Um giro rápido pelas redes sociais permite ver que a maioria avassaladora dos brasileiros com algum interesse por política votaria pela reeleição de Obama, caso tivesse essa chance. Grande parte desse potencial eleitorado também vota no PSDB e em outros partidos conservadores no Brasil. Meio confuso, não?
Ao analisar essa preferência brasileira a partir de outro viés político, também tenho ficado confuso. Em 2008 e em 2012, não foram poucos os comunistas, socialistas, petistas e esquerdistas em geral que afirmaram (e ainda afirmam) preferir o voto nulo a optar por algum candidato do Partido Democrata ou do Partido Republicano nos Estados Unidos. Seus argumentos não são ruins, mas o problema é ver esses mesmos cidadãos criticarem partidos de esquerda como o Psol, por sua defesa do voto nulo na eleição para prefeito de São Paulo.
Com todo respeito aos amigos de esquerda que se enquadram nesses perfis, ambos estão errados. Diante da possibilidade de eleger Serra em São Paulo ou Mitt Romney nos EUA, a opção por Haddad e Obama deve ser automática, sem qualquer tipo de vacilo. Tanto o PT quanto o atual presidente norte-americano pisaram na bola nos últimos anos, mas a discrepância em relação àquilo que seus adversários defendem é gritante.
Sobre o eleitor mais ou menos conservador do Brasil, vale a pena pensar por 40 segundos a respeito da curta trajetória do PSDB. Socialdemocrata até no nome, o partido tinha tudo para conquistar os corações da maioria do eleitorado nacional, caso não tivesse derrapado de maneira tão drástica em suas políticas sociais enquanto esteve no poder. A competência do governo Lula nessa seara mostra que somente um pouco de sensibilidade já seria o bastante para contentar os mais carentes. Serra demais e dona Ruth Cardoso de menos resultaram em um partido que, com raras exceções, só encontra ressonância entre uma minoria da sociedade – e hoje paga um preço alto por essa escolha inadequada.
O eleitor mais ou menos conservador brasileiro, no entanto, é um sujeito meio difícil de entender. Ele critica as greves no metrô de sua cidade, odeia ver a Avenida Paulista paralisada e vibra quando a PM destrói comunidades como o Pinheirinho, mas fica admirado ao ver o povo grego lutando contra a crise financeira, cem mil funcionários públicos ingleses protestando nas ruas de Londres ou os jovens indignados na Espanha. Ao mesmo tempo, para esse cidadão Bill Clinton foi um presidente sensacional e Tony Blair, digamos, era um primeiro-ministro “moderno”, ambos com perfis adequados para comandar este país que nunca vai pra frente.
Ao contrário do que se fala por aí, direita e esquerda ainda existem na política brasileira e mundial, embora cada vez mais se travistam e confundam os incautos. Nos Estados Unidos isso não é diferente, mas suas forças realmente progressistas são diminutas no cenário político nacional – embora não estejam ausentes do debate. Sindicatos, movimentos populares, organizações de imigrantes e parte da chamada “sociedade civil” estão com Obama e têm dezenas de razões para temer o retorno dos Republicanos à Casa Branca.
Em meio a essa salada, é irresistível imaginar os mais ou menos conservadores brasileiros ao lado de movimentos sociais norte-americanos. Como se daria essa cena? Todos de mãos dadas em frente ao Lago da Reflexão em Washington? Ou seria melhor “ocupando” Wall Street junto aos outros 99% que se derem mal durante a crise financeira? Em qualquer cenário, certamente seria possível tirar uma foto bacana e posar de progressista no Facebook, antes de parar em Miami e fazer umas compras, porque ninguém é de ferro.
Confuso, tudo é muito confuso...
Ao analisar essa preferência brasileira a partir de outro viés político, também tenho ficado confuso. Em 2008 e em 2012, não foram poucos os comunistas, socialistas, petistas e esquerdistas em geral que afirmaram (e ainda afirmam) preferir o voto nulo a optar por algum candidato do Partido Democrata ou do Partido Republicano nos Estados Unidos. Seus argumentos não são ruins, mas o problema é ver esses mesmos cidadãos criticarem partidos de esquerda como o Psol, por sua defesa do voto nulo na eleição para prefeito de São Paulo.
Com todo respeito aos amigos de esquerda que se enquadram nesses perfis, ambos estão errados. Diante da possibilidade de eleger Serra em São Paulo ou Mitt Romney nos EUA, a opção por Haddad e Obama deve ser automática, sem qualquer tipo de vacilo. Tanto o PT quanto o atual presidente norte-americano pisaram na bola nos últimos anos, mas a discrepância em relação àquilo que seus adversários defendem é gritante.
Sobre o eleitor mais ou menos conservador do Brasil, vale a pena pensar por 40 segundos a respeito da curta trajetória do PSDB. Socialdemocrata até no nome, o partido tinha tudo para conquistar os corações da maioria do eleitorado nacional, caso não tivesse derrapado de maneira tão drástica em suas políticas sociais enquanto esteve no poder. A competência do governo Lula nessa seara mostra que somente um pouco de sensibilidade já seria o bastante para contentar os mais carentes. Serra demais e dona Ruth Cardoso de menos resultaram em um partido que, com raras exceções, só encontra ressonância entre uma minoria da sociedade – e hoje paga um preço alto por essa escolha inadequada.
O eleitor mais ou menos conservador brasileiro, no entanto, é um sujeito meio difícil de entender. Ele critica as greves no metrô de sua cidade, odeia ver a Avenida Paulista paralisada e vibra quando a PM destrói comunidades como o Pinheirinho, mas fica admirado ao ver o povo grego lutando contra a crise financeira, cem mil funcionários públicos ingleses protestando nas ruas de Londres ou os jovens indignados na Espanha. Ao mesmo tempo, para esse cidadão Bill Clinton foi um presidente sensacional e Tony Blair, digamos, era um primeiro-ministro “moderno”, ambos com perfis adequados para comandar este país que nunca vai pra frente.
Ao contrário do que se fala por aí, direita e esquerda ainda existem na política brasileira e mundial, embora cada vez mais se travistam e confundam os incautos. Nos Estados Unidos isso não é diferente, mas suas forças realmente progressistas são diminutas no cenário político nacional – embora não estejam ausentes do debate. Sindicatos, movimentos populares, organizações de imigrantes e parte da chamada “sociedade civil” estão com Obama e têm dezenas de razões para temer o retorno dos Republicanos à Casa Branca.
Em meio a essa salada, é irresistível imaginar os mais ou menos conservadores brasileiros ao lado de movimentos sociais norte-americanos. Como se daria essa cena? Todos de mãos dadas em frente ao Lago da Reflexão em Washington? Ou seria melhor “ocupando” Wall Street junto aos outros 99% que se derem mal durante a crise financeira? Em qualquer cenário, certamente seria possível tirar uma foto bacana e posar de progressista no Facebook, antes de parar em Miami e fazer umas compras, porque ninguém é de ferro.
Confuso, tudo é muito confuso...
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