Pular para o conteúdo principal

A geração "joão bobo" do futebol

Nas últimas semanas, diversos jogadores do futebol brasileiro deram a contribuição que faltava para ratificar a falta de personalidade da atual geração de boleiros. Já reparou quantos deles comemoraram gols ao estilo "joão bobo", a pedido da Globo? Que coisa patética!

A Globo até rebatizou o simpático boneco, chamando-o agora de "João Sorrisão". Cada um faz o que quer da vida, mas que falta fazem caras de mais personalidade no futebol. E isso obviamente não se limita apenas às comemorações.

Poucas coisas são mais chatas do que acompanhar as entrevistas de 90% dos boleiros. Orientada por seus assessores, a atual geração é incapaz de fugir das respostas óbvias, mesmo quando as perguntas não são tão toscas.

Ronaldinho Gaúcho é o sujeito que personifica a retidão diante do microfone. Ao se aposentar, deveria até virar media training, tamanha sua capacidade de dar respostas protocolares, mesmo quando o mundo está caindo ao seu redor. Lucas, do São Paulo, e até mesmo o "rebelde" Neymar vão pelo mesmo caminho. Reparem em sua conversinha mole a cada vez que o Tricolor, o Peixe ou a seleção brasileira leva um nabo...

Comemorações encomendadas por quaisquer emissoras de TV só reforçam a falta de atitude da atual geração. Os caras deveriam inventar um novo soco no ar, como Pelé, um novo salto esguio como o de Raí, uma outra deslizada na grama ao estilo Neto ou até mesmo a discreta e elegante postura de Sócrates. Podemos até criar uma safra nova de craques, mas vai ser difícil achar algum que realmente vire ídolo de uma geração.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

I Was Born Ten Thousand Years Ago

E eis que de repente leio o seguinte parágrafo hoje no ônibus, na biografia de Paulo Coelho escrita por Fernando Morais: “Em dezembro de 1976 a Philips colocou nas ruas o quinto LP de Paulo com Raul, Há Dez Mil Anos Atrás [...]. A canção que dava nome ao álbum tinha duas peculiaridades: uma redundância no título e o fato de ser a tradução adaptada de I Was Born Ten Thousand Years Ago , conhecida canção tradicional americana de domínio público que tinha várias versões, a mais famosa delas gravada por Elvis Presley quatro anos antes”. Foram longos minutos até chegar ao trabalho e procurar no YouTube a versão original da música. E bateu uma certa sensação de ignorância por gostar de ambos (Elvis e Raul) e não saber que a longa letra é uma adaptação/tradução/homenagem. Sem mais delongas, seguem abaixo o vídeo e a letra original, com a ressalva de que há mais de uma versão para I Was Born Ten Thousand Years Ago : I WAS BORN ABOUT TEN THOUSAND YEARS AGO (Traditional - Adapted by Elvis Presl...

Bismarck, unificação e as consequências da industrialização alemã

É impossível afirmar que um evento com a magnitude da Primeira Guerra Mundial tenha ocorrido por conta de um fenômeno isolado – são vários os elementos envolvidos. No entanto, para muitos historiadores e analistas, o papel geopolítico desempenhado pela Alemanha no final do século 19 foi um fator preponderante para o início do conflito. Este trabalho pretende analisar, pelo viés do desenvolvimento econômico da Alemanha, de que maneira um país unificado somente em 1871 pôde se transformar, em pouco mais de quatro décadas, em uma nação de primeira grandeza – a ponto de ser um dos protagonistas da Primeira Guerra. Que elementos – externos e internos – contribuíram para essa ascensão? Até que ponto é correto responsabilizar os alemães pelo estopim do conflito que viria a tirar as vidas de 19 milhões de pessoas? De 1789 a 1848 – anos cercados por revoluções Uma geração inteira, tanto na França quanto nos estados germânicos, cresceu sob o impacto direto das consequências da Revolução Francesa...

A grandeza de Nelson Ned

Um belo dia, em um programa de televisão (“Conexão Internacional”, da extinta Rede Manchete), Chico Buarque enviou uma pergunta para Gabriel García Márquez: “As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?”. Com elegância e sem vergonha de suas preferências, o escritor colombiano respondeu: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”. Pela terceira vez (haverá ainda um quarto texto), recorro a “Eu não sou cachorro, não”, livro de Paulo César Araújo para relatar causos de nossa cultura popular. Pouco antes da resposta de Gabo a Chico, fico sabendo ainda que o Nobel de Literatura escreveu “Crônica de uma morte anunciada” ao som de canções como “Tudo passará”, do grande pequeno cantor brasileiro, cuja obra em geral é relegada aos rótulos de “cafona” e “brega” de nossa discografia. Nelson Ned é figura...