Pular para o conteúdo principal

O sorriso da equatoriana e a corrida de biga

Duas coisas curiosas. E rapidas:

- Domingo passado esqueci completamente do jogo do Brasil contra o Equador. Esquecimento proposital, pela falta de interesse em acompanhar os jogos da selecao nos ultimos tempos. Mas eis que na segunda-feira tudo mudou. Na escola, a primeira pessoa que veio me cumprimentar foi a Susana, do Equador. Apesar de a gente se falar pouco no dia a dia, ela chegou com um sorriso sarcastico, perguntando onde estavam os pentacampeoes do mundo, como se fosse uma corintiana chata depois de um classico.

Nunca fui de me importar muito com tiracoes de sarro futebolisticas, mas o sorrisinho dela me deixou puto da vida. A ponto de na quarta-feira ter feito questao de acompanhar o jogo contra o Peru. E mais: torcendo e vibrando sozinho a cada gol, como se fosse uma partida do Tricolor.

- A primeira lembranca que tenho de ver Damasceno-Pai emocionado me remete a "Ben Hur". Eu era bem moleque e estava assistindo com ele ao filme estrelado pelo falecido Charlton Heston. Toda vez que revejo a cena do heroi descobrindo que sua mae e irma estao com lepra me lembro desse dia.

Pois bem. Tal como cavalos numa corrida de biga, esse filme me persegue de maneira absurda. Numa noite chuvosa em Buenos Aires, ha quatro anos, la estava Ben Hur dublado em espanhol recebendo a cuia d'agua de Jesus Cristo. Numa tarde de diarreia em Santa Cruz de la Sierra, em agosto do ano passado, eis que surge o vilao Messala, desta vez com legendas em espanhol. E o mesmo rolou agora aqui em Vancouver, no meio da semana, no canal de filmes classicos, bem no momento em que o heroi deixa de ser escravo para se tornar o protegido de um romano.

Comentários

André disse…
Caralho, como pode um filme te perseguir assim...
MArkus KOuTO disse…
Fala Fernandão, quando puder dê uma olhada neste link:


http://noticias.uol.com.br/politica/escandalos-congresso-nacional-2009.jhtm


É apenas para matar as saudades do nosso querido país.

Valeu!

Postagens mais visitadas deste blog

I Was Born Ten Thousand Years Ago

E eis que de repente leio o seguinte parágrafo hoje no ônibus, na biografia de Paulo Coelho escrita por Fernando Morais: “Em dezembro de 1976 a Philips colocou nas ruas o quinto LP de Paulo com Raul, Há Dez Mil Anos Atrás [...]. A canção que dava nome ao álbum tinha duas peculiaridades: uma redundância no título e o fato de ser a tradução adaptada de I Was Born Ten Thousand Years Ago , conhecida canção tradicional americana de domínio público que tinha várias versões, a mais famosa delas gravada por Elvis Presley quatro anos antes”. Foram longos minutos até chegar ao trabalho e procurar no YouTube a versão original da música. E bateu uma certa sensação de ignorância por gostar de ambos (Elvis e Raul) e não saber que a longa letra é uma adaptação/tradução/homenagem. Sem mais delongas, seguem abaixo o vídeo e a letra original, com a ressalva de que há mais de uma versão para I Was Born Ten Thousand Years Ago : I WAS BORN ABOUT TEN THOUSAND YEARS AGO (Traditional - Adapted by Elvis Presl

A grandeza de Nelson Ned

Um belo dia, em um programa de televisão (“Conexão Internacional”, da extinta Rede Manchete), Chico Buarque enviou uma pergunta para Gabriel García Márquez: “As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?”. Com elegância e sem vergonha de suas preferências, o escritor colombiano respondeu: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”. Pela terceira vez (haverá ainda um quarto texto), recorro a “Eu não sou cachorro, não”, livro de Paulo César Araújo para relatar causos de nossa cultura popular. Pouco antes da resposta de Gabo a Chico, fico sabendo ainda que o Nobel de Literatura escreveu “Crônica de uma morte anunciada” ao som de canções como “Tudo passará”, do grande pequeno cantor brasileiro, cuja obra em geral é relegada aos rótulos de “cafona” e “brega” de nossa discografia. Nelson Ned é figura

"Vesti azul.... minha sorte então mudou"

A primeira vez que ouvi falar em Wilson Simonal foi no colégio - se não me engano, numa aula da Tia Idair, na quarta série. Por algum motivo, ela havia citado "Meu limão, meu limoeiro" e ninguém da classe sabia do que se tratava. Estupefata, ela cantarolou "... uma vez skindô lelê, outra vez skindô lalá" e tentou fazer algo no estilo que o "rei da pilantragem" costumamava aprontar com suas plateias . E deu certo. Dia desses fui ver "Simonal - Ninguém sabe o duro que eu dei", documentário muito bem feito sobre a carreira do sensacional cantor, com ênfase, claro, na eterna dúvida que o cercou desde os anos 70 até sua morte, em 2000: Simonal foi um dedo-duro dos militares durante a ditadura ou não? Pra quem não sabe do que se trata, um resumo curto e grosso: Simonal competia com Robertão na virada dos 60 para os 70 como o cantor mais popular do Brasil. Um belo dia, seu nome aparece nos jornais como delator de companheiros de profissão, alguém a serv