Pular para o conteúdo principal

Vancouver, primeira semana

Apos exatos sete dias apos chegar em Vancouver, ja passava da hora de escrever algo pro blog sobre as primeiras impressoes sobre o Canada e a cidade. A falta de acentos eh uma droga, mas sinto muito. Os comentarios dessa semana vao em pequenas doses, conforme eu for lembrando das coisas interessantes que vi por aqui ate agora. Em breve, umas fotos.

Antes de Vancouver, Dallas

Escala, quatro horas no gigantesco aeroporto texano. Os homens dos balcoes de informacao se vestem como xerifes, usando aqueles chapeloes tipicos e com o sotaque engracado dos westerns. Tiro um cochilo perto do portao de embarque. De repente, ouco um puta grito: "You're the men!!!", seguido por uma salva de palmas de pelo menos uns cinco minutos. Alguns senhores choram. O homem que gritou eh o mais empolgado e tem uma foto em maos. Sem entender o que esta acontecendo e ainda meio sonolento, soh vou entender quando me levanto e olho pra cima. Eram centenas (uns 200pelo menos) de soldados americanos voltando do Iraque. Chego perto do cara com a foto nas maos e tenho dificuldade pra entender o que ele fala, mas ao ver a tal foto, entendo tudo: seu filho morreu, mas ele veio recepcionar os amigos que puderam voltar pra casa.

Temperatura

O clima em Vancouver foi bem mais tranquilo de encarar do que imaginei. Ao longo dessa semana a temperatura variou entre 3 e 8 graus. OK, eh frio pra caramba, mas depois de umas horas da pra levar na boa. Pela previsao do tempo, soh depois do dia 20, ja na primavera, os termometros devem marcar mais de 10 graus.

Comida

Meu amigo Makoto iria adorar os habitos culinarios daqui. Comedor de pimenta nato, o japa se esbaldaria nos lanches, sopas e alguns molhos que boa parte dos moradores da cidade gostam. Na casa onde estou, cuja dona veio de Fiji ha 33 anos, "spicies food" sao comuns, mas ela tem dado uma maneirada nos meus pratos. Mas outro dia, num pub, pedi um lanche de frango cujo molho era absurdamente picante. Fora isso, Vancouver lembra muito Sao Paulo no que diz respeito `a variedade de restaurantes. Andando pelo centro (Downtown) ou nas pracas de alimentacao dos shoppings, nao eh dificil achar comida tailandesa, mexicana, arabe ou chinesa.

Transporte publico e transito

Ja ao andar pela primeira vez no SkyTrain (um tipo de metro de superficie, um Fura Fila que deu certo), quem me veio `a cabeca foi o amigo Carlos Boroski, especialista recente em assuntos de transporte publico. Em Vancouver, o SkyTrain liga o centro `a praticamente todos os cantos da periferia. No meu caso, a casa onde estou fica na zona leste. Ando duas quadras, pego um onibus, vou ate uma das estacaoes do SkyTrain e caio no centro, bem ao lado da escola. Por ser horario de pico, gasto cerca de 35 minutos.

Logo no primeiro dia, comprei um tipo de passe que vale para o mes todo. Ele custa 73 dolares. Se eu fosse pagar por cada conducao, meu gasto de cerca de 8 dolares por dia. O curioso eh o comportamento correto dos cidados. Ao longo desta semana, apenas uma vez, ao entrar em uma das estacoes do SkyTrain, algum guarda perguntou por meu cartao. Em todas as outras viagens teria sido possivel usufruir do transporte sem pagar nada. A punicao eh pesada pra quem eh pego em flagrante sem pagar pelo transporte. Em caso de reincidencia, pode resultar em cadeia, pelo que ouvi por aqui.

Vi pouco transito no centro da cidade, assim como ouvi poucas buzinas. O comportamento dos pedestres chega a ser engracado, tamanho eh o respeito pelas sinalizacoes. Atravessar fora da faixa eh algo extremamente mal visto.

Bicicletas, patins e skates sao muito comuns, mesmo em grandes avenidas. Os onibus chegam a ter dois "porta-bicicletas" junto ao para-choque.

Diversidade

A variedade de rostos e etnias diferentes em Vancouver eh algo muito bacana. Chineses predominam - a Chinatown da cidade eh a segunda maior da America do Norte, menor apenas que a de Sao Francisco. Indianos e latino-americanos tambem sao vistos por toda a parte.


