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Mostrando postagens de 2012

EUA, Obama e brasileiros mais ou menos conservadores: uma salada confusa

Um giro rápido pelas redes sociais permite ver que a maioria avassaladora dos brasileiros com algum interesse por política votaria pela reeleição de Obama, caso tivesse essa chance. Grande parte desse potencial eleitorado também vota no PSDB e em outros partidos conservadores no Brasil. Meio confuso, não? Ao analisar essa preferência brasileira a partir de outro viés político, também tenho ficado confuso. Em 2008 e em 2012, não foram poucos os comunistas, socialistas, petistas e esquerdistas em geral que afirmaram (e ainda afirmam) preferir o voto nulo a optar por algum candidato do Partido Democrata ou do Partido Republicano nos Estados Unidos. Seus argumentos não são ruins, mas o problema é ver esses mesmos cidadãos criticarem partidos de esquerda como o Psol, por sua defesa do voto nulo na eleição para prefeito de São Paulo. Com todo respeito aos amigos de esquerda que se enquadram nesses perfis, ambos estão errados. Diante da possibilidade de eleger Serra em São Paulo ou Mitt Rom

Muchacha en la ventana

Enquanto nada de bom é postado por aqui, perco dois minutos para reproduzir uma imagem à qual fui apresentado há poucos minutos: "Muchacha en la ventana", de Salvador Dalí. A obra é de 1925 e retrata Ana, irmã de Dalí, então com 17 anos. Não sei quando ele começou a fazer quadros mais surreais, mas posso dizer que este me agradou em cheio. Coisa linda!

China e a música clássica: outra revolução à vista

A edição da semana passada da “CartaCapital” trouxe um artigo bacana, de Oliviero Pluviano, sobre como os chineses têm investido em música clássica – e que tipo de retorno isso tem proporcionado ao país. Quem gosta um pouquinho do tema já deve ao menos ter ouvido falar de Lang Lang (foto), rapaz de 30 anos que para alguns críticos já é o melhor pianista do mundo. O texto fala de alguns outros nomes – como a violonista Xuefei Yang e a mais nova virtuose do piano, Yuja Wang – e traz uma série de informações que irei reproduzir por aqui. Quando fala do menino Marc Yu , de 13 anos, o autor se refere a ele como “Pequeno Mozart” e diz que o rapaz nasceu com ouvido absoluto (capacidade de reconhecer as notas de uma música associando-as a seus respectivos nomes). Até aí, nada demais.  A bomba vem a seguir: “No Ocidente, o ouvido absoluto é o sonho de todos os músicos, mas na China esse dom da natureza é muito popular porque, em mandarim, basta uma entonação diferente para mudar o significa

Tarantino na área

Eis que pinta o trailer do novo filme de Quentin Tarantino: “Django Unchained”. O roteiro é feito pelo próprio diretor, que recrutou uma turma da pesada: Christoph Waltz, Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson. O trailer dá toda a pinta de que virá mais uma nova bomba tarantinesca, no bom sentido do termo. Nos EUA, a estreia acontecerá no Natal. Por aqui ainda não há uma previsão exata. Aguardemos! O trailer segue abaixo:

Em Portugal, “para ser escravo é preciso estudar”

Reproduzo por aqui trechos de uma matéria bem legal publicada no caderno Fim de Semana, do “Valor Econômico”, a respeito de uma geração de artistas portugueses que, em meio à crise econômica no país, tem feito sucesso cantando músicas de protesto. Abaixo, coloquei um vídeo com a música cuja letra abre o texto. Vale mais pelo registro do fenômeno social do que pela qualidade do conjunto. Segue abaixo: Indignação à portuguesa “Sou da geração sem remuneração e nem me incomoda esta condição. Porque isto está mal e vai continuar… já é uma sorte eu poder estagiar!” Entoadas em um inconfundível sotaque lusitano, essas frases abrem a canção “Parva Que Eu Sou”, do grupo português Deolinda. Desde a primeira vez que foram cantadas em público, conquistaram os portugueses, tomados pela indignação com a crise. Em breve, poderão ser ouvidas no Brasil. Cantada pela vocalista Ana Bacalhau pela primeira vez na maior casa de shows do Porto em janeiro de 2011, época em que Portugal estava pert

