Paulo José, mais lúcido do que nunca aos 74 anos, deu uma bela entrevista à “Folha” neste domingo. Algumas frases me chamaram bastante a atenção e por isso as reproduzo aqui.
Sobre o teatro brasileiro, após elogiar os textos de Gorki, Brecht, Boal e Guarnieri:
“… os dramaturgos ainda tratam demais da sua realidade de classe média, estão voltados para o próprio umbigo. […] A temática da classe média é muito chata, o teatro foi invadido por ela. Não consigo fazer uma peça que agrade muito ao público”.
Sobre o mal de Parkinson:
“O irritante é ser tratado como criança pelas enfermeiras do hospital. ‘Chegou a sopinha, vovô vai tomar a sopinha dele agora!’ Porra, caralho, que sopinha o quê! […]Algumas pessoas dizem: ‘Estimas de melhoras, viu?’ Que melhoras, porra, eu tenho uma doença degenerativa!”
Sobre cinema em geral:
“As pessoas estão viciadas em uma certa linguagem de cinema americano. O [consultor] Syd Field é o mestre do roteiro, do ‘como fazer um filme igual a muitos outros que você já assistiu’: tem o primeiro ponto de virada aos 17 minutos, o outro aos 43. É tudo medido. Quando um filme não cabe nessa fôrma, as pessoas ficam perturbadas”.
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