Sábado no Parque Villa Lobos. Após uma corridinha sem-vergonha, encontro um bom motivo pra parar com o malogrado exercício e fazer algo mais interessante. Percebo uma algazarra entre as árvores. Sim, algazarra das grandes. Olho com mais atenção e vejo que se trata de um punhado de crianças jogando futebol. A gritaria fica por conta de seus pais, tias, babás e cia.
Chego perto do campinho, montado em um dos gramados do parque. Não é um mero bate-bola improvisado. Há um campinho montado, com fitas demarcando seus limites e dois golzinhos à la futebol na praia. Cinco guris pra cada lado, com mais ou menos 5-7 anos de idade, quase todos da mesma altura. Dois instrutores orientam a rapaziadinha.
Fazia tempo que eu não via guris dessa idade jogando futebol. À primeira olhada, a sensação que bate é a nostalgia da época em que disputar partidas assim era algo intensamente disputado, cada jogada era épica. Eram tempos em que olhar os adultos jogar servia de lição sobre como se comportar com a bola, quando gritar, quando dar uma de machão, quando tirar um sarro.
Olho mais um pouco e fico tentando me lembrar a partir de quando a gente começa a ter mais noções de jogar bola. É engraçado ver a molecada correr em bloco atrás de todas as jogadas, tentar cabecear mesmo quando a bola passa a três metros de altura, tentar trocar passes sempre de primeira. Por outro lado, a obediência da maioria nessa idade é praticamente militar. O que os instrutores falam é lei absoluta, mesmo para os mais afoitos. Todos os "volta pra defender!", "agora pro ataque!" e "tenta chutar de longe!" eram obedecidos à risca – ou ao menos tentados.
Nessa idade também ainda não acontecem as típicas revoltas adolescentes contra os pais - e aí eles aproveitam para corujar à vontade e perder parte do semancol. Enquanto crianças, uma penca de mamães que não sabe nem quem é o goleiro se esgoela incentivando seus rebentos. "Vaaaaai!!!", "Corrrrrre!!", "Chuta, meu beeeemm!". Os papais, por sua vez, conseguem ser mais constrangedores ainda. Os meninos mal sabem o que é lado esquerdo e direito ainda, mas os marmanjos comportam-se como Felipões e Luxemburgos com parafusos a menos, sugerindo lances que nem pequenos Pelés poderiam executar. "Dá um peixinho na próxima", sugeriu um deles no sábado, após o filho perder a oportunidade de abrir o placar.
No final das contas, o time azul ganhou do de vermelho por 4 a 2. Em tempos de escolinhas de futebol society por todos os lados, nas quais as crianças aprendem a ser competitivas, malandras e robotizadas desde a puberdade, o clássico do último sábado no Villa Lobos mostrou aquilo que o futebol deve ser para crianças: uma mera atividade física divertida e lúdica, capaz de ensinar noções de companheirismo e de despertar a paixão pelo mais bacana e acessível entre todos os esportes.
Chego perto do campinho, montado em um dos gramados do parque. Não é um mero bate-bola improvisado. Há um campinho montado, com fitas demarcando seus limites e dois golzinhos à la futebol na praia. Cinco guris pra cada lado, com mais ou menos 5-7 anos de idade, quase todos da mesma altura. Dois instrutores orientam a rapaziadinha.
Fazia tempo que eu não via guris dessa idade jogando futebol. À primeira olhada, a sensação que bate é a nostalgia da época em que disputar partidas assim era algo intensamente disputado, cada jogada era épica. Eram tempos em que olhar os adultos jogar servia de lição sobre como se comportar com a bola, quando gritar, quando dar uma de machão, quando tirar um sarro.
Olho mais um pouco e fico tentando me lembrar a partir de quando a gente começa a ter mais noções de jogar bola. É engraçado ver a molecada correr em bloco atrás de todas as jogadas, tentar cabecear mesmo quando a bola passa a três metros de altura, tentar trocar passes sempre de primeira. Por outro lado, a obediência da maioria nessa idade é praticamente militar. O que os instrutores falam é lei absoluta, mesmo para os mais afoitos. Todos os "volta pra defender!", "agora pro ataque!" e "tenta chutar de longe!" eram obedecidos à risca – ou ao menos tentados.
Nessa idade também ainda não acontecem as típicas revoltas adolescentes contra os pais - e aí eles aproveitam para corujar à vontade e perder parte do semancol. Enquanto crianças, uma penca de mamães que não sabe nem quem é o goleiro se esgoela incentivando seus rebentos. "Vaaaaai!!!", "Corrrrrre!!", "Chuta, meu beeeemm!". Os papais, por sua vez, conseguem ser mais constrangedores ainda. Os meninos mal sabem o que é lado esquerdo e direito ainda, mas os marmanjos comportam-se como Felipões e Luxemburgos com parafusos a menos, sugerindo lances que nem pequenos Pelés poderiam executar. "Dá um peixinho na próxima", sugeriu um deles no sábado, após o filho perder a oportunidade de abrir o placar.
No final das contas, o time azul ganhou do de vermelho por 4 a 2. Em tempos de escolinhas de futebol society por todos os lados, nas quais as crianças aprendem a ser competitivas, malandras e robotizadas desde a puberdade, o clássico do último sábado no Villa Lobos mostrou aquilo que o futebol deve ser para crianças: uma mera atividade física divertida e lúdica, capaz de ensinar noções de companheirismo e de despertar a paixão pelo mais bacana e acessível entre todos os esportes.
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