Sem mais delongas, transcrevo por aqui um trecho legal demais da entrevista concedida por Lygia Fagundes Telles ao jornalista e escritor José Castello, publicada na edição de sexta-feira (15 de março) do “Valor Econômico”:
"Um dia, Vinicius me perguntou: 'Não quer ter um caso comigo?'" Áspera, ela lhe respondeu: "Não sou uma mulher de ter casos, Vinicius". Mas o poeta era um homem insistente: "Então você casa comigo?" Lygia não o perdoou: "Mas você é um homem casado, Vinicius!" Abre, então, um vasto sorriso para rememorar a cartada final do poeta: "Nesse caso, descaso", lhe disse Vinicius. Ela sentiu então que, apesar das fantasias de amor a que o poeta se agarrava, havia no convite uma ponta de verdade. Que ponta? Anos depois, Vinicius já morto, Lygia se encontrou, por acaso, com uma de suas irmãs. Soube, então, que, quando estava grávida, a pianista amadora Lídia, mãe do poeta, leu o "Quo Vadis", de Henryk Sienkiewicz. Relato em que os dois protagonistas se chamam, justamente, Vinicius e Lygia. Se fosse menina, o bebê se chamaria Lygia - Lidia e o marido Clodoaldo decidiram. Nasceu menino e se tornou Vinicius de Moraes.
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