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Mostrando postagens de maio, 2008

Música popular?

Segue abaixo reportagem bem bacana do Pedro Alexandre Sanches publicada na edição desta semana de CartaCapital. Não concordo completamente com a idéia de isolacionismo em torno da MPB, mas como o repórter ouviu muita gente interessante a respeito, vale a pena reproduzir o texto por aqui. Música popular? Criada nos anos 60, a sigla MPB expressa hoje a nostalgia e os preconceitos da porção letrada do Brasil Era uma vez uma sigla chamada MPB. Designava uma tal “música popular brasileira” e se tornou moeda corrente a partir dos anos 1960, quando adotada por toda uma geração universitária de compositores, cantores e admiradores. Décadas adiante, a sigla pouco a pouco se encastelou. Isolou-se de gêneros supostamente “inferiores”, blindou-se como num condomínio fechado de bairro nobre. Entrou em crise, até de identidade. Quem faria a MPB de 2008? O rococó Djavan ou a simplória Banda Calypso? O bissexto João Gilberto ou a onipresente Ivete Sangalo? O que seria MPB em 2008? O banquinho-e-violão

Doação de sangue

O cartaz é de Portugal. Chupinhado do blog Banda Podre.

Na verdade...

Após anos e anos a fio ouvindo o tenebroso "entendeu?" ao final de frases em que não havia nada para entender, já reparou, caro(a) leitor(a), como a nova praga lingüística, ao menos na cidade de São Paulo, é iniciar ou encerrar frases com "na verdade"? Durante o auge do "entendeu?" – que ainda é usado por muita gente – eu tentava descobrir qual era sua origem. Em vão. O mesmo pelo jeito vai acontecer com o "na verdade". Dia desses, durante a apresentação de um seminário na faculdade, uma singela colega teve a façanha de iniciar mais de 20 frases com "na verdade". Seu vocabulário chato já era motivo de risos tímidos quando a contagem chegava às 30 frases. Aí saí da sala e fui tomar um chocolate... No auge do desespero, há algumas semanas, tentei identificar a origem de alguma dessas pragas em novelas, programas de humor de nível discutível, mesas redondas esportivas... e nada! Cheguei a ficar prestando atenção em algumas séries de TV ame

“Descobrindo” Tim Maia

É difícil para alguém nascido nos anos 80 ter noção exata do quão famoso e importante foi Tim Maia, especialmente nos anos 70. Sempre tive grande simpatia pelo seu estilo bonachão e contestatório, bem como por grande parte de seus inúmeros hits. Mas admito aqui minha ignorância sobre alguns aspectos bem relevantes da vida e obra do “preto, gordo e cafajeste”, com destaque para seu vasto conhecimento musical, colocado em evidência inúmeras vezes por Nelson Motta em seu mais recente livro, todo dedicado ao cantor. Em “Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia”, assim como em “Noites tropicais”, Nelson Motta desperta um bocado de inveja no leitor que gosta de música e se interessa pela cena cultural brasileira. Nos dois casos, sua narração é privilegiada pelo fato de ter sido personagem e testemunha de muitas das histórias narradas – e também por conseguir transmitir aos mais leigos por que Fulano é um grande arranjador, Sicrano é um exímio violonista e Beltrano deixa muito a desejar. Tim M

Let's talk about sex!

Ouvi falar pela primeira vez de Alfred Kinsey ao ler “A mulher do próximo”, livraço de Gay Talese que aborda, principalmente, a evolução da sexualidade na sociedade norte-americana. À época fiquei curioso e vi que Hollywood já havia feito um filme a seu respeito, mas passou um bom tempo até que eu pudesse assisti-lo. Pois bem. Assisti a ele hoje. Até se tornar famoso, Kinsey (interpretado no filme por Liam Neeson) era um respeitado pesquisador da área de biologia animal. O que o tirou do anonimato nacional foram seus trabalhos a respeito da sexualidade humana. Até hoje, pelo que o Google nos diz, suas obras são consideradas fundamentais para o entendimento da diversidade sexual. Mas, em fins dos anos 40, seu árduo trabalho foi alvo de pancadas de toda espécie, vindas de carolas a colegas cientistas, de pais de família à conservadoríssima direita do país, já articulada na lamentável caça às bruxas dos tempos macarthistas. Inicialmente, Kinsey queria apenas que os estudantes tivessem ace

O quarto grande trauma futebolístico

1994 – Palhinha erra o pênalti na decisão contra o Velez Sarsfield, em pleno Morumbi. O sonho do tri da Libertadores fica para o futuro. A visão da molecada – acostumada a ganhar tudo – saindo do estádio é algo que vou levar para meu caixão de boleiro. 1999 – Brasileirão de 1999. Contra o Corinthians, Raí (justo ele!) perde dois pênaltis, defendidos por Dida. Não era final, mas doeu. Demais. 2000 – Final da Copa do Brasil, Mineirão, contra o Cruzeiro. Após empatar por 0 a 0 no Morumbi, o Tricolor abre o placar perto dos 30 minutos do segundo tempo. O empate era nosso. Mas, no último minuto, Giovanni virou, de falta, após Müller (justo ele parte 2) gritar “chuta na barreira”. O novato atacante chutou e a bola passou exatamente onde o ex-são-paulino havia indicado. 2008 – A derrota na final da Libertadores de 2006 não foi pior do que a eliminação de ontem no Maracanã. Deveria ser proibido para menores e homens de coração frouxo perder com gol no último minuto. Nas outras três ocasiões, c

Agora vai?

Enquanto o blog não volta decentemente à ativa, segue outro texto bacana... Que o grande Chico me perdoe... Pasquale Cipro Neto Estive na penúltima edição do "Altas Horas", comandado por Serginho Groissmann. Entre as tantas boas perguntas vindas da atenta platéia, uma me fez cometer um lamentável deslize. Explico: uma garota me pediu comentários sobre letristas da nossa música popular. De imediato, avisei que era grande a possibilidade de eu cometer injustiças; depois, comentei o belo trabalho de vários dos nossos poetas musicais. E não é que sofri um apagão? Simplesmente me esqueci de Chico Buarque... Lamentável! O mundo viu o programa, e, passados mais de dez dias, a cobrança não termina ("E o Chico?"). Ainda bem que tenho o passado -colunas e mais colunas, programas e mais programas na Rádio e na TV Cultura- como prova de que sempre exaltei o brilhantismo poético-lingüístico de Chico Buarque. Mas não custa aproveitar a ocasião para aumentar o exemplário sobre o a