O blog do Alexandre Cossenza, no site do Globo Esporte.com é leitura obrigatória pra quem gosta de tênis. Segue abaixo um texto em que ele sugere algumas tecnologias de seu esporte para o futebol:
Não é exclusividade do esporte. Acontece em todas as áreas. Uma pessoa faz algo diferente e que dá certo. Outra copia e aperfeiçoa. E o método segue sendo aperfeiçoado até que alguém volte a inovar. E assim segue o ciclo. A relação entre esporte e tecnologia não é diferente. E neste domingo, quando dois jogos da Copa do Mundo tiveram seu curso natural alterados por falhas de arbitragem, fico a pensar no que o futebol poderia aprender com o tênis.
O nosso esporte (uso o possessivo porque este blog, afinal, é sobre a modalidade nascida em Wimbledon) tem suas tradições e hábitos, mas soube se adequar aos avanços da tecnologia. Com o desenvolvimento de novas raquetes, cordas e pisos sintéticos mais rápidos, o tênis percebeu que o trabalho dos juízes de linha poderia ser auxiliado. E não teve medo de inovar. Primeiro veio o Cyclops, o sistema que “apitava” quando um saque quicava fora e foi usado pela primeira vez em Wimbledon/1980. Um avanço e tanto, principalmente considerando que muitos olham – equivocadamente – para o Grand Slam britânico como um evento retrógrado. Pois bem. O Cyclops foi testado, aprovado e teve vida longa.
Duas décadas depois, o tênis também aprendeu com a NFL. No futebol da bola oval, árbitros podem rever certas jogadas em monitores instalados à beira dos gramados. Com o surgimento do Hawk-Eye, que avalia quiques de bolas em toda a área de jogo, o tênis deixou de lado o Cyclops. Mas como usar o Hawk-Eye? Do mesmo jeito que o futebol americano: cada atleta tem direito a um número de “desafios”. Se pedir muitos replays e errar, fica sem poder questionar outros lances. Simples.
E por que a Fifa não pode observar, aprender, evoluir?
A entidade máxima do futebol costuma alegar que o erro faz parte do jogo e que a beleza do futebol está na simplicidade. Também é frequente afirmarem que usar tecnologia deixará o esporte mais caro. Nenhuma destas justificativas convence.
Tomemos, mais uma vez, a NFL e o tênis como exemplos. No tênis, ninguém é obrigado a usar o Hawk-Eye. Os torneios com mais dinheiros usam o sistema em mais de uma quadra, mas os eventos mais modestos não usam a tecnologia. Assim, não precisamos exigir que todos estádios de futebol do mundo tenham o sistema. Não comparemos a Copa do Mundo, um evento que não merece ser atrapalhado por erros óbvios de arbitragem, com, por exemplo, o Campeonato Paraense.
No futebol americano, as regras definem bem que tipo de jogada pode ser avaliada em um replay. O famoso pass interference, infração em que um defensor puxa ou agarra um atacante que está prestes a receber o passe, não é passível de replay. Mas lances em que fica dúvida se um jogador entrou ou não na end zone podem ser revistos. Basta que as regras deixem tudo às claras. E também, obviamente, que os árbitros saibam aplicá-las.
Assim, no nosso futebol, o da bola redonda, poderíamos estabelecer, por exemplo, que faltas e pênaltis não seriam passíveis de reavaliação. Por outro lado, impedimentos e lances em que não ficou claro se a bola entrou no gol, sim. E, ao olhar o lance novamente, o árbitro só deve mudar a marcação inicial se não houver dúvida. Em caso mínimo de incerteza, permanece a chamada inicial – como é no futebol americano.
E nem há como argumentar que o uso de replay atrasaria muito as partidas. Na NFL, dois minutos são suficientes para isso. Se, por exemplo, cada time de futebol tiver direito a dois replays no jogo (número mais do que suficiente), o tempo perdido será de no máximo oito minutos – tempo que pode ser acrescido no fim de cada tempo. E convenhamos: está em jogo o trabalho feito por uma seleção em quatro anos. Estes oito minutos, se tanto, estarão sendo muito bem aplicados.
Não vejo muito mistério ou dificuldade em adaptar e estabelecer regras que são usadas sem grandes problemas em outros esportes. E nem entro no mérito da bola com chip, que supostamente vem sendo desenvolvida. Basta que a Fifa observe, aprenda, evolua.
