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I Was Born Ten Thousand Years Ago

E eis que de repente leio o seguinte parágrafo hoje no ônibus, na biografia de Paulo Coelho escrita por Fernando Morais: “Em dezembro de 1976 a Philips colocou nas ruas o quinto LP de Paulo com Raul, Há Dez Mil Anos Atrás [...]. A canção que dava nome ao álbum tinha duas peculiaridades: uma redundância no título e o fato de ser a tradução adaptada de I Was Born Ten Thousand Years Ago , conhecida canção tradicional americana de domínio público que tinha várias versões, a mais famosa delas gravada por Elvis Presley quatro anos antes”. Foram longos minutos até chegar ao trabalho e procurar no YouTube a versão original da música. E bateu uma certa sensação de ignorância por gostar de ambos (Elvis e Raul) e não saber que a longa letra é uma adaptação/tradução/homenagem. Sem mais delongas, seguem abaixo o vídeo e a letra original, com a ressalva de que há mais de uma versão para I Was Born Ten Thousand Years Ago : I WAS BORN ABOUT TEN THOUSAND YEARS AGO (Traditional - Adapted by Elvis Presl...

A grandeza de Nelson Ned

Um belo dia, em um programa de televisão (“Conexão Internacional”, da extinta Rede Manchete), Chico Buarque enviou uma pergunta para Gabriel García Márquez: “As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?”. Com elegância e sem vergonha de suas preferências, o escritor colombiano respondeu: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”. Pela terceira vez (haverá ainda um quarto texto), recorro a “Eu não sou cachorro, não”, livro de Paulo César Araújo para relatar causos de nossa cultura popular. Pouco antes da resposta de Gabo a Chico, fico sabendo ainda que o Nobel de Literatura escreveu “Crônica de uma morte anunciada” ao som de canções como “Tudo passará”, do grande pequeno cantor brasileiro, cuja obra em geral é relegada aos rótulos de “cafona” e “brega” de nossa discografia. Nelson Ned é figura...

Argentina e a importância de Sarmiento

Achei uns textos antigos. Vou republicar por aqui. Contradições do liberalismo na Argentina: Uma análise da trajetória de Domingo Faustino Sarmiento Em 1922, o Prêmio Nobel de Literatura Jacinto Benavente visitou por um mês a Argentina. A cada cidade por onde passava, jornalistas e curiosos perguntavam a ele suas impressões a respeito do país e de sua população, tarefa da qual o escritor se esquivou como pôde até o dia de sua partida. Ao subir no navio que o levaria de volta à Europa, Benavente disparou um verdadeiro “tiro de canhão”, naquela que seria sua definição sobre o povo local: “Formem a única palavra possível com as letras que compõem a palavra ‘argentino’” [1] . Desde então o caso é lembrado como piada para lembrar que o único anagrama possível com as letras de “argentino” é “ignorante”. A obsessão de Sarmiento Os argentinos de mais idade se lembram de tempos em que as escolas ensinavam aos estudantes uma série de hinos: o Hino Nacional , o Hino à Bandeira , a March...