Jogos de Inverno

Vancouver sera a sede dos Jogos Olimpicos de Inverno no comeco do ano que vem. Por toda a parte da cidade so se fala disso, desde o aeroporto ate nos banheiros dos bares. Souveniers em lojas, promocoes em postos de gasolina, atletas famosos convocando voluntarios. Em tempos de crise, a economia da cidade agradece.

Comentários

Cris Morgato disse…
Bom, aqui em NZ é verão, mas algumas coisas temos em comuns, como o número gigantesco de chineses e a comida apimentada de Fiji (minha chefe é de lá, rs). Parabéns pela viagem, Fer!! Tenho certeza que será uma experiência incrível! Beijos, Cris
Fernando Pedroso disse…
Legal, Xará! Vai contando a vida aí e continue acompanhando o Tricolor. Só ignore o jogo de ontem.
Ygor Moretti disse…
Cara ta muito bom isso, sacadas rápidas mas de grande significancia, tá muito bom mesmo, espero por mais posts. Ah e o futebol por ai como é? alais É??? rssss existe????

Postagens mais visitadas deste blog

Bismarck, unificação e as consequências da industrialização alemã

É impossível afirmar que um evento com a magnitude da Primeira Guerra Mundial tenha ocorrido por conta de um fenômeno isolado – são vários os elementos envolvidos. No entanto, para muitos historiadores e analistas, o papel geopolítico desempenhado pela Alemanha no final do século 19 foi um fator preponderante para o início do conflito. Este trabalho pretende analisar, pelo viés do desenvolvimento econômico da Alemanha, de que maneira um país unificado somente em 1871 pôde se transformar, em pouco mais de quatro décadas, em uma nação de primeira grandeza – a ponto de ser um dos protagonistas da Primeira Guerra. Que elementos – externos e internos – contribuíram para essa ascensão? Até que ponto é correto responsabilizar os alemães pelo estopim do conflito que viria a tirar as vidas de 19 milhões de pessoas? De 1789 a 1848 – anos cercados por revoluções Uma geração inteira, tanto na França quanto nos estados germânicos, cresceu sob o impacto direto das consequências da Revolução Francesa...

I Was Born Ten Thousand Years Ago

E eis que de repente leio o seguinte parágrafo hoje no ônibus, na biografia de Paulo Coelho escrita por Fernando Morais: “Em dezembro de 1976 a Philips colocou nas ruas o quinto LP de Paulo com Raul, Há Dez Mil Anos Atrás [...]. A canção que dava nome ao álbum tinha duas peculiaridades: uma redundância no título e o fato de ser a tradução adaptada de I Was Born Ten Thousand Years Ago , conhecida canção tradicional americana de domínio público que tinha várias versões, a mais famosa delas gravada por Elvis Presley quatro anos antes”. Foram longos minutos até chegar ao trabalho e procurar no YouTube a versão original da música. E bateu uma certa sensação de ignorância por gostar de ambos (Elvis e Raul) e não saber que a longa letra é uma adaptação/tradução/homenagem. Sem mais delongas, seguem abaixo o vídeo e a letra original, com a ressalva de que há mais de uma versão para I Was Born Ten Thousand Years Ago : I WAS BORN ABOUT TEN THOUSAND YEARS AGO (Traditional - Adapted by Elvis Presl...

A grandeza de Nelson Ned

Um belo dia, em um programa de televisão (“Conexão Internacional”, da extinta Rede Manchete), Chico Buarque enviou uma pergunta para Gabriel García Márquez: “As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?”. Com elegância e sem vergonha de suas preferências, o escritor colombiano respondeu: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”. Pela terceira vez (haverá ainda um quarto texto), recorro a “Eu não sou cachorro, não”, livro de Paulo César Araújo para relatar causos de nossa cultura popular. Pouco antes da resposta de Gabo a Chico, fico sabendo ainda que o Nobel de Literatura escreveu “Crônica de uma morte anunciada” ao som de canções como “Tudo passará”, do grande pequeno cantor brasileiro, cuja obra em geral é relegada aos rótulos de “cafona” e “brega” de nossa discografia. Nelson Ned é figura...