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Rico, pobre ou dá pra viver?

Uma das pegadinhas verbais mais tontas da época de criança, quando estamos aprendendo certas malícias, era virar pro amiguinho e perguntar: "Seu pai é rico, pobre ou dá pra viver?". Como quase ninguém se assume rico e poucos se consideram realmente pobres, os mais distraídos sempre falavam a terceira opção, resposta aguardada pra que todos pudessem dar risada e sair falando que o pai do Fulano dava pra poder viver.

Nostalgia à parte, em tempos de evolução econômica no país, pouca gente sabe realmente em que faixa econômica está. A última vez em que pensei nisso foi ao responder um questionário socio-econômico na primeira faculdade, cujo resultado apontava que na minha classe havia três alunos da classe A+.

Conceitos que parecem tipo sanguíneo à parte, a impressão que tenho é a de que esses medidores andam meio defasados. Nos últimos meses, muito se tem falado sobre a imensa quantidade de brasileiros que deixaram as classes D e E para ascender à C, formando a chamada "nova classe média", que pode comprar celular, assinar TV a cabo, ter seu carrinho, ir pra praia com freqüência etc etc etc.

Falo tudo isso pra mostrar algo interessante que vi há pouco. O pesquisador Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, produziu um simulador que, a partir de três dados simples (cidade em que vive, renda familiar e número de pessoas sob o mesmo teto), mostra a quantidade de brasileiros em pior situação que a sua.

Anda insatisfeito com o que ganha? Pois saiba que uma família de quatro pessoas em São Paulo, cuja renda seja de R$ 4000,00, está em melhor situação do que outros 89% no país. Para saber qual sua situação, clique aqui.

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