Faltava Roland Garros

E eis que Maria Sharapova alcançou algo que já havia sido feito por apenas cinco outras tenistas na história do esporte: ganhar os quatro torneios Grand Slam (Abertos da Austrália e dos EUA, Wimbledon e Roland Garros). Ao derrotar a italiana Sara Errani em Paris, Sharapova completa o ciclo dos quatro maiores torneios do tênis aos 25 anos, sete anos depois de assombrar o mundo ao vencer Wimbledon, antes de completar a maioridade. Na chamada Era Aberta do tênis, apenas Billie Jean King, Chris Evert, Martina Navratilova, Steffi Graf e Serena Williams já haviam vencido os quatro torneios. No entanto, o que torna ainda mais especial a conquista deste sábado (9) é pensar nos perrengues pelos quais a tenista russa passou nos últimos anos. Como bem definiu o blogueiro Alexandre Cossenza , trata-se de um roteiro pronto para Hollywood. Segue abaixo o que o jornalista escreveu antes da final: Feito para Hollywood Maria Sharapova não ganhou um Grand Slam nas últimas 52 semanas. Ainda. P

Os três primeiros filmes de Chaplin

É chover no molhado falar da genialidade de Charles Chaplin, mas pouca gente já teve a oportunidade de assistir a seus primeiros filmes. Em geral, a maior parte das pessoas pôde vê-lo em ação em clássicos como “Tempos Modernos”, “O Grande Ditador” ou “O Garoto”, no auge de sua popularidade e já com todas as condições necessárias (técnicas e financeiras) para elaborar obras sensacionais. A curiosidade de assistir aos primeiros filmes surgiu durante a leitura de “Chaplin – Uma Biografia Definitiva”, de David Robinson. O livro acaba servindo como uma espécie de guia, que permite acompanhar, em ordem cronológica, a evolução do nome que até hoje ainda é o mais importante da história do cinema mundial. Neste post, achei por bem reunir apenas os três primeiros curtas-metragens de sua carreira, todos realizados em 1914 e obviamente mudos, produzidos pela Keystone, nos quais Chaplin ainda se limitava a atuar – embora, segundo Robinson, já desse importantes pitacos que em certas ocasiões

House chega ao fim: nenhum desfecho seria bom o bastante

*** ESTE TEXTO NÃO TEM NENHUM SPOILER *** Após oito temporadas, “House” chega ao final. O balanço é sem dúvida positivo. É possível dizer que a série teve um formato parecido com o de uma montanha-russa: seu primeiro ano foi excelente, os dois seguintes mantiveram-se em um nível um pouco inferior (mas ainda melhor do que 80% do que se vê na TV por aí), a quarta temporada começou cambaleante (foi o ano da greve dos roteiristas) e terminou com dois episódios sensacionais. Para muitos, a série poderia ter se encerrado ao final da quinta temporada. Concordo. Seria um final honesto para um personagem viciado e cada vez mais impossibilitado de conviver em sociedade. Mas vieram mais três anos, com novos altos e baixos (mais baixos do que altos) e uma trama que em muitos momentos se segurou apenas graças ao talento de Hugh Laurie. O mesmo pode ser dito a respeito dos últimos episódios. Creio que “House” teve um final digno, embora qualquer desfecho dificilmente seria bom o bastante para se

Tiririca, um deputado

Desde a época em que Tiririca foi eleito deputado federal, em 2010, muito me incomodavam as críticas que parte do eleitorado fazia ao resultado fabuloso que o palhaço obteve. Seria ótimo ver um Congresso lotado de figuras preparadas e atuantes como Aldo Rebelo e Luiza Erundina (para citar dois que já mereceram meu voto), mas a verdade é que o intérprete de "Florentina" não fica devendo nada a pelo menos 60% de seus colegas de Câmara Federal.  Feito o parágrafo enrolatório, seleciono aqui alguns trechos do texto e de frases ditas por Tiririca em um perfil bem bacana publicado pela revista "piauí". Para ler a íntegra do texto (está bacana mesmo, insisto!), clique aqui. “Não levo o menor jeito para a coisa. Já entendi como funciona, não sou bobo, mas não gosto desse jogo de interesses. Certos caras brigam na frente das câmeras e depois se abraçam. Eu não consigo ser falso assim. E aqui a sinceridade não é muito bem-vinda”. “É difícil passar o dia inteiro trancad

