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Chico Buarque e José Rodrigues da Graça Melo

Alguns entendidos dizem que não existiria Chico Buarque sem Noel Rosa e Tom Jobim. Concordo com ressalvas, mas é sempre um tema pra uma boa prosa sobre música. Dito isso e lembrando um velho problema de lógica, digo que não existiria o artista criador de Carolina, Januária, Cecília, Angélica e outras famosas sem a existência de José Rodrigues da Graça Melo.

Quem? Ora, o grande José Rodrigues da Graça Melo, médico de profissão, mas talvez um tipo de anjo enviado pelos deuses tocadores de harpa. OK, até três dias atrás eu nunca ouvira falar a respeito desse sujeito. Mas trata-se de um cara BEM importante.

Seu nome está nas páginas iniciais da biografia de Tom Jobim, escrita por Sergio Cabral. Em 25 de janeiro de 1927 um dos autores de “Desafinado” veio ao mundo pelas mãos de José Rodrigues da Graça Melo. Um punhado de anos pra trás, em 11 de dezembro de 1910, ele fazia o mesmo com o futuro Poeta da Vila.

“Não há qualquer outro nome na medicina que tenha contribuído tanto para a nossa música popular quanto José Rodrigues da Graça Melo”, escreve Sergio Cabral. Perfeito, assino embaixo - e imagino que Chico também.

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