Pular para o conteúdo principal

O melhor rum do mundo

O camarada Laldert havia cantado a bola, antes de minha viagem para a Nicarágua: o país tem a fama de produzir o melhor rum do mundo – superior até mesmo aos famosos cubanos. Chegando a Manágua, logo de cara tratei de ir atrás de mais informações. Já no aeroporto, as conversas com alguns vendedores deixaram claro que minha busca seria pelo famoso “Flor de caña".

Uma rápida navegada me mostrou que o tal rum é reconhecido como o melhor de sua espécie em todo o mundo. Na primeira oportunidade, no próprio bar do hotel, pedi um trago do rótulo de sete anos. Delícia! No dia seguinte, arrisquei o de 12 anos: surpresa das grandes, pois descia sem qualquer arranhão na garganta, um cheiro sensacional e um gosto que não deixava a dever a qualquer uísque da mesma idade.

A companhia “Flor de caña” produz seu néctar desde 1937, mas somente depois de duas décadas passou a ser exportado. Leio pelos www da vida que desde 2000 seu carro-chefe (18 anos) já ganhou mais de cem eleições, contra concorrentes de todo o mundo – inclusive os apreciados cubanos.

Achei muito legal o orgulho de alguns nicaraguenses em relação à bebida. Ouvi de ao menos dois bebedores inveterados uma defesa firme a respeito do “Flor de caña” e outros rótulos do país. Empolgado, trouxe na bagagem uma garrafa do modelo de 18 anos. Para efeito de comparação, seu valor é um pouco menor do que um uísque 12 anos. Sua graduação é de 40%. Ao escrever este post, me pergunto por que não trouxe mais algumas.

Fica a dica para os apreciadores de boas bebidas: como poucas pessoas incluem a Nicarágua em seus roteiros de viagem, o aeroporto do Panamá é o canal (trocadilho ruim, hein?) para comprar bons runs, já que o país é o principal entreposto para todos os que viajam à América Central e a algumas cidades dos Estados Unidos.

PS – em alguns free shops vi um tipo novo da família Johnny Walker: o Double Black. Tomei um gole de amostra grátis no Panamá e gostei, mas achei um tanto caro (44 dólares). Alguém conhece?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bismarck, unificação e as consequências da industrialização alemã

É impossível afirmar que um evento com a magnitude da Primeira Guerra Mundial tenha ocorrido por conta de um fenômeno isolado – são vários os elementos envolvidos. No entanto, para muitos historiadores e analistas, o papel geopolítico desempenhado pela Alemanha no final do século 19 foi um fator preponderante para o início do conflito. Este trabalho pretende analisar, pelo viés do desenvolvimento econômico da Alemanha, de que maneira um país unificado somente em 1871 pôde se transformar, em pouco mais de quatro décadas, em uma nação de primeira grandeza – a ponto de ser um dos protagonistas da Primeira Guerra. Que elementos – externos e internos – contribuíram para essa ascensão? Até que ponto é correto responsabilizar os alemães pelo estopim do conflito que viria a tirar as vidas de 19 milhões de pessoas? De 1789 a 1848 – anos cercados por revoluções Uma geração inteira, tanto na França quanto nos estados germânicos, cresceu sob o impacto direto das consequências da Revolução Francesa...

O dilema dos EUA: resgatar o passado ou construir um novo futuro?

RESENHA DE "ESTAS VERDADES", DE JILL LEPORE Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos, em 2008, utilizando-se de um slogan que ganhou fama mundial: “Change”. Nem durante a campanha eleitoral e tampouco no decorrer de seus dois mandatos foi possível entender com clareza qual seria essa mudança. Em 2016, Donald Trump conseguiu ser muito mais explícito ao prometer que tornaria a América grandiosa novamente. O empresário e apresentador de TV optou pelo resgate de valores do passado estadunidense para atingir em cheio ― e com sucesso ― o cidadão insatisfeito com o presente incerto deste início de século 21. Após oito anos de ações abstratas do governo Obama, seu sucessor não se furtou em propor uma série de políticas xenófobas, segregacionistas e protecionistas para chegar à Casa Branca.   Desde o primeiro dia de seu mandato, pairaram sobre Trump nuvens de ameaças à democracia dos Estados Unidos. Seu desastroso adeus ― marcado pela tentativa de autogolpe em 6 de janeir...

A grandeza de Nelson Ned

Um belo dia, em um programa de televisão (“Conexão Internacional”, da extinta Rede Manchete), Chico Buarque enviou uma pergunta para Gabriel García Márquez: “As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?”. Com elegância e sem vergonha de suas preferências, o escritor colombiano respondeu: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”. Pela terceira vez (haverá ainda um quarto texto), recorro a “Eu não sou cachorro, não”, livro de Paulo César Araújo para relatar causos de nossa cultura popular. Pouco antes da resposta de Gabo a Chico, fico sabendo ainda que o Nobel de Literatura escreveu “Crônica de uma morte anunciada” ao som de canções como “Tudo passará”, do grande pequeno cantor brasileiro, cuja obra em geral é relegada aos rótulos de “cafona” e “brega” de nossa discografia. Nelson Ned é figura...