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Mostrando postagens de abril, 2011

Kane e as derrotas de Orson Welles

Ano sim e outro também aparecem por aí as velhas listas com os melhores filmes da história. São raras aquelas em que “Cidadão Kane” não aparece ao menos no top 3. Para muita gente que entende do ramo, nada mais justo, em especial por seus aspectos técnicos revolucionários e sua narrativa inovadora. Há um ponto, no entanto, que é pouco abordado e o engrandece ainda mais: sua contextualização política em um período delicadíssimo para a história dos Estados Unidos e de todo o planeta. “Kane” foi planejado e produzido em meio aos anos que marcaram a ascensão de diversos regimes totalitários ao redor do mundo. Em 1941, ano de sua estréia, a França estava ocupada pela Alemanha nazista, a Europa se encontrava em polvorosa e os Estados Unidos, ainda se recuperando da crise econômica da década anterior, viviam o início de sua predominância política em nível mundial. Se por um lado o governo Roosevelt se destacou por uma série de políticas progressistas, os anos de transição entre as décadas de

Trabalho extraordinário sobre um lixo interno

Os caras que costumam ter bons palpites sobre os vencedores do Oscar cantaram a bola: era impossível algum filme tirar a estatueta de melhor documentário de “Trabalho interno” neste ano, mesmo diante do apelo de “Lixo extraordinário” e de outras produções simpáticas. Tão bacana quanto a premiação, no entanto, foi o discurso vitorioso do diretor Charles Ferguson durante a cerimônia em Los Angeles: “Perdoem-me, mas eu preciso começar dizendo que três anos após a horrível crise financeira causada por uma grande fraude, nenhum executivo ainda foi para a cadeia”. A maior parte do filme é dedicada a duas ideias básicas: (1) os Estados Unidos são governados por Wall Street e (2) a crise de 2009 poderia ter sido evitada caso a farra financeira iniciada nos anos 80 tivesse algum nível de regulamentação. Tudo perfeito, com uma única ressalva: somente nos minutos finais o diretor faz uma análise sobre o que são os Estados Unidos hoje, pós-crise e depois de três décadas desastrosas. É gritante a d

Pescoçada

Metrô lotado. À minha frente, uma moça baixinha manda um SMS: "Estou presa na 23, tudo parado. Me espere em casa. Te amo". Ao desembarmos na estação Paraíso, junto com quase todo o trem, um cara a abraça e dá um beijo daqueles. Ela fala algo no ouvido do cara e os dois saem dando risada...