Não é exclusividade do esporte. Acontece em todas as áreas. Uma pessoa faz algo diferente e que dá certo. Outra copia e aperfeiçoa. E o método segue sendo aperfeiçoado até que alguém volte a inovar. E assim segue o ciclo. A relação entre esporte e tecnologia não é diferente. E neste domingo, quando dois jogos da Copa do Mundo tiveram seu curso natural alterados por falhas de arbitragem, fico a pensar no que o futebol poderia aprender com o tênis.
O nosso esporte (uso o possessivo porque este blog, afinal, é sobre a modalidade nascida em Wimbledon) tem suas tradições e hábitos, mas soube se adequar aos avanços da tecnologia. Com o desenvolvimento de novas raquetes, cordas e pisos sintéticos mais rápidos, o tênis percebeu que o trabalho dos juízes de linha poderia ser auxiliado. E não teve medo de inovar. Primeiro veio o Cyclops, o sistema que “apitava” quando um saque quicava fora e foi usado pela primeira vez em Wimbledon/1980. Um avanço e tanto, principalmente considerando que muitos olham – equivocadamente – para o Grand Slam britânico como um evento retrógrado. Pois bem. O Cyclops foi testado, aprovado e teve vida longa.
Duas décadas depois, o tênis também aprendeu com a NFL. No futebol da bola oval, árbitros podem rever certas jogadas em monitores instalados à beira dos gramados. Com o surgimento do Hawk-Eye, que avalia quiques de bolas em toda a área de jogo, o tênis deixou de lado o Cyclops. Mas como usar o Hawk-Eye? Do mesmo jeito que o futebol americano: cada atleta tem direito a um número de “desafios”. Se pedir muitos replays e errar, fica sem poder questionar outros lances. Simples.
E por que a Fifa não pode observar, aprender, evoluir?
A entidade máxima do futebol costuma alegar que o erro faz parte do jogo e que a beleza do futebol está na simplicidade. Também é frequente afirmarem que usar tecnologia deixará o esporte mais caro. Nenhuma destas justificativas convence.
Tomemos, mais uma vez, a NFL e o tênis como exemplos. No tênis, ninguém é obrigado a usar o Hawk-Eye. Os torneios com mais dinheiros usam o sistema em mais de uma quadra, mas os eventos mais modestos não usam a tecnologia. Assim, não precisamos exigir que todos estádios de futebol do mundo tenham o sistema. Não comparemos a Copa do Mundo, um evento que não merece ser atrapalhado por erros óbvios de arbitragem, com, por exemplo, o Campeonato Paraense.
No futebol americano, as regras definem bem que tipo de jogada pode ser avaliada em um replay. O famoso pass interference, infração em que um defensor puxa ou agarra um atacante que está prestes a receber o passe, não é passível de replay. Mas lances em que fica dúvida se um jogador entrou ou não na end zone podem ser revistos. Basta que as regras deixem tudo às claras. E também, obviamente, que os árbitros saibam aplicá-las.
Assim, no nosso futebol, o da bola redonda, poderíamos estabelecer, por exemplo, que faltas e pênaltis não seriam passíveis de reavaliação. Por outro lado, impedimentos e lances em que não ficou claro se a bola entrou no gol, sim. E, ao olhar o lance novamente, o árbitro só deve mudar a marcação inicial se não houver dúvida. Em caso mínimo de incerteza, permanece a chamada inicial – como é no futebol americano.
E nem há como argumentar que o uso de replay atrasaria muito as partidas. Na NFL, dois minutos são suficientes para isso. Se, por exemplo, cada time de futebol tiver direito a dois replays no jogo (número mais do que suficiente), o tempo perdido será de no máximo oito minutos – tempo que pode ser acrescido no fim de cada tempo. E convenhamos: está em jogo o trabalho feito por uma seleção em quatro anos. Estes oito minutos, se tanto, estarão sendo muito bem aplicados.
Não vejo muito mistério ou dificuldade em adaptar e estabelecer regras que são usadas sem grandes problemas em outros esportes. E nem entro no mérito da bola com chip, que supostamente vem sendo desenvolvida. Basta que a Fifa observe, aprenda, evolua.
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