Wagner Moura, Legião Urbana e um bocado de inveja

O cara é politizado, ganha suspiros do mulherio por onde passa, protagonizou o filme de maior bilheteria da história do cinema nacional (cuja atuação gerou um debate importantíssimo sobre segurança pública no país), encarou interpretar “Hamlet” no teatro, é um dos símbolos da nova dramaturgia brasileira e, entre otras cositas más , alcançou um patamar que lhe permite escolher quais trabalhos quer colocar em prática e o que é descartável para sua carreira. Por conta de tais atributos, Wagner Moura se tornou um sujeito de admiração quase unânime no Brasil. Essa imagem só veio a ser arranhada recentemente, quando houve o anúncio de que ele encararia subir aos palcos como cantor para um tributo à Legião Urbana, ao lado dos parceiros de Renato Russo na banda. Fãs da Legião colocaram todos os pés atrás possíveis. Renato Russo, para os admiradores mais xiitas da banda, é quase um messias, alguém insubstituível. Sendo assim, Capitão Nascimento algum teria envergadura moral para assumir o

Pelé, Roberto Carlos e Chico Anysio no mesmo palco

Sim, isso já aconteceu. O ano: 1972. A ocasião: o programa de maior destaque na TV brasileira naqueles idos: o de Flávio Cavalcanti. O relato desse momento inusitado está em um livro estranho: “Um instante, maestro!”, de Léa Penteado. “Estranho” porque não se trata de uma biografia pura e simplesmente ruim, mas sim de um texto elaborado por alguém que vê no antigo apresentador uma espécie de pai sem qualquer defeito; uma autora que, por ter sido tão próxima de seu personagem, se mostra incapaz de manter o distanciamento mínimo para escrever sobre um nome fundamental da história da TV no Brasil. Segundo a autora, que foi por mais de uma década secretária particular do apresentador, Pelé, Roberto Carlos e Chico Anysio eram as personalidades mais importantes do Brasil em 1972. Em maio daquele ano, numa espécie de sofá da Hebe, os três foram convidados a passar por uma situação inusitada, cujo registro em vídeo infelizmente se perdeu. Segundo a autora, no “encontro criativo” Pelé cantou,

A bomba-relógio do jornalismo

Esta semana tem bombado uma discussão sobre a desgraça que se tornou, para a maioria dos profissionais de jornalismo, seu cotidiano de trabalho. Abaixo, reproduzo um texto que demonstra de forma muito consistente por que há muitos motivos para preocuação. Destaco alguns pontos: - Os profissionais são cada vez mais jovens; - As faculdades tradicionais são cada vez menos procuradas - a formação, portanto, tem sido pior; - Profissionais cada vez mais subservientes e temerosos pela perda do emprego; - Uma absurda informalidade nas relações trabalhistas; - A desvalorização dos profissionais, em comparação a outros ramos de atividade com formação superior. De fato, tem sido cada vez mais raro achar alguém com mais de 50 anos que exerça exclusivamente a profissão de jornalista. Poucos são os que aguentam o tranco de décadas em redações ou assessorias de imprensa. Mulheres, em especial, se veem diante do dilema de ter filhos e colocar em risco sua ascensão profissional, em um mercado em que d

Dilma e os bancos: a comemoração e o temor

No Dia do Trabalhador, não houve brasileiro assalariado ou pequeno empresário que tenha ficado indiferente ao pronunciamento da presidenta Dilma na noite de ontem. Com seu estilo duro e meio sem jeito, falou aquilo que todo cidadão minimamente incomodado com os lucros dos bancos no país gostaria de dizer, ao “chamá-los na chincha” e cobrar sua parte no esforço para o desenvolvimento do país. “É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo. Esses valores não podem continuar tão alto. O Brasil de hoje não justifica isso”, afirmou a presidenta. “Os bancos não podem continuar cobrando os mesmo juros para empresas e para o consumidor enquanto a Taxa Básica Selic cai, a economia se mantém estável, e a maioria esmagadora dos brasileiros honra com presteza e honestidade os seus compromissos. O setor financeiro, portanto, não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros. A Selic baixa, a infl

A melhor leitura da chamada “grande mídia”

