Hoje faz exatamente um ano que voltei da América do Norte, depois de alguns meses absolutamente fantásticos. É antigo o chavão de viagens que mudam uma pessoa, mas não acho que isso tenha ocorrido – nem pro bem e nem pro mal. Experiências como essas devem ser simplesmente usufruídas, sem a necessidade de significar qualquer ruptura ou uma nova fase, como se tornou usual dizer.
Tem chovido pouco em São Paulo nos últimos meses. No entanto, sempre que isso ocorre, Vancouver vem à cabeça imediatamente. O frio paulistano, por sua vez, às vezes consegue ser mais cortante do que o canadense ou o estadunidense, mesmo quando a temperatura por aqui está acima dos 10º – certos fenômenos eu simplesmente não tenho a capacidade de comprender...
Sinto falta do Stanley Park, em Vancouver. Sinto falta das pizzas toscas de US$ 1,50 a fatia e do chocolate quente do Tim Hortons. Sinto saudade de alguns amigos que fiz por lá e não entendo como companhias tão importantes de repente desaparecem. Não sinto tanta falta dos porres de vodka, mas das risadas que eles proporcionavam. Sinto falta das infindáveis caminhadas solitárias e sem rumo, cujo resultado final era sempre me ver perdido em alguma rua estranha, pra então ser obrigado a pedir informação e iniciar uma nova conversa.
Sinto falta de não ter pressa para fazer as coisas – o canadense, especialmente em Pender Island, pouco olhava para o relógio, mesmo no trabalho. Sinto falta do transporte público excelente, da limpeza das ruas, do ar puro das ilhotas à oeste de Vancouver, do futebol semanal (Brasil x Marrocos) e até mesmo das aulas de inglês, motivo inicial da viagem, relegado a terceiro ou quarto plano no decorrer dos meses.
Sinto falta de ouvir diferentes sotaques e de ajustar o ouvido e a língua para cada diferente interlocutor. Adorava, quando caminhava sozinho, ligar uma espécie de antena auricular e ficar captando as conversas alheias nos metrôs, nos ônibus, nas filas... e como era engraçado flagrar brasileiros conversando em português, ingênuos por acharem que poderiam conversar sobre o que bem quisessem ser serem compreendidos – doce ilusão!
Por outro lado, é difícil imaginar até quando a vida de trabalho tosco + esportes + festinhas + estudar inglês + viajar sem rumo poderia durar. Acho que se eu tivesse ficado mais uns três meses por lá, talvez esse sentimento nostálgico não existiria.
No final das contas, ter decidido voltar acabou sendo de fato a melhor opção. Por uma ou duas vezes devo ter cogitado ficar de vez por lá, mas isso nunca passou de devaneio irresponsável, que se esvaía em menos de cinco minutos. E é realmente incrível como o mundo é repleto de chavões mesmo, alguns deles odiáveis: um ano passa rápido pra cacete, num piscar de olhos quase instantâneo, num acúmulo de fatos que às vezes passam sem a importância de vida.
Que venham mais chavões...
Tem chovido pouco em São Paulo nos últimos meses. No entanto, sempre que isso ocorre, Vancouver vem à cabeça imediatamente. O frio paulistano, por sua vez, às vezes consegue ser mais cortante do que o canadense ou o estadunidense, mesmo quando a temperatura por aqui está acima dos 10º – certos fenômenos eu simplesmente não tenho a capacidade de comprender...
Sinto falta do Stanley Park, em Vancouver. Sinto falta das pizzas toscas de US$ 1,50 a fatia e do chocolate quente do Tim Hortons. Sinto saudade de alguns amigos que fiz por lá e não entendo como companhias tão importantes de repente desaparecem. Não sinto tanta falta dos porres de vodka, mas das risadas que eles proporcionavam. Sinto falta das infindáveis caminhadas solitárias e sem rumo, cujo resultado final era sempre me ver perdido em alguma rua estranha, pra então ser obrigado a pedir informação e iniciar uma nova conversa.
Sinto falta de não ter pressa para fazer as coisas – o canadense, especialmente em Pender Island, pouco olhava para o relógio, mesmo no trabalho. Sinto falta do transporte público excelente, da limpeza das ruas, do ar puro das ilhotas à oeste de Vancouver, do futebol semanal (Brasil x Marrocos) e até mesmo das aulas de inglês, motivo inicial da viagem, relegado a terceiro ou quarto plano no decorrer dos meses.
Sinto falta de ouvir diferentes sotaques e de ajustar o ouvido e a língua para cada diferente interlocutor. Adorava, quando caminhava sozinho, ligar uma espécie de antena auricular e ficar captando as conversas alheias nos metrôs, nos ônibus, nas filas... e como era engraçado flagrar brasileiros conversando em português, ingênuos por acharem que poderiam conversar sobre o que bem quisessem ser serem compreendidos – doce ilusão!
Por outro lado, é difícil imaginar até quando a vida de trabalho tosco + esportes + festinhas + estudar inglês + viajar sem rumo poderia durar. Acho que se eu tivesse ficado mais uns três meses por lá, talvez esse sentimento nostálgico não existiria.
No final das contas, ter decidido voltar acabou sendo de fato a melhor opção. Por uma ou duas vezes devo ter cogitado ficar de vez por lá, mas isso nunca passou de devaneio irresponsável, que se esvaía em menos de cinco minutos. E é realmente incrível como o mundo é repleto de chavões mesmo, alguns deles odiáveis: um ano passa rápido pra cacete, num piscar de olhos quase instantâneo, num acúmulo de fatos que às vezes passam sem a importância de vida.
Que venham mais chavões...
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