
Pela terceira vez (haverá ainda um quarto texto), recorro a “Eu não sou cachorro, não”, livro de Paulo César Araújo para relatar causos de nossa cultura popular. Pouco antes da resposta de Gabo a Chico, fico sabendo ainda que o Nobel de Literatura escreveu “Crônica de uma morte anunciada” ao som de canções como “Tudo passará”, do grande pequeno cantor brasileiro, cuja obra em geral é relegada aos rótulos de “cafona” e “brega” de nossa discografia.
Nelson Ned é figura conhecida para quem tem pelo menos 30 anos ou mais. Nos anos 80 e já não tão famoso, o cantor sempre aparecia nos programas de auditório mais populares, como os de Silvio Santos, Bolinha e Raul Gil. Para os mais novos, cabe uma explicação: trata-se de um homem com um vozeirão grave, apesar de seu um metro e dez de altura (característica que gerou umas 800 mil piadas e tornou seu nome um dos principais sinônimos para "anão"). Atualmente canta repertório religioso.
Recorro aos números e informações levantados por Paulo César Araújo para ilustrar a importância de Nelson Ned – independentemente da qualidade de sua obra. Ganha um LP do Benito de Paula o leitor que já tiver conhecimento de metade do conteúdo que segue abaixo:
- Durante os anos 70, Nelson Ned tornou-se um sucesso entre os latinos nos Estados Unidos e em mais 30 países, em três continentes (África, Europa e toda a América do Sul).
- Em fevereiro de 1973, ao se apresentar para 80 mil pessoas em Bogotá, quebrou o recorde de público no país, que antes pertencia a ninguém menos do que Carlos Gardel (!).
- Lotou casas de show na Cidade do México, Los Angeles, Madri, Lisboa, Johanesburgo e Nova York (Madison Square). No entanto, sua maior façanha também se deu na Big Apple: lotou em suas apresentações, em 1974, o Carnegie Hall.
- Gravou um disco com 24 músicos da Filarmônica de Miami.
- Foi o primeiro artista latino-americano a vender um milhão de cópias de um mesmo disco nos Estados Unidos.
Comentários
Sempre gostei muuuuito da voz de Nelson Ned. O que lhe faltou de altura física, sobrou (para dar e vender) beleza em sua voz.Lindas músicas, lindas interpretações.
Perdemos mais um grande cantor.O céu deve estar em festa.