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Maradona cheira cocaína, Dunga come merda

Reproduzo texto do camarada André Toso, publicado ontem no Sete Doses. Destaco o seguinte trecho: "Dizem que Maradona é louco, um cara que só arranja confusão e tal. Ele é imperfeito e não tem vergonha de mostrar. Dunga, com seu discurso falso e indigesto, não consegue enxergar suas próprias imperfeições, de tão focado em sue próprio umbigo, em sua vitória pessoal, em seu cala boca para os que o cornetam".

Mas vale ler o texto todo...

"Sempre simpatizei mais com drogados do que com guerreiros. Sei lá o motivo, mas prefiro o que é torto e fora do lugar. Nada que é comum me agrada. Prefiro me ligar a pessoas e causas que saem do politicamente correto. Se os guerreiros são celebrados como heróis, prefiro ficar ao lado dos drogados decadentes. É da minha natureza. Por isso, esse ano estou com a Argentina de Maradona e torço contra o Brasil de Dunga.

Escrevo isso antes da estreia do Brasil e essa opinião não mudará de forma alguma. Se o time de Dunga golear todos os adversários e conquistar o hexa, continuarei achando a postura do time e do treinador uma merda. Os discursos e o isolamento da torcida e da imprensa mostram que temos um treinador de ego inacreditável, beirando o patológico. Maradona tapou seus vazios existenciais com cocaína, Dunga tapa os dele querendo ser o líder de um Exército. Enquanto Maradona fuma charutos, brinca com os jogadores, libera o sexo e a cachaça, Dunga fica de cara amarrada repetindo a palavra comprometimento como um papagaio mecânico programado para falar bosta. Prefiro a subversão, prefiro o não levar a sério, a anarquia, o caos. É disso que somos feitos.

Comprometimento é o caralho. Futebol é uma brincadeira. A bola é um brinquedo. Os jogadores precisam brincar em campo para dar alegria para quem assiste e quer se divertir. Diabos, futebol é diversão! Quando um babaca como Dunga fica repetindo as merdas que fala, o esporte vira a mesma coisa que a política ou o mundo corporativo. A visão de nosso técnico do que é uma partida de futebol beira o fascismo. É assim que as ideias conservadoras e babacas que regem nossa política nascem. Se o Brasil ganhar a Copa com esse modelo belicoso será tido como modelo de sucesso. Assim como uma empresa que fode com seus funcionários para obter lucro. A seriedade em excesso, na maior parte das vezes, é terrível. Assim como a anarquia excessiva faz mal, como ficou claro na Copa passada. O meio termo, sempre o melhor caminho, nunca é lembrado.

Dunga, quando faz seu discurso, pensa que está defendendo uma pátria. O caralho! Ele quer, com sua filosofia barata, rígida e cega, formar uma seleção dele e de mais ninguém. Ele quer ganhar a Copa não para dar um presente para os brasileiros. Ele quer ganhar para calar a boca de todo mundo e provar que ele estava certo e que ele é o fodão. Dunga é o típico homem dos nossos tempos. Acha que o sucesso eficaz é o que importa. Esquece-se a paixão, esquece-se a arte, a subjetividade, esquece-se o sentido do futebol. A eficiência acima de qualquer coisa. A mecânica em detrimento da imperfeição humana. Dunga forma um Exército que vai para uma batalha cujo objetivo é vencer e não entreter ou encantar. A vitória pela vitória, danem-se as consequências. Tem coisa mais sem sentido que isso? Tem coisa mais insossa que essa seleção brasileira?

Do outro lado, vejo o imperfeito Maradona falando o que pensa nas coletivas, levando a Copa do jeito que tem que ser levada, como um grande evento, uma grande festa. Trabalha-se sério, sim, mas na medida certa, com piada, com alegria, com verdade. Ele pode não entender nada de tática, mas sabe dar uma boa festa. Dizem que Maradona é louco, um cara que só arranja confusão e tal. Ele é imperfeito e não tem vergonha de mostrar. Dunga, com seu discurso falso e indigesto, não consegue enxergar suas próprias imperfeições, de tão focado em sue próprio umbigo, em sua vitória pessoal, em seu cala boca para os que o cornetam. Maradona é arte, Dunga é brutalidade. Maradona cheira cocaína, Dunga come merda. Qual você prefere? Seja lá quem ganhe, eu fico com uma bela carreira de cocaína no lugar de um punhado fedido de merda".

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