Não me agrada fazer propaganda de nada relacionado à chamada “grande mídia”, mas devo abrir uma exceção para o caderno de fim de semana, do “Valor Econômico”, publicado sempre às sextas-feiras. Em formato tabloide, o caderno propõe reportagens, resenhas e entrevistas sobre temas variados, a partir de textos muito bem editados, claramente sem a correria típica e a limitação de espaço impostos pelo jornalismo diário. Apesar de ser uma publicação pertencente aos grupos Folha e Globo, o “Valor Econômico” e seu caderno de fim de semana conseguem fugir do conservadorismo por muitas vezes bobo dos carros-chefe das duas empresas. E, principalmente, suas páginas muito raramente se prestam ao papel de porta-voz da oposição no Brasil, evitando o exercício manjado de transformar qualquer pauta polêmica em oportunidade de atacar o governo federal. Voltando apenas ao conteúdo do caderno dos finais de semana, me recordo, nas últimas edições, de boas entrevistas com Contardo Calligaris e Gustavo Fra

Copa de 2014: sem exageros ou vexame

Atrasou o ônibus? Pode ter certeza: alguém no ponto vai comentar algo como "e ainda queremos organizar a Copa?". Metrô parou? Faça uma contagem regressiva: em menos de dez segundos haverá um cidadão para dizer que "desse jeito vamos passar vergonha na Copa". Estou longe de apoiar efusivamente a organização do Mundial por aqui, ainda mais com a série de exigências da Fifa, mas esse papo de utilizar o evento como pretexto para reclamar de tudo o que há de errado no Brasil tem me deixado puto. Para minha satisfação, leio na coluna de Tostão, hoje, na "Folha", um ponto de vista que  considero ideal, com comparações realistas, expectativas possíveis e críticas na medida correta (como no caso do incentivo público à construção de estádios privados). Segue abaixo o texto: A Copa da Fifa As perguntas que mais escuto são se o Brasil vai ganhar e se vai organizar uma ótima Copa do Mundo. Imagino que os estádios estarão prontos, que serão confortáveis, bonito

A lucidez do ateísmo consciente

Em tempos nos quais o posicionamento de alguns ateus beira o fanatismo religioso , ler o artigo de Drausio Varella, publicado neste sábado, na Folha de S.Paulo, serve de alento e como reafirmação de uma postura que ainda é muito mal vista na sociedade. Faço das palavras do médico as minhas, sem retirar uma vírgula sequer. Leia abaixo o texto: Intolerância religiosa Sou ateu e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos. A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem extraterrestres. Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce

Alegoria cantada

O ano de 1905 na Rússia não foi dos mais pacatos. Para muitos historiadores, a data marca o início do processo que culminaria na Revolução de 1917. De qualquer forma, é indiscutível afirmar que o país vivia uma grande crise política, com protestos por toda a parte e grande descontentamento em relação ao czar Nicolau II. É também em 1905 que transcorre a história fictícia de “O violonista no telhado”, bonita história já registrada em filme de sucesso e também em um histórico musical da Broadway, baseada em contos de Shalom Aleichem e atualmente em cartaz em São Paulo. A trama se passa na fictícia Anatevka, onde convivem as comunidades judaica e cristã ortodoxa, de acordo com as tradições estabelecidas há séculos na região. No musical em cartaz, cabe a José Mayer, o maior comedor da teledramaturgia nacional, o papel do leiteiro judeu chamado Tevye, protagonista de toda a história. O ator canta (sem grandes estripulias e com certa dignidade) e se sai muito bem nos momentos cômicos e dramá

Dez curiosidades sobre o Pica-Pau

1. A inspiração para a criação do personagem Pica-Pau veio de uma situação bem inusitada vivida por Walter Lantz. Ele estava em lua-de-mel quando teve a idéia de criar o personagem, por conta de um exemplar do pássaro que o atormentou e o divertiu na noite de núpcias. 2. O Pica-Pau foi o primeiro desenho animado a ser exibido na TV brasileira, na extinta TV Tupi, um dia após a sua inauguração, no dia 19 de setembro de 1950. Nessa época, o desenhos eram exibidos com a dublagem original, pois a dublagem em português só surgiria em 1957. 3. Criado em 1940 por Walt Lantz, o Pica-Pau apareceu como um pássaro louco, com uma aparência considerada grotesca. Porém, ao longo dos anos, o personagem sofreu diversas mudanças no seu visual, ganhando traços mais simpáticos, uma aparência mais refinada e um temperamento mais tranquilo. 4. O Pica-pau foi inicialmente dublado nos Estados Unidos por Mel Blanc, que também fez as vozes de quase todos os personagens do sexo masculino das séries Looney Tunes

