
Ele está no Brasil pela primeira vez e falou um pouco de seu trabalho numa entrevista bacana para o Guia da Folha. Saúde:
Dos milhares de bares que o sr. já visitou ao longo de seu trabalho, quais foram os mais curiosos?
Em 25 anos como mestre-cervejeiro da Guinness, já visitei mais de 10 mil pubs em mais de 150 países. Alguns dos mais interessantes, em termos de diferença de culturas, visitei em Cingapura e em Hong Kong.
O que o sr. acha dos bares paulistanos? As cervejas são servidas de maneira apropriada?
Gostei muito dos bares que visitei aqui em São Paulo. Visitei alguns pubs para avaliar o "perfect serve" da Guinness e o ambiente, além de alguns bares do estilo "boteco". Os donos dos bares são simpáticos e rigorosos com o bom serviço. Os pints [copos apropriados para servir a cerveja] de Guinness que provei nesses locais foram muito bem tirados. Fiquei impressionado com o clima descontraído e a receptividade que tive dos proprietários.
Em sua opinião, as cervejas produzidas no Brasil têm boa qualidade?
É difícil dizer, não provei muitas, mas ouvi dizer que existem muitas cervejarias de estilo artesanal que estão fazendo um bom trabalho. Há uma tendência mundial de busca de cervejas diferenciadas por parte do consumidor, com mais qualidade e sabor, e isso também parece acontecer no Brasil.
Qual é a importância dos copos no caso das bebidas Guinness?
A aparência de uma bebida é muitíssimo importante. O paladar fica ainda mais aguçado quando a visão é estimulada. Os copos especiais de Guinness, Harp e Kilkenny servem principalmente para isso. Eles são feitos para caber a quantidade inteira da cerveja, para que ela seja colocada de uma só vez no copo e o consumidor possa começar a tomá-la também "com os olhos". Especialmente no caso da Guinness, o formato mais largo do copo é o ideal para ver a cascata que se forma quando ela é servida no pint, até assentar, formar o colarinho e estar pronta para a degustação.
Há uma bolinha dentro das latas de Guinness. Por quê?
Trata-se de uma cápsula propulsora de nitrogênio que, misturada ao gás carbônico, mantém o sabor da bebida. Essa cápsula também tem a função de compactar as bolinhas de gás da cerveja, levando todo o gás para o colarinho, tornando-o denso e cremoso. A cápsula de nitrogênio libera o gás no momento em que a lata é aberta. Por isso, aconselha-se que o consumo de Guinness não seja feito diretamente na lata, mas colocando toda a bebida em um pint. Assim, consegue-se o mesmo efeito visual e a qualidade de um chope Guinness.
A marca investe em novos rótulos para conquistar o paladar de consumidores que gostam de cervejas diferenciadas. Essa estratégia vai continuar? Existem novos lançamentos em vista?
Recentemente, lançamos no Brasil duas cervejas produzidas pela Guinness na Irlanda: a premiada irish lager Harp e a cremosa irish red ale Kilkenny. Essas marcas já existem há muito tempo na Irlanda e em diversas partes do mundo, sendo cervejas já muito apreciadas pelos consumidores. Os brasileiros estão começando a se interessar por cervejas especiais, premium, que se degustam. Harp e Kilkenny foram lançadas para, com a Guinness stout, oferecer ao consumidor três produtos bem distintos e com a qualidade Guinness. No Brasil, as três cervejas juntas formam o "clã Guinness".
Há planos de lançamento de cerveja sem álcool, com o crescente rigor das leis de trânsito ao redor do mundo?
Atuamos muito fortemente na propagação do consumo responsável de bebidas alcoólicas. Acreditamos que a conscientização e a educação das pessoas sobre o assunto é a principal solução para os problemas que estamos tendo com o consumo inadequado. No momento, trabalhamos mais nessa conscientização do que na criação de uma cervejasem álcool.
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