É difícil para alguém nascido nos anos 80 ter noção exata do quão famoso e importante foi Tim Maia, especialmente nos anos 70. Sempre tive grande simpatia pelo seu estilo bonachão e contestatório, bem como por grande parte de seus inúmeros hits. Mas admito aqui minha ignorância sobre alguns aspectos bem relevantes da vida e obra do “preto, gordo e cafajeste”, com destaque para seu vasto conhecimento musical, colocado em evidência inúmeras vezes por Nelson Motta em seu mais recente livro, todo dedicado ao cantor.
Em “Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia”, assim como em “Noites tropicais”, Nelson Motta desperta um bocado de inveja no leitor que gosta de música e se interessa pela cena cultural brasileira. Nos dois casos, sua narração é privilegiada pelo fato de ter sido personagem e testemunha de muitas das histórias narradas – e também por conseguir transmitir aos mais leigos por que Fulano é um grande arranjador, Sicrano é um exímio violonista e Beltrano deixa muito a desejar.
Tim Maia nunca soube ler música e só foi estudar alguma coisa de teoria nessa área depois de famoso. Apesar dessa limitação, seus ouvidos e gogó privilegiados eram capazes de transmitir aos músicos que o acompanhavam exatamente aquilo que queria como acompanhamento, seja em baladas românticas ou pegadas fortes de funk, soul e outros ritmos dançantes. E fazia bonito, de modo inventivo e ao mesmo tempo simples, na medida para o estilo “esquenta-sovaco/mela-cueca” que caracterizava grande parte de seus discos, segundo sua auto-definição.
Devido à leitura de outros livros, especialmente os dois principais escritos sobre Roberto Carlos (“Roberto Carlos em detalhes” e “Como dois e dois são cinco”), as informações básicas sobre a adolescência de Tim Maia (quando conviveu bastate com o Rei), os cinco anos vividos nos Estados Unidos e o complicado início de carreira no Brasil já não eram novidade, mas ganharam uma riqueza de informações essenciais para tentar entender a controversa personalidade do cantor. Vem desse período sua iniciação no chamado “triatlon” – noites regadas a maconha, cocaína e Chivas 12 anos –, hábito que o acompanharia em maior ou menor grau até as últimas semanas de vida. É na fase norte-americana também que Tim sofre algumas das mais fortes influências musicais de sua vida, ao ter contato com o som da Motown e de vários expoentes que estavam colocando a rapaziada dos guetos pra dançar nas grandes cidades dos EUA, da mesma forma como o Síndico viria a fazer em inúmeros bailes na zona norte carioca e em outras regiões carentes pelo Brasil afora.
A relação de Tim com as mulheres, com os credores, com as gravadoras, com os contratantes de shows, com os parentes, com os músicos e consigo mesmo é tensa, muito tensa. Mas a narrativa de Nelson Motta consegue intercalar essa tensão com incontáveis causos hilariantes, que fazem a leitura ser bem ágil, sem exigir nenhuma concentração ou silêncio. Bom pra se ler em qualquer canto, seja com “Sossego”, comendo “Chocolate” ou num “Dia de domingo”. “Vale tudo”.
Em “Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia”, assim como em “Noites tropicais”, Nelson Motta desperta um bocado de inveja no leitor que gosta de música e se interessa pela cena cultural brasileira. Nos dois casos, sua narração é privilegiada pelo fato de ter sido personagem e testemunha de muitas das histórias narradas – e também por conseguir transmitir aos mais leigos por que Fulano é um grande arranjador, Sicrano é um exímio violonista e Beltrano deixa muito a desejar.
Tim Maia nunca soube ler música e só foi estudar alguma coisa de teoria nessa área depois de famoso. Apesar dessa limitação, seus ouvidos e gogó privilegiados eram capazes de transmitir aos músicos que o acompanhavam exatamente aquilo que queria como acompanhamento, seja em baladas românticas ou pegadas fortes de funk, soul e outros ritmos dançantes. E fazia bonito, de modo inventivo e ao mesmo tempo simples, na medida para o estilo “esquenta-sovaco/mela-cueca” que caracterizava grande parte de seus discos, segundo sua auto-definição.
Devido à leitura de outros livros, especialmente os dois principais escritos sobre Roberto Carlos (“Roberto Carlos em detalhes” e “Como dois e dois são cinco”), as informações básicas sobre a adolescência de Tim Maia (quando conviveu bastate com o Rei), os cinco anos vividos nos Estados Unidos e o complicado início de carreira no Brasil já não eram novidade, mas ganharam uma riqueza de informações essenciais para tentar entender a controversa personalidade do cantor. Vem desse período sua iniciação no chamado “triatlon” – noites regadas a maconha, cocaína e Chivas 12 anos –, hábito que o acompanharia em maior ou menor grau até as últimas semanas de vida. É na fase norte-americana também que Tim sofre algumas das mais fortes influências musicais de sua vida, ao ter contato com o som da Motown e de vários expoentes que estavam colocando a rapaziada dos guetos pra dançar nas grandes cidades dos EUA, da mesma forma como o Síndico viria a fazer em inúmeros bailes na zona norte carioca e em outras regiões carentes pelo Brasil afora.
A relação de Tim com as mulheres, com os credores, com as gravadoras, com os contratantes de shows, com os parentes, com os músicos e consigo mesmo é tensa, muito tensa. Mas a narrativa de Nelson Motta consegue intercalar essa tensão com incontáveis causos hilariantes, que fazem a leitura ser bem ágil, sem exigir nenhuma concentração ou silêncio. Bom pra se ler em qualquer canto, seja com “Sossego”, comendo “Chocolate” ou num “Dia de domingo”. “Vale tudo”.
Comentários