Meu chapa André Toso fez um texto no mês passado espinafrando "Os Desafinados". Demorei pra assistir ao filme e tinha a otimista expectativa de que o amigo jornalista tivesse exagerado na tinta. Não exagerou. Reli o texto hoje e ri bastante de sua acidez. Assino embaixo, com um único adendo: a atuação de Jair Oliveira (de quem até gosto como músico, talvez pela nostalgia do Balão Mágico, talvez por admirar seu pai) chega a ser engraçada, de tão ruim.
Sem mais a dizer, reproduzo aqui o texto do André:
É louvável que um diretor consiga realizar um filme tão ruim quanto “Os Desafinados”. Principalmente quando aborda uma das histórias mais fascinantes da cultura brasileira. É ainda mais louvável conseguir tratar de temas como bossa nova, cinema novo e ditadura de maneira tão rasa e desnorteada. A miscelânea do roteiro é tão absurda que mistura eventos como o histórico show do Carnegie Hall, em Nova York, nos anos 60, com o sumiço do pianista brasileiro Tenório Jr. na Argentina, em meados de 1970. Os acontecimentos, sem nenhum tipo de relação temporal, desdobram-se na tela jogados ao vento. O diretor utilizou as histórias a partir da segunda metade do século XX que julgava mais interessantes e resumiu em duas horas de filme. E essas duas horas parecem se multiplicar: o ritmo do filme é pavoroso, da metade para frente o enredo se arrasta e a vontade é sair do cinema.
Além disso, os clichês estão presentes em todos os momentos. Quem conhece minimamente a bossa nova sairá do cinema chocado diante de tamanho lixo. Aqueles que nunca ouviram falar podem se encantar falsamente com a história, já que é realmente tarefa das mais árduas destruir um período tão rico. Mas Walter Lima Jr. foi impiedoso e conseguiu estupidificar o movimento por completo.
Algumas coisas quase se salvam no meio da confusão. O personagem de Selton Mello é interessante e cria algumas situações inteligentes e bem sacadas, Cláudia Abreu - apesar da atuação mediana - está absolutamente linda. Algumas de suas aparições são desconcertantes. Mas sua personagem é tão besta e artificial quanto a de Rodrigo Santoro. Os dois protagonizam um romance água com açúcar dos mais ralos e chatos que me lembro. A bossa nova é o pano de fundo de todo esse melodrama insosso. O pior é a tentativa canalha de parecer politicamente incorreto e de esquerda: é Globo Filmes, o que eu esperava também, não? Resultado: o pior filme que assisti neste ano e uma aula de como não se fazer um roteiro.
Sem mais a dizer, reproduzo aqui o texto do André:
É louvável que um diretor consiga realizar um filme tão ruim quanto “Os Desafinados”. Principalmente quando aborda uma das histórias mais fascinantes da cultura brasileira. É ainda mais louvável conseguir tratar de temas como bossa nova, cinema novo e ditadura de maneira tão rasa e desnorteada. A miscelânea do roteiro é tão absurda que mistura eventos como o histórico show do Carnegie Hall, em Nova York, nos anos 60, com o sumiço do pianista brasileiro Tenório Jr. na Argentina, em meados de 1970. Os acontecimentos, sem nenhum tipo de relação temporal, desdobram-se na tela jogados ao vento. O diretor utilizou as histórias a partir da segunda metade do século XX que julgava mais interessantes e resumiu em duas horas de filme. E essas duas horas parecem se multiplicar: o ritmo do filme é pavoroso, da metade para frente o enredo se arrasta e a vontade é sair do cinema.
Além disso, os clichês estão presentes em todos os momentos. Quem conhece minimamente a bossa nova sairá do cinema chocado diante de tamanho lixo. Aqueles que nunca ouviram falar podem se encantar falsamente com a história, já que é realmente tarefa das mais árduas destruir um período tão rico. Mas Walter Lima Jr. foi impiedoso e conseguiu estupidificar o movimento por completo.
Algumas coisas quase se salvam no meio da confusão. O personagem de Selton Mello é interessante e cria algumas situações inteligentes e bem sacadas, Cláudia Abreu - apesar da atuação mediana - está absolutamente linda. Algumas de suas aparições são desconcertantes. Mas sua personagem é tão besta e artificial quanto a de Rodrigo Santoro. Os dois protagonizam um romance água com açúcar dos mais ralos e chatos que me lembro. A bossa nova é o pano de fundo de todo esse melodrama insosso. O pior é a tentativa canalha de parecer politicamente incorreto e de esquerda: é Globo Filmes, o que eu esperava também, não? Resultado: o pior filme que assisti neste ano e uma aula de como não se fazer um roteiro.
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