Pular para o conteúdo principal

Bastardos inglórios?

Reproduzo aqui um texto do blog "O Provacador", do Marco Antônio Araújo (se o pessoal da Cásper passar por aqui estou lascado):

O filho do Zezé vale mais do que o do FHC

A vida do Zezé Di Camargo é mais importante que a do Fernando Henrique Cardoso. Pelo menos para a imprensa brasileira.

É o que indica a repercussão dada aos dois filhos que eles supostamente tiveram fora do casamento.

Quando FHC era candidato, em 1994, os jornalistas não acharam relevante expor que o tucano pulou a cerca e teve um rebento com a repórter Miriam Dutra, da Globo. Agora que não é candidato a nada, o homem assumiu a paternidade. Antes tarde.

Mas quando o cantor sertanejo é envolvido num hipotético romance com a atriz Mariana Kupfer, aí vira notícia. Vai entender.

A turma precisa decidir se a vida privada de quem quer se seja é relevante ou não. Os manuais de redação dizem que isso é feio. O que não pode é ter duas medidas, ao sabor das conveniências.

Particularmente, estou mais preocupado em conhecer o caráter de um presidente da República do que o de um artista. Um deles pode comprometer minha vida. O outro, no máximo, meus ouvidos.

O fato é que muitos jornalistas continuam a invadir a privacidade dos famosos. Cuidam da vida dos outros, principalmente a sexual. E a gente que se ferre.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os compatriotas de Woody Allen

Estava em algum site por aí hoje: O diretor americano Woody Allen considera que a maioria de seus compatriotas são gordos e sexualmente complexados. "Tudo ali é expressão do medo e da repressão sexual: a loucura religiosa, o fanatismo pelas armas, a extrema-direita louca. Eles têm uma visão da sexualidade marcada por duvidosas leis morais", afirma Allen, em entrevista antecipada hoje pelo jornal "Die Zeit". O diretor de "Vicky Cristina Barcelona" considera que o sexo é utilizado nos Estados Unidos "como uma arma dramática, assim como a violência" e que as muitas cenas de sexo nos filmes produzidos em seu país são "simplesmente entediantes".

"Vesti azul.... minha sorte então mudou"

A primeira vez que ouvi falar em Wilson Simonal foi no colégio - se não me engano, numa aula da Tia Idair, na quarta série. Por algum motivo, ela havia citado "Meu limão, meu limoeiro" e ninguém da classe sabia do que se tratava. Estupefata, ela cantarolou "... uma vez skindô lelê, outra vez skindô lalá" e tentou fazer algo no estilo que o "rei da pilantragem" costumamava aprontar com suas plateias . E deu certo. Dia desses fui ver "Simonal - Ninguém sabe o duro que eu dei", documentário muito bem feito sobre a carreira do sensacional cantor, com ênfase, claro, na eterna dúvida que o cercou desde os anos 70 até sua morte, em 2000: Simonal foi um dedo-duro dos militares durante a ditadura ou não? Pra quem não sabe do que se trata, um resumo curto e grosso: Simonal competia com Robertão na virada dos 60 para os 70 como o cantor mais popular do Brasil. Um belo dia, seu nome aparece nos jornais como delator de companheiros de profissão, alguém a serv

A grandeza de Nelson Ned

Um belo dia, em um programa de televisão (“Conexão Internacional”, da extinta Rede Manchete), Chico Buarque enviou uma pergunta para Gabriel García Márquez: “As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?”. Com elegância e sem vergonha de suas preferências, o escritor colombiano respondeu: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”. Pela terceira vez (haverá ainda um quarto texto), recorro a “Eu não sou cachorro, não”, livro de Paulo César Araújo para relatar causos de nossa cultura popular. Pouco antes da resposta de Gabo a Chico, fico sabendo ainda que o Nobel de Literatura escreveu “Crônica de uma morte anunciada” ao som de canções como “Tudo passará”, do grande pequeno cantor brasileiro, cuja obra em geral é relegada aos rótulos de “cafona” e “brega” de nossa discografia. Nelson Ned é figura