Por uma dessas coincidências, caiu em minhas mãos uma biografia de Mário Lago ("Boemia e política"), cujo centenário de nascimento ocorre na próxima semana, em 26 de novembro. Morto em 2002, sua figura tornou-se mais conhecida para os mais jovens como ator de novelas, mas sua trajetória de vida é riquíssima e está longe de se resumir às aparições na TV Globo. Mário Lago foi advogado, radialista, letrista de músicas como “Ai, que saudades da Amélia”, militante do PCB durante toda a vida. Quando criança, foi vizinho de muro de Villa-Lobos (!!), em cuja casa teve os primeiros contatos com a música clássica, ensinada pela esposa do grande compositor brasileiro. O livro de Monica Velloso deixa um pouco a desejar no que diz respeito à fluência da narrativa – a vida de Mário Lago mereceria uma pesquisa mais ampla e um texto mais trabalhado. Mas deixemos de lado as críticas para dar destaque a um detalhe muito bacana da vida do biografado: a verve poética utilizada como contestação p...