Ouvi falar pela primeira vez de Alfred Kinsey ao ler “A mulher do próximo”, livraço de Gay Talese que aborda, principalmente, a evolução da sexualidade na sociedade norte-americana. À época fiquei curioso e vi que Hollywood já havia feito um filme a seu respeito, mas passou um bom tempo até que eu pudesse assisti-lo. Pois bem. Assisti a ele hoje.
Até se tornar famoso, Kinsey (interpretado no filme por Liam Neeson) era um respeitado pesquisador da área de biologia animal. O que o tirou do anonimato nacional foram seus trabalhos a respeito da sexualidade humana. Até hoje, pelo que o Google nos diz, suas obras são consideradas fundamentais para o entendimento da diversidade sexual. Mas, em fins dos anos 40, seu árduo trabalho foi alvo de pancadas de toda espécie, vindas de carolas a colegas cientistas, de pais de família à conservadoríssima direita do país, já articulada na lamentável caça às bruxas dos tempos macarthistas.
Inicialmente, Kinsey queria apenas que os estudantes tivessem acesso a aulas de educação sexual que se aproximassem – ainda que pouco – da vida real. A informação sexual “séria” disponível nos EUA à época era um misto de preceitos religiosos com informações científicas que hoje fazem rir. Jovens adultos, recém-chegados à faculdade, criam que sexo oral causava infertilidade; masturbação para o homem gerava impotência e, para as mulheres, orgasmos solitários clitorianos eram doenças ligadas à loucura; temas como homossexualismo e adultério eram caso de polícia em mais de 40 estados da “maior nação do mundo”.
A ignorância do norte-americano médio levou o cientista a comandar a maior pesquisa já feita até então sobre o comportamento sexual humano. Caetano Veloso diria, muitos anos depois, em “Vaca profana”, que “de perto ninguém é normal”, e o chamado Relatório Kinsey veio confirmar essa idéia. Foram ouvidas dezenas de milhares de pessoas e os livros publicados a partir dessas informações se mostraram preponderantes para inúmeras pequenas revoluções comportamentais na sociedade norte-americana, cujo ápice pôde ser visto na década de 1960, marcada pelo seu amor livre, pelo movimento hippie e toda a onda da contracultura que influencia grande parte do mundo até hoje.
A partir do Relatório, a América descobriu que “92% dos seus homens e 62% das suas mulheres se masturbava. E que 37% dos homens e 13% das mulheres já tinham tido uma relação homossexual que lhes tinha proporcionado um orgasmo. Neste caso, os fatos foram noticiados pela imprensa sensacionalista como uma verdadeira bomba”, segundo a Wikipedia. Pedofilia, zoofilia, sexo grupal e outros temas delicados eram, de acordo com a pesquisa, bem mais comuns do que imaginava o mais perverso dos norte-americanos.
Kinsey se tornou capa de Time e outras publicações de massa, quase sempre em tom crítico. Membros da família Rockfeller foram obrigados a depor no Congresso e explicar por que sua fundação financiou tais estudos. O aspecto pessoal da vida do cientista foi devastado, bem como o de sua família. Seu nome, ao menos, entrou para a história.
Até se tornar famoso, Kinsey (interpretado no filme por Liam Neeson) era um respeitado pesquisador da área de biologia animal. O que o tirou do anonimato nacional foram seus trabalhos a respeito da sexualidade humana. Até hoje, pelo que o Google nos diz, suas obras são consideradas fundamentais para o entendimento da diversidade sexual. Mas, em fins dos anos 40, seu árduo trabalho foi alvo de pancadas de toda espécie, vindas de carolas a colegas cientistas, de pais de família à conservadoríssima direita do país, já articulada na lamentável caça às bruxas dos tempos macarthistas.
Inicialmente, Kinsey queria apenas que os estudantes tivessem acesso a aulas de educação sexual que se aproximassem – ainda que pouco – da vida real. A informação sexual “séria” disponível nos EUA à época era um misto de preceitos religiosos com informações científicas que hoje fazem rir. Jovens adultos, recém-chegados à faculdade, criam que sexo oral causava infertilidade; masturbação para o homem gerava impotência e, para as mulheres, orgasmos solitários clitorianos eram doenças ligadas à loucura; temas como homossexualismo e adultério eram caso de polícia em mais de 40 estados da “maior nação do mundo”.
A ignorância do norte-americano médio levou o cientista a comandar a maior pesquisa já feita até então sobre o comportamento sexual humano. Caetano Veloso diria, muitos anos depois, em “Vaca profana”, que “de perto ninguém é normal”, e o chamado Relatório Kinsey veio confirmar essa idéia. Foram ouvidas dezenas de milhares de pessoas e os livros publicados a partir dessas informações se mostraram preponderantes para inúmeras pequenas revoluções comportamentais na sociedade norte-americana, cujo ápice pôde ser visto na década de 1960, marcada pelo seu amor livre, pelo movimento hippie e toda a onda da contracultura que influencia grande parte do mundo até hoje.
A partir do Relatório, a América descobriu que “92% dos seus homens e 62% das suas mulheres se masturbava. E que 37% dos homens e 13% das mulheres já tinham tido uma relação homossexual que lhes tinha proporcionado um orgasmo. Neste caso, os fatos foram noticiados pela imprensa sensacionalista como uma verdadeira bomba”, segundo a Wikipedia. Pedofilia, zoofilia, sexo grupal e outros temas delicados eram, de acordo com a pesquisa, bem mais comuns do que imaginava o mais perverso dos norte-americanos.
Kinsey se tornou capa de Time e outras publicações de massa, quase sempre em tom crítico. Membros da família Rockfeller foram obrigados a depor no Congresso e explicar por que sua fundação financiou tais estudos. O aspecto pessoal da vida do cientista foi devastado, bem como o de sua família. Seu nome, ao menos, entrou para a história.
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