Os caras que costumam ter bons palpites sobre os vencedores do Oscar cantaram a bola: era impossível algum filme tirar a estatueta de melhor documentário de “Trabalho interno” neste ano, mesmo diante do apelo de “Lixo extraordinário” e de outras produções simpáticas. Tão bacana quanto a premiação, no entanto, foi o discurso vitorioso do diretor Charles Ferguson durante a cerimônia em Los Angeles: “Perdoem-me, mas eu preciso começar dizendo que três anos após a horrível crise financeira causada por uma grande fraude, nenhum executivo ainda foi para a cadeia”.
A maior parte do filme é dedicada a duas ideias básicas: (1) os Estados Unidos são governados por Wall Street e (2) a crise de 2009 poderia ter sido evitada caso a farra financeira iniciada nos anos 80 tivesse algum nível de regulamentação. Tudo perfeito, com uma única ressalva: somente nos minutos finais o diretor faz uma análise sobre o que são os Estados Unidos hoje, pós-crise e depois de três décadas desastrosas.
É gritante a diferença do padrão de vida entre a maioria dos norte-americanos da década de 70 e os que vivem atualmente no país. O filme mostra rapidamente que desde a década de 80 a desigualdade se amplia, em especial a partir do governo Reagan. Hoje, entre os países desenvolvimento, os EUA são de longe a nação mais injusta. Filhos estudam e evoluem muito menos que seus pais. A classe média tão ajustada ao “american way of life” visto em Hollywood e nas séries de TV é cada vez menor.
Da Grande Depressão até o início dos anos 80, o sistema tributário dos Estados Unidos favoreceu os trabalhadores de renda baixa ou média, em detrimento daqueles com altos rendimentos. Como já dito acima, cabe ao canastrão Ronald Reagan a mudança fundamental nesse padrão fiscal. Como disse certa vez o economista Paul Krugman, o país passou a ter uma realidade de “Robin Hood às avessas”, na qual um dado deixa claro o que mudou: em 1976, 20% da renda nacional pertencia aos 1% mais ricos; em 1998, esses mesmos milionários acumulavam 38% da riqueza norte-americana.
O país mais rico do planeta tem cada vez mais pobres, cujo número cresce na mesma velocidade da hipocrisia dos responsáveis por esse cenário. Já pululam por aí autores que veem na realidade atual dos Estados Unidos o alicerce para um processo de “terceiromundização”, no qual, assim como o Brasil, existirão lado a lado ilhas de riqueza cercadas de carentes por todos os lados. “Trabalho interno” causa indignação aos que ainda têm a capacidade de se indignar, mas, sobretudo, cumpre o papel de educar aos que ainda se interessam por tais assuntos, ao jogar na cara de cada espectador uma realidade difícil de digerir.
A maior parte do filme é dedicada a duas ideias básicas: (1) os Estados Unidos são governados por Wall Street e (2) a crise de 2009 poderia ter sido evitada caso a farra financeira iniciada nos anos 80 tivesse algum nível de regulamentação. Tudo perfeito, com uma única ressalva: somente nos minutos finais o diretor faz uma análise sobre o que são os Estados Unidos hoje, pós-crise e depois de três décadas desastrosas.
É gritante a diferença do padrão de vida entre a maioria dos norte-americanos da década de 70 e os que vivem atualmente no país. O filme mostra rapidamente que desde a década de 80 a desigualdade se amplia, em especial a partir do governo Reagan. Hoje, entre os países desenvolvimento, os EUA são de longe a nação mais injusta. Filhos estudam e evoluem muito menos que seus pais. A classe média tão ajustada ao “american way of life” visto em Hollywood e nas séries de TV é cada vez menor.
Da Grande Depressão até o início dos anos 80, o sistema tributário dos Estados Unidos favoreceu os trabalhadores de renda baixa ou média, em detrimento daqueles com altos rendimentos. Como já dito acima, cabe ao canastrão Ronald Reagan a mudança fundamental nesse padrão fiscal. Como disse certa vez o economista Paul Krugman, o país passou a ter uma realidade de “Robin Hood às avessas”, na qual um dado deixa claro o que mudou: em 1976, 20% da renda nacional pertencia aos 1% mais ricos; em 1998, esses mesmos milionários acumulavam 38% da riqueza norte-americana.
O país mais rico do planeta tem cada vez mais pobres, cujo número cresce na mesma velocidade da hipocrisia dos responsáveis por esse cenário. Já pululam por aí autores que veem na realidade atual dos Estados Unidos o alicerce para um processo de “terceiromundização”, no qual, assim como o Brasil, existirão lado a lado ilhas de riqueza cercadas de carentes por todos os lados. “Trabalho interno” causa indignação aos que ainda têm a capacidade de se indignar, mas, sobretudo, cumpre o papel de educar aos que ainda se interessam por tais assuntos, ao jogar na cara de cada espectador uma realidade difícil de digerir.
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