O ano em que passei a entender a grandeza santista

Quando moleque, lá pela transição entre os anos 80 e 90, não entendia por que motivos o Santos Futebol Clube era tão aclamado. É óbvio que desde sempre havia as imagens de Pelé, os vídeos com as conquistas da Libertadores e do Mundial nos anos 60, mas aquilo parecia um tanto quanto virtual, sem conexão com a realidade. Em meu círculo de amigos, havia somente um ou dois santistas, sempre discretos. Fanáticos mesmo apenas alguns senhores, como o Constantino, dono de um bar na rua e avô do Chulé, grande companhia daqueles tempos. Ao mesmo tempo, para muitos torcedores, o Peixe já tinha se tornado uma espécie de Portuguesa ou Juventus, times que sempre geravam simpatia entre os que gostavam de futebol. De certa forma, não era apenas a grandeza do Santos que me parecia incompreensível. Algo parecido acontecia com a seleção brasileira. Novamente vinham Pelé e outros craques, muitas vezes em imagens em preto-e-branco, em uma velocidade que atraía e ao mesmo tempo gerava um monte de interrogaç

O desserviço do ateísmo xiita

Em 2007, “Veja”, como sempre com intenções nada nobres, encomendou ao Instituto Sensus uma pesquisa que mostrou dados interessantes sobre a sociedade brasileira. Segundo o levantamento, 32% dos eleitores votariam em um homossexual para presidente; 57% não criariam empecilhos para votar em uma mulher; 84% optariam sem problemas por um negro; e apenas 13% votariam em um candidato que se declarasse ateu. Essa discussão já esteve em voga em pelo menos em três eleições no Brasil. Em 1985, num debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso gaguejou ao vivo quando perguntado se era ateu. Jânio Quadros soube se aproveitar da situação e virou uma disputa praticamente perdida. Em 1989, não foram poucos os boatos que associavam Lula a um ateu comunista comedor de criancinhas. Em 2010, Dilma, que mal deve saber o Pai-Nosso, teve que fugir do assunto e se passar por carola. O que leva uma pessoa religiosa a ter esse tipo de sentimento por alguém que afirma não crer em

Edir Macedo progressista?

Foi com alguma surpresa que terminei a leitura de “O Bispo – A história revelada de Edir Macedo”, livro chapa-branca de autoria dos jornalistas Douglas Tavolaro e Christina Lemos, funcionários da Rede Record. Surpresa e satisfação, por notar que uma das autoridades religiosas mais importantes do país é capaz de ter pontos de vista progressistas, ao contrário da imagem comumente associada a suas pregações. Como o próprio título diz, a obra é uma biografia (autorizada) de Edir Macedo. De conteúdo raso e calcado em centenas de horas de entrevistas concedidas pelo bispo, os autores conseguem contar, em linguagem simples e apressada, a história do funcionário público que construiu um império fabuloso, a conhecida Igreja Universal do Reino de Deus. Em tempo: neste texto não haverá qualquer tipo de juízo de valor a respeito da fé do bispo e de seus seguidores. Irei me ater a alguns depoimentos retirados do livro acima citado, pela sensação inusitada que tais trechos me causaram. Em determinad

Cerveja gelada a jato

Dica valiosa da Ambev:

Gentalha! Gentalhaaa!

A história da Colômbia no século 20 é uma confusão repleta de grupos políticos liberais, comunistas e extremamente conservadores. Nos dias de hoje, só vemos a situação delicada existente entre as Farc, paramilitares, narcotraficantes e uma sucessão de governos de direita, mas sem ler ao menos um pouco sobre como o país chegou ao estágio atual, fica difícil fazer qualquer análise um pouco mais sensata sobre o que ocorre por lá. Terminado o parágrafo sério e arrastado, não resisto a compartilhar uma sugestão para os reacionários paulistas, inspirada durante uma leitura sobre a história do nosso vizinho sul-americano. Entre os anos 40 e 50 do século passado, houve um grupo paramilitar na Colômbia chamado “Contrachusma”, dedicado a combater camponeses, sindicalistas, índios e negros. Os mais atentos fãs de Chaves já devem ter sacado. Mas segue abaixo um vídeo esclarecedor: Em português, “chusma” é, portanto, o conhecido “gentalha!” tantas vezes direcionado ao pobre Seu Madruga. Como o “Can

