assistência médica.
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PS - Este é o post de número 200 de Já reparou?.
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