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Chico, como não poderia deixar de ser, vota Dilma

Do blog do Fernando Rodrigues...

O cantor e compositor Chico Buarque de Holanda declarou seu voto na eleição presidencial deste ano. Deve apoiar Dilma Rousseff (PT). “Vou votar na Dilma porque é a candidata do Lula e eu gosto do Lula”. Em seguida, fez uma ressalva: “Mas, a Dilma ou o Serra, não haveria muita diferença”.

A declaração de Chico aparece na revista “Brazuka, uma publicação mensal distribuída gratuitamente em Paris, ile-de-France e Bruxelas. O compositor respondia a uma pergunta sobre declaração polêmica no ano passado de Caetano Veloso criticando Lula. Eis a íntegra da pergunta e o que respondeu Chico:

Revista Brazuca: E o que você acha da entrevista recente do Caetano Veloso, onde ele falou mal do Lula e depois acabou sendo desautorizado pela própria mãe?
Chico Buarque
: “Nossas mães são muito mais lulistas que nós mesmos. Mas não sou do PT, nunca fui ligado ao PT. Ligado de certa forma, sim, pois conheço o Lula mesmo antes de existir o PT, na época do movimento metalúrgico, das primeiras greves. Naquela época nós tínhamos uma participação política muito mais firme e necessária do que hoje. Eu confesso, vou votar na Dilma porque é a candidata do Lula e eu gosto do Lula. Mas, a Dilma ou o Serra, não haveria muita diferença”.

A revista também pergunta a Chico sobre o comportamento da mídia brasileira, se haveria tratamento adequado à administração federal do PT (“Você acha que a mídia ataca o Lula injustamente?”). E a resposta: “Nem sempre é injusto, não há uma caça às bruxas. Mas há uma má vontade com o governo Lula que não existia no governo anterior”.

Tudo considerado, as declarações de Chico Buarque têm o poder de resumir mais ou menos o pensamento de uma certa parcela da intelectualidade quase sempre simpática a Lula, mas que não está alheia à realidade: 1) o lulismo ainda é forte entre certos intelectuais; 2) muitos acham que há um pouco de pegação no pé do governo (mas não a ponto de ser uma campanha persecutória como alguns petistas entendem) e 3) a tendência é votar em Dilma Rousseff para presidente, mas o apoio é muito menos convicto do que se possa imaginar.

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