Umas linhas sobre o Super Bowl

O jornalista José Trajano deixou no ar, na manhã desta segunda-feira, no programa “Pontapé Inicial”, da ESPN, um tema para ser discutido no dia seguinte, por conta do Super Bowl 46, ocorrido no domingo: qual a origem da recente e gigantesca leva de brasileiros que se tornou fã de futebol americano? Em São Paulo, diversos bares ficaram lotados de homens e mulheres para acompanhar a final entre Giants e Patriots – com torcida e tudo, ao estilo Bulls e Lakers dos tempos em que a NBA era mais popular por aqui. A cadeia de lojas do Applebee´s fez uma promoção especial casada com a exibição da partida. Nas redes sociais, muita gente comentou sobre o evento – nem que fosse para prosear a respeito do show da Madonna no intervalo. Há alguma explicação para o fenômeno? Desde os tempos de Joe Montana e dos jogos de Master System não acompanho mais de perto esse esporte, apesar de ainda gostar de assisti-lo de vez em quando. Dito isso, vamos a algumas especulações. Conversando com minha irmã, ela

Um causo da tia Rita

Vida longa à rainha do rock nacional, mesmo em sua aposentadoria! Ao ler sobre a prisão de tia Rita Lee, justamente em seu show de despedida, me veio à cabeça um causo contado por ela em uma apresentação no Recife, no Réveillon de 2005 para 2006. A história remetia ao final dos anos 60. Os Mutantes iriam fazer um show para estudantes, em algum festival universitário que mesclava música e política. Segundo Rita, José Dirceu (“novinho e lindo, todas queriam agarrá-lo naquela época”) iria discursar naquele dia, mas estava nervoso. Um pouco antes de o futuro ministro subir ao palco, ela teria lhe dado um LSD de presente. Passados alguns minutos, ele teria discursado bonito, encantado a multidão e apaixonado mais alguns dezenas de mocinhas da platéia. Corta para o século 21, já na madrugada do primeiro dia de 2006. Rita Lee lembra de algumas presepadas de Dirceu e arrebata: “Puta que o pariu. Desperdicei um ácido!”. E começa a cantar "Panis et circenses"... Vida longa à rainha!

O grito Wilhelm

A recém-lançada revista “ Samuel ” traz uma matéria publicada originalmente no site francês RUE89, sobre um uivo bizarro, usado por sonoplastas e produtores de filmes e desenhos desde os anos 50. Segundo o texto original, mais de 200 obras já usaram em algum momento esse material, que se tornou conhecido como “grito Wilhelm”. Eu ri muito ao ver e ouvir a uma compilação que foi feita no YouTube de vários registros do tal grito. Sim, ele é familiar, especialmente porque já foi usado em filmes e desenhos muito populares. Seu uso primeiramente se deu em um filme de 1951, chamado “Tambores distantes”, mas foi em outro, de 1953, chamado “Investida de bárbaros”, que um certo personagem Wilhelm soltou a goela ao ser atingido por uma flechada (veja abaixo). Segundo o texto reproduzido por “Samuel”, o arquivo da gravação do tal grito foi guardado sob a discrição “homem é morto por um jacaré e grita”. Nos anos 70, o tal arquivo foi redescoberto e usado em “Star Wars”. Desde então, não parou mais.

Ali, 70

Se tenho inveja por algo nesse mundo, uma parte desse sentimento está em relação àqueles que tiveram o privilégio de acompanhar, ao vivo, alguma luta do boxeador mais bacana de todos. Não sei avaliar se Cassius Marcellus Clay Jr ou Muhammad Ali foi o melhor da história, mas seu estilo, suas frases, seu talento e sua postura fora dos ringues fazem dele um dos poucos ídolos que tenho no esporte. Ali faz 70 anos hoje. Espero que aqueles que gostem dele reservem alguns minutos para reler trechos de “A luta” , de Norman Mailer, para ver alguns vídeos históricos de suas lutas no YouTube ou assistir mais uma vez a “Quando éramos reis”, sensacional documentário sobre o combate de 1974 entre Ali e Foreman. Sem mais delongas, seguem abaixo algumas de suas frases mais legais: - Eu não sou o maior. Sou duplamente o maior. Não só nocauteio meus oponentes, como escolho o round. - Já lutei contra um crocodilo. Já briguei com uma baleia! Algemei o relâmpago! Joguei o trovão dentro da cadeia